“Nunca é triste um corpo que fala eu te amo”, de Carlos Gomes Oliveira, abraça a complexidade do amor

carlos gomes oliveira por nathalia tenorio 8
Foto: Nathalia Tenório/Divulgação.

Nunca é triste um corpo que fala eu te amo
Carlos Gomes Oliveira
Edições Flecha, 2024.


Em Nunca é Triste um Corpo que Fala Eu Te Amo, Carlos Gomes Oliveira nos conduz por uma experiência poética que se configura como uma travessia profunda e intrincada pelas complexidades do amor e suas inúmeras manifestações. A obra, composta por poemas escritos entre os anos de 2022 e 2023, constrói um universo lírico onde a suavidade da linguagem e a densidade dos sentimentos coexistem, criando uma atmosfera sensível e, ao mesmo tempo, de uma inquietante intensidade emocional. O título, por si só, já antecipa a tentativa de traduzir o que é inexprimível: a força do amor que, em sua essência, transcende a tristeza.

A poesia de Oliveira se apresenta como um labirinto de sentimentos e pensamentos, cujas palavras se entrelaçam com uma delicadeza quase visceral. A experiência exige do leitor um abandono deliberado das certezas e uma disposição para se perder nas profundezas da escrita. Cada poema provoca uma tensão entre o que é dito e o que é não dito, entre o desejo e a dor, a busca e o encontro.

O caráter se estende à profundidade existencial que ele procura evocar. Ao invés de oferecer uma visão maniqueísta ou idealizada do amor, a poesia se insinua no território das ambiguidades, apresentando o sentimento como algo que não pode ser reduzido a um mero jogo de opostos. O amor, nas páginas de Oliveira, é simultaneamente libertador e aprisionante, delicado e feroz, capaz de proporcionar tanto a exaltação quanto a destruição. Nesse sentido, o autor não se furta a expor a dor inerente ao desejo, à fragilidade do ser humano que ama.

Esta complexidade é, ao mesmo tempo, a força do livro. A obra é ainda enriquecida pela colaboração de Clara Nogueira, cuja contribuição visual se insere com sensibilidade, complementando o texto com uma dimensão imagética que reforça as tensões e sutilezas presentes na poesia.

Nunca é Triste um Corpo que Fala Eu Te Amo é uma obra que desafia e seduz ao mesmo tempo, convidando o leitor a um confronto consigo mesmo, com suas fragilidades, seus amores e suas perdas. Com suas palavras, cria um espaço para que cada um possa buscar, em si mesmo, o verdadeiro significado do amor — um significado que nunca será definitivo, mas sempre em movimento.

Compre: Site do autor.

Leia mais críticas