Morre Gloria Maria, um dos principais nomes do jornalismo no Brasil

A jornalista fez reportagens históricas ao longo da carreira e lutava contra um câncer no cérebro

Foto: Estevam Avellar/TV Globo/Divulgação.

A jornalista Gloria Maria morreu nesta manhã de quinta (2), no Rio de Janeiro. Ela lutava contra um câncer diagnosticado em 2019. A informação foi dada pelo Grupo Globo.

Gloria Maria estava afastada da programação da Globo desde dezembro. Em janeiro, ela foi internada no Rio de Janeiro para tratar uma metástase no cérebro.

“A jornalista Gloria Maria morreu essa manhã. Em 2019, Gloria foi diagnosticada com um câncer de pulmão, tratado com sucesso com imunoterapia, e metástase no cérebro, tratada cirurgicamente, incialmente também com êxito”, disse o comunicado oficial do Grupo Globo. “Em meados do ano passado, a jornalista iniciou uma nova fase do tratamento para combater novas metástases cerebrais que, infelizmente, deixou de fazer efeito nos últimos dias. Glória marcou a sua carreira como uma das mais talentosas profissionais do jornalismo brasileiro, deixando um legado de realizações, exemplos e pioneirismos para a Globo e seus profissionais. Glória deixa duas filhas, Laura e Maria”.

Ícone do jornalismo

Gloria Maria foi um dos nomes mais importantes do jornalismo brasileiro e também da TV. Ela foi pioneira em transmissões ao vivo, em alta definição, na cobetura internacional, nas reportagens de cultura e imprimiu um tom muito particular em seu texto para a TV, que segue sendo bastante influente não só na Globo, mas em outras emissoras.

Foi uma das primeiras jornalistas negras de TV a ganhar destaque nacional e figurou como uma das maiores personalidades da história do jornalismo no Brasil. Em 1977, ela se tornou a primeira repórter a entrar ao vivo e em cores no Jornal Nacional. Era uma matéria sobre a saída de carros do Rio de Janeiro durante o final de semana. Décadas depois, ela foi novamente convocada para mais um marco: tornou-se, em 2007, a primeira profissional a fazer uma transmissão em HD na TV brasileira. A reportagem foi exibida no Fantástico e falava da festa do pequi, fruta adorada pelos Kamaiurás, no Alto Xingu.

Como repórter, Glória conheceu mais de 100 países e protagonizou momentos históricos, como a posse de Jimmy Carter, em Washington, a Guerra das Malvinas (1982), a invasao da embaixada brasileira no Peru por um grupo terrorista (1996), os Jogos Olímpicos de Atlanta (1996) e a Copa do Mundo da França (1998). Entre os países que visitou estão Índia, Jamaica, China, Malásia e Nigéria, onde inclusive atuou como voluntária.

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Glória Maria fez história em coberturas para o Jornal Nacional. (Foto: Acervo/Globo.)

Carreira

Gloria Maria Matta da Silva nasceu no Rio de Janeiro. Filha do alfaiate Cosme Braga da Silva e da dona de casa Edna Alves Matta, ela sempre se destacou nos estudos e ganhou diversos concursos de redação no período escolar. Fez faculdade de jornalismo na PUC-Rio e conciliou os estudos com o trabalho de telefonista na Embratel.

Nos anos 1970, foi levada por uma amiga a fazer radioescuta na Globo do Rio de Janeiro. A função, hoje praticamente extinta no jornalismo, consistia em ouvir frequências de rádio da polícia e fazer rondas ao telefone ligando para batalhões e delegacias. A estreia como repórter aconteceu em 1971, na cobertura do desabamento do Elevado Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro.

Em seguida, Glória Maria trabalhou no Jornal Hoje, no RJTV, no Bom Dia Rio e no Jornal Nacional. A partir de 1986, passou a integrar a equipe do Fantástico, onde se tornou apresentadora de 1998 a 2007. Nos últimos anos, apresentava o Globo Repórter, ao lado de Sandra Annenberg. [Com informações do G1, Memória Globo e TV Globo]

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