Crítica: Sem Escalas, de Jaume Collet-Serra

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Lupita Nyong'o faz ponta de luxo no filme (Divulgação/Paris Filmes)
Foto: Divulgação/Paris Filmes.
Foto: Divulgação/Paris Filmes.

Sem Escalas explora nova faceta de Liam Neeson como herói de ação

Autores parecem não querer ter muito trabalho quando pensam uma produção de ação para Liam Neeson. Ele estará nervoso, enfrentando fantasmas pessoas – em geral há uma alma frágil e inocente pela qual sente remorso – e no meio disso precisará resolver alguma crise. No novo Sem Escalas, de Jaume Collet-Serra (Casa de Cera) ele encarna o mesmo tipo, agora envolvido em uma possível ameaça dentro de um avião que atravessa o atlântico. Durante as duas horas de projeção, o filme se sustenta como um suspense bem feito, mas é um desperdício para Neeson.

O problema é que tanto o roteiro quanto Neeson parecem encurralados dentro do esquemático filme passados dentro de um avião. Encontrar saídas que fujam de obviedades dentro desse rincão que o cinema popularizou é difícil e requer ousadia (O Voo e Amantes Passageiros foram alguns que se saíram bem recentemente, dado alguns descontos). No caso de Sem Escalas, o jeito é driblar os clichês o quanto pode e contar com o carisma de Neeson para dar ao longa alguma relevância.

Na história, Bill Marks (Neeson) é um agente federal aéreo que cumpre uma rotina típica dos anos pós-11 de Setembro: se torna uma passageiro disfarçado para conter possíveis ameaças terroristas em voos. Depressivo e enfrentando problemas com alcoolismo, ele segue para mais um dia de trabalho em um voo que vai de Nova York para Londres. De repente, alguém invade sua rede segura e passa a enviar mensagens de texto com ameaças. Caso não deposite 150 milhões de dólares em uma conta nos próximos vinte minutos, uma pessoa morrerá. Para conter esse criminoso, o agente Neeson empreende todos os esforços possíveis, mesmo que isso signifique passar por cima dos direitos civis das pessoas à bordo.

Lupita Nyong'o faz ponta de luxo no filme (Divulgação/Paris Filmes)
Lupita Nyong’o faz ponta de luxo no filme (Divulgação/Paris Filmes)

O modo como o diretor conduz a trama, colocando em dúvida a sanidade de protagonista, é bem interessante. Não seria o agente designado para proteger todas aquelas pessoas o responsável pelo terror no avião? Mas é raso na tentativa de explorar o clima de paranoia que domina a aviação comercial atualmente. O mais interessante é como conseguiu fazer de um chat de SMS um instrumento poderoso para criar tensão em tela.

Ajudando nesse teatro esforçado de originalidade está Michelle Dockery, mais uma atriz saída da série Downton Abbey a ganhar destaque em uma produção Hollywoodiana, aqui como a comissária que auxilia o agente federal. Há também Lupita Nyong’o, vestida à la Grace Jones, em uma ponta quase sem importância e Julianne Moore, como uma passageira improvável que passa a atuar como co-espiã.

Conhecido por filmes como A Lista de Schindler (1993) e a segunda trilogia de Star Wars (1999), o ator inglês Liam Neeson se moldou em uma nova persona nos anos 2000, passando a estrela de ação e espionagem, a exemplo de Busca Implacável (2008), A Perseguição (2011) e 72 Horas (2010). Com a experiência dessa sua nova persona, Neeson segura bem Sem Escalas, quase como se deslizasse por situações bem ridículas passadas a bordo. Mas, nos minutos finais, é possível lamentar um roteiro que ameaça tecer comentários interessantes sobre segurança e paranoia, mas termina como mais um filme onde um vilão maléfico explica sua tramoia para a plateia.

nonstopSEM ESCALAS
De Jaume Collet-Serra
[Non-Stop, EUA, 2013 / Paris Filmes]
Com Liam Neeson, Michelle Dockery, Julianne Moore, Lupita Nyong’o

Nota: 6,0

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