Verônica Ferriani questiona a imposição do cuidado doméstico sobre as mulheres em seu novo single, “Cochicho no silêncio vira barulho, irmã”, que traz a participação da carioca Áurea Martins, voz emblemática na história da canção brasileira. Além da temática do cuidado, a liberdade usufruída pelos homens também aparece na música, que questiona o papel da mulher de forma mais ampla. O disco do qual o single faz parte chega no final deste mês de março e conta somente com mulheres em sua ficha técnica. A produção é centrada na construção de um diálogo sobre os pesos e desejos de ser mulher hoje mas, acima de tudo, traz a busca pelo diálogo para equacionar essa conta.
O novo single integra o álbum duplo de 20 faixas, dividido em “Cochicho no silêncio” e “Vira barulho, irmã”, com lançamento marcado para 22 de março. A extensa lista de participações femininas ainda não foi revelada, mas já conta com Alessandra Leão, que participa do primeiro single, “Não Me Contento”, lançado em 15 de dezembro de 2023, e Áurea Martins, que participa da nova composição.
A dupla feita por Verônica e Áurea demonstra diversidade de gerações e tempera sua sonoridade com sotaques de diferentes regiões do país. “Cochicho no silêncio vira barulho, irmã” tece elementos de ancestralidade para falar do cuidado. Em ritmo de samba, a canção reconhece o papel do cuidado e expressa não o desejo de ser o homem, mas de ter a liberdade dele.
Para Verônica, é muito simbólico escolher uma canção deste gênero para antecipar o disco. “Samba é o lugar onde o público mais me reconhece, é uma linha mestra do meu trabalho. Ainda que eu tenha seguido por outros gêneros, o samba é o caminho que mais se abriu para mim e onde eu também mais mergulhei. Então retomar esse disco com o samba traz um respaldo do meu lugar”, explica a artista.
Sobre o álbum
O álbum duplo “Cochicho no silêncio” e “Vira barulho, irmã” traz em seus títulos (e faixa-título) um chamado para a ação: uma narrativa feminina para além do discurso. O projeto é descrito por Verônica como confessional, quase biográfico. Tendo o trabalho maternal como base temática, a artista elabora sentimentos como raiva, frustração, mas também a vontade de buscar junto novos caminhos para resolvê-los.
“No álbum, as questões culturais e históricas que dificultam nosso movimento livre ficam aqui poetizadas. O desejo é ser mais uma voz no movimento por narrativas femininas, aqueles em que a gente se reconheça, neste chamado a uma forma mais equilibrada de ocupação do nosso mundão”, conta Verônica.