A artista visual Clara Simas apresenta ao público o fotolivro Meu pai morreu três vezes, uma obra que une imagens, memórias e fabulação para elaborar o luto e a relação com a figura paterna. O livro, viabilizado por meio de apoios do Funcultura e da Lei Paulo Gustavo (Recife), será lançado em três cidades brasileiras: Rio de Janeiro, no dia 29 de maio, na Galeria Refresco; São Paulo, no dia 31, na Livraria Lovely House; e Recife, no dia 5 de junho, na Galeria Garrido.
O projeto parte da história de Manoel Costa, pai da artista, ator amador do Cinema Marginal baiano nos anos 1970, conhecido pelo papel de Caveirinha no longa Meteorango Kid: Herói Intergaláctico. O fotolivro se constrói a partir de registros de arquivo, fotografias pessoais e imagens de filmes, criando uma narrativa sensível que articula realidade e ficção.
Além dos lançamentos, a programação inclui a exibição de uma versão restaurada em 4K de Meteorango Kid, no dia 8 de junho, no Cinema São Luiz, no Recife. Na mesma sessão será exibido o curta Creuzinha não é mais tua, de Amin Stepple, que também conta com a participação de Manoel Costa.
Clara Simas começou a desenvolver o projeto a partir de vestígios da trajetória do pai, morto quando ela tinha 14 anos. A relação, marcada por lacunas afetivas e temporais, motivou um processo de investigação pessoal. “Minha memória dele sempre foi confusa. Tive que preencher as lacunas através de um processo arqueológico”, afirma.

Somente anos depois do falecimento, a artista iniciou um percurso terapêutico que a levou a revisitar essa ausência. “Foi preciso que se passassem muitos anos e que eu entrasse num processo terapêutico para então começar a especular o que significava a morte de um pai, que ao longo da sua vida já foi alguém bastante ambíguo e ausente”, comenta.
O projeto contou ainda com o apoio da Bolsa de Acompanhamento Editorial do PhMuseum (Itália), do Grupo de Estudos André Penteado (SP) e da Escola Livre de Imagens (PE). Desde 2019, a artista tem apresentado etapas do trabalho em exposições coletivas e publicações especializadas. Em 2024, participou do Festival de Fotografia PhMuseum, em Bologna. A versão preliminar do livro é finalista do Dummy Awards’25, promovido pelo Photobook Museum (Alemanha), e irá circular por festivais na Europa e Ásia. Um lançamento internacional está previsto para 2025, em Bologna.
“Meu analista diz que o livro é sobre inventar um pai possível. Outras pessoas dizem que é sobre como registrar uma experiência impossível de ser fotografada. Acho que as duas coisas são verdade”, afirma Clara Simas. “Em alguma instância, talvez seja apenas sobre aceitarmos que a própria noção de sujeito que tão arduamente passamos a vida moldando, está muito distante de constituir uma unidade inabalável — somos todos feitos de versões, de fragmentos de histórias, algumas inclusive que nunca serão contadas.”
Serviço:
Lançamento do fotolivro Meu pai morreu três vezes, de Clara Simas
São Paulo
31 de maio, sábado, às 14h
Lovely House Casa de Livros
Galeria Metrópole – Av. São Luís, 187, 1º andar, sala 30 – República
Recife
5 de junho, quarta-feira, às 18h
Garrido Galeria – R. Samuel de Farias, 245 – Santana
Exibição especial
8 de junho, domingo, das 14h às 17h
Cinema São Luiz – R. da Aurora, 175 – Boa Vista, Recife
Filmes: Meteorango Kid: Herói Intergaláctico (versão remasterizada) e Creuzinha não é mais tua, de Amin Stepple.