A 78ª edição do Festival de Cannes, que acontece em maio, contará com a presença de uma coprodução brasileira na mostra Un Certain Regard. Trata-se do longa O Riso e a Faca (I Only Rest In The Storm), dirigido pelo português Pedro Pinho e realizado por meio de uma parceria entre Portugal, Brasil, Romênia e França.
O filme tem produção brasileira assinada por Tatiana Leite, da Bubbles Project, e será distribuído no Brasil pela Vitrine Filmes. Com filmagens realizadas na Guiné-Bissau e no deserto da Mauritânia entre 2022 e 2024, o projeto envolveu uma equipe técnica multicultural, reunindo profissionais de diferentes países e destacando a forte participação brasileira, com 31 integrantes atuando em áreas como roteiro, fotografia, montagem, som e produção.
A trama acompanha o engenheiro ambiental Sérgio, que se muda para uma metrópole na África Ocidental para integrar um projeto de construção de estrada entre o deserto e a selva. Na cidade, ele desenvolve uma relação íntima com dois moradores locais, Diára e Gui. O personagem Gui é interpretado pelo brasileiro Jonathan Guilherme, ex-jogador de vôlei e poeta, que vive atualmente em Barcelona.

Além de Jonathan, o elenco conta com o antropólogo Renato Sztutman, que participa do longa interpretando a si mesmo. Entre os profissionais brasileiros envolvidos na produção estão o diretor de fotografia Ivo Lopes Araújo, a montadora Karen Akerman e o editor de som Pablo Lamar. Também integram a equipe nomes como Rodrigo Letier (produtor associado), Eduardo Nasser (direção de produção), Stella Rainer, Wanessa Malta, Victor Hugo Pancaldi e Amina Nogueira.
Tatiana Leite relatou o impacto do projeto em sua trajetória profissional: “Eu já era fã do filme anterior do Pedro, A Fábrica do Nada, e o argumento de O Riso e a Faca me tocou profundamente. Sabia que seria uma jornada desafiadora: pela relevância política, pela delicadeza do tema e por expor feridas abertas da colonização. O processo foi ainda mais intenso do que imaginei.”
A produtora também comentou sobre o contexto da filmagem e os desafios enfrentados pela equipe: “Filmamos por quatro meses em película na Guiné-Bissau e Mauritânia, atravessamos a pandemia e seguimos juntos, com uma equipe incrível de portugueses, brasileiros, africanos, franceses e romenos. Amo ouvir cada personagem revelar as agruras do mundo onde estão emergidos, ao mesmo tempo que buscam completar suas próprias jornadas enquanto indivíduos.”
“Mal posso esperar para mostrar o filme ao público brasileiro”, concluiu Tatiana.