52: Editorial

PRECONCEITO POSITIVO

Sempre que um artista beira a unanimidade chega alguma entidade ou ONG e tenta cortar as asinhas. Quando são artistas de massa isso acontece com mais discrição ou mesmo as possíveis “ofensas” são simplesmente ignoradas. E aí poderíamos elencar o porquê que a Associação de Pessoas Sem Automóveis, se é que isso existe, nunca processou Ivete Sangalo por proferir o refrão “quer andar de carro velho amor, então venha, pois andar a pé amor, é lenha”. Ou então por quê nenhuma igreja hinduísta ou budista caiu em cima de Rosana quando ela fez sucesso com ” Como uma deusaaaaaaaaa”. E por aí vai…

Mas fato é que, quando o artista é de grandeza menor e começa a ganhar os holofotes com letras mais provocativas a coisa é outra. E esse está sendo o caso de João do Morro. Musicista da periferia recifense que O Grito! tem o prazer e orgulho de dizer que o apresentou à classe média. Bem, ele será processado pela ONG Leões do Norte, que defende os interesses gays, por conta da letra da música “Papa-Frango”. Nada contra a causa gay, muito pelo contrário. Mas quando se trata de uma leve brincadeira que é encarada por boa parte dos homossexuais como pura diversão, por quê cair em cima? Bem, O Grito respeita a posição da ONG, mas também entende o lado do compositor.

Que iniciativas com as mantidas pela Leões do Norte continue de maneira firme e enérgica já que, no Brasil, e mais especificamente em Pernambuco, a homossexualidade ainda é vista como uma distorção a ser corrigida seja por meio de reza, seja por meio de pauladas. E isso é inaceitável. Repito: INACEITÁVEL. Mas, que do mesmo modo músicas como as de João do Morro pululem em todos os espaços, pois mesmo que tenha um tom discriminatório, auxiliam a fazer com que gays sejam aceitos de uma melhor forma. É o famoso preconceito positivo.

E nesta edição o leitor confere um especial sobre Zé do Caixão, a crítica do novo disco do Teatro Mágico e mais uma série de produtos culturais que entraram na cena dia desses. Fica a dica!

Boa leitura!

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