Se o rap é um esporte de contato, como afirma BONSAI, seu novo disco funciona como um campo de prova, onde se vence ou se perde. Sorte ou Revés vai além de um simples álbum – é uma sequência de faixas que refletem a tensão entre enfrentamento, sobrevivência e escolhas. Produzidos por CIANO, Rudgini e Carcamano, o trabalho apresenta uma narrativa consistente, que conduz o ouvinte por diferentes estados entre conquistas e fracassos, com letras que dialogam diretamente com a realidade social.
- Leia também: BRAZA lança “Raio de Sol” em parceria com Josyara
Com 20 faixas, o álbum parte da experiência de quem cresceu em meio à desigualdade urbana e usou o rap como ferramenta de expressão. BONSAI constrói uma trajetória marcada pela prática do improviso e pelo enfrentamento cotidiano. O disco é estruturado como um filme: começa com a atmosfera de Monte Carlo e termina com o desfecho melancólico de Aqui Jazz, passando por batidas sem bateria, samples melódicos e letras que retratam um processo de formação marcado por obstáculos.

Sorte ou Réves é dividido em dois momentos distintos: o primeiro traz músicas com tom mais leve e afirmativo, como “Teoria dos Jogos” e “Yusuke”, que abordam momentos de vitória e esperança. A segunda parte assume um tom mais crítico e denso, retratando um Brasil marcado por exclusão social e violência, com letras que transformam a vivência periférica em análise social.
BONSAI também se volta para si mesmo, com versos que expõem conflitos internos e reflexões pessoais. Ele reconhece os limites do jogo que enfrenta, mas segue participando dele com intenção e técnica. A produção do disco reforça esse percurso com atmosferas sonoras que evocam imagens cinematográfica – uma trilha que começa em Mauá, cidade onde o artista nasceu e cresceu.