Nesta terça-feira (29), Tim Bernardes lança de surpresa o compacto Prudência / Praga, que reúne duas composições do artista originalmente gravadas por duas grandes vozes da música brasileira: Maria Bethânia e Alaíde Costa. Além do lançamento digital, os dois singles recebem prensagem em vinil compacto, em parceria com o Coala Records. A pré-venda começa na próxima terça-feira, dia 6 de maio.
“Prudência/Praga” por Tim Bernardes
“Prudência/Praga” é um compacto, um single duplo. Com essas duas canções que escrevi como compositor e que foram originalmente gravadas por duas heroínas minhas: Maria Bethânia e Alaíde Costa. Curiosamente são dois sambas, embora eu venha do rock n roll de São Paulo, eu vira e mexe acabava escrevendo um samba canção como se fossem os anos 50. Nos tempos do meu primeiro pé na bunda com 17 anos eu tinha no meu ipod o disco “Jamelão canta Lupicínio”com a orquestra tabajara e eu eu me identificava com aquelas sofrências dramáticas de quase cem anos de idade. De uma certa forma sinto o Lupicínio sangrento e direto como um Tarantino e o Nelson Cavaquinho da pesada que nem o Black Sabbath. Então sinto que é um compacto de sambas mas também é um compacto de Rock n Roll pra mim. Cru e from hell.
Prudência é essa batalha interna entre o lado passional e o lado controlador na cabeça do ex-boêmio romântico. Escrevi pra Bethânia gravar no disco dela “Noturno”a versão dela virou num bolero emocionante. Quando a vi ao vivo ela cantando e o público cantando junto nem conseguia acreditar, chorei escondidinho na plateia. Ela contou que quando mostrou o disco pro Caetano ele achou que “Prudência” era algum clássico antigo que ela tinha garimpado para resgatar. Nada poderia ser um elogio maior do que essa enganada no Caetano.

Praga também tem a ver com heróis meus da MPB que eu nunca imaginei que veria de perto ou teria qualquer relação. Fui chamado pra escrever essa letra em parceria com o maioral Erasmo Carlos para o disco da Alaíde Costa! Surreal, eu como muita gente conheci a Alaíde ouvindo o Clube da Esquina, cantando com o Milton. E a ideia também era fazer uma canção venenosa de cabaré samba canção. A praga da mulher que largou o bêbado. Eu amo quando a Alaíde canta “BIBIDA”, lenda total. Quis produzir uma gravação meio samba de terror, porque se não fosse rock n roll não teria muita graça pra mim. Fui lá no Bielzinho e gravamos esse refrão que explode com as percussões e o coro das amigas Tulipa, Maria Beraldo e Luiza Lian.
Já o take de “Prudência”veio da despretensão de gravar duas sessions ao vivo da música com o Fred Joseph com as câmeras do programa Ensaio (MPB Especial) do grande Fernando Faro. O take do vídeo acabou sendo tão desprevenido e cru que desbancou o do estúdio e é o que vocês ouvem no single. A ideia do vídeo é meio esse mindfucktemporal. Encontraram as fitas perdidas do meu MPB ESPECIAL do começo dos anos 70. Mesmos microfones, mesmas câmeras, aquele zoom, viagem no tempo.