Cobertura: Bonde do Rolê @ Vapor 48, Recife

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UÍSQUE, DILDOS E BACANAL: COMO FOI O SHOW DO BONDE DO ROLÊ NO RECIFE
Banda foi atração principal do aniversário de 6 anos do coletivo Golarrolê

Por Paulo Floro

Bonde do Rolê @ Vapor 48
Recife, 15 de setembro

Misturando Elis Regina com consumo de crack no remix que fizeram do hit “Águas de Março” (repetindo “é pedra, pedra, pedra, pedra em ritmo de funk), o Bonde do Rolê iniciou sua apresentação no Vapor 48, no Recide, dentro do aniversário de seis anos do coletivo Golarrolê, principal produtora de festas da cidade e dona das marcas “Brega Naite” e “Putz”. Só por este início, já estamos ciente da greia que se pautou o show.

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Crítica do novo disco, Tropicalbacanal

A banda trouxe ao Recife o show de lançamento de Tropicalbacanal, novo disco do trio e o primeiro desde a saída da vocalista Marina Vello, após divergência com os outros integrantes. A atual cantora, Laura Taylor, mostra a todo o momento que não deixa nada a dever a antecessora, se desgoelando, se jogando na plateia groupie à frente do palco e tomando altos goles de uísque no palco. Ponto alto foi sua maestria com um dildo enorme que lançava jatos de água.

O show pareceu bem curto, dado a intensidade do trio, que já chegaram soltos no palco, com o “foda-se” ligado, no melhor estilo ‘festa no motel’. “Aqui tá parecendo o Recifolia”, disse Gorky, um dos integrantes. A banda chega à cidade bem diferente de quando fizeram a estreia por aqui, no festival Rec Beat, em 2008, ainda com Marina. Desta vez, em um espaço menor, a conseguiram mais liberdade para soltar sua putaria organizada.

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No palco, as novas músicas do trio funcionaram ainda melhor que em disco. “Kilo”, “Baby Don’t Deny It” e “Kanye” revelam o espírito chiclete e mostram que o Bonde segura bem outros ritmos que não o funk carioca. Já em “Arrastão”, o vocal estava tão esganiçado que praticamente não se ouvia nada. “Bang” e “Picolé” foram outras que representam um Bonde do Rolê bem mais eclético, mas com o espírito baixaria de sempre. O atual álbum que trabalham está bem distante da explosão que foi o início da carreira e as faixas de “With Lasers”, mas é, claramente, uma evolução.

E foram nesses momentos de hits em que o público mais enlouquecia. E todas tiveram espaço: “Solta O Frango”, “Office-Boy”, “James Bonde”, “Dança do Zumbi”. Como se entrassem pela porta dos fundos da cultura pop e na cena eletrônica, o Bonde do Rolê segue servindo aquela controvérsia, usando putaria como matéria prima deglutindo bailes funk NSFW para audiências indies daqui e de fora. Em um mundo cada vez mais seguindo cartilha do politicamente correto e dando voto pro Russomano, é bom existir um bolsão de tabacudisse, sensualidade torta, loucura e batidão como os shows do Bonde do Rolê.

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Calaboooca
A noite marcou também os seis anos do coletivo de produtores pernambucanos Golarrolê. Marca conhecida por aqui, o grupo já começou a expandir suas fronteiras armando festas em São Paulo. Quem costuma frequentar a noite recifense já se acostumou a ter a cada fim de semana uma representante da família de festas, como “Brega Naite” (música brega pura), “Maledita” (pop), “Odara” (brasilidades) e “Putz” (eletrônica). No show do Bonde, Allana Marques, uma das cabeças da equipe, até celebrou com uma dancinha básica. A comemoração dessa trajetória no contexto do momento pop do Recife é muito relevante. Ao seu jeito, a Golarrolê fidalizou um público aberto a novidades de todo o tipo. Isso é muito.

Fotos de Fotos de Camila Lopes/Divulgação

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