O Cinema 3D

O Futuro do Cinema é Hoje
Por Daniel Herculano

Quando surgiram filmes B dos anos 50 que se diziam em terceira dimensão, aconteceu um rebuliço do público, mas que definitivamente não foi levado a sério. Nos início dos anos 80 reaparecia a mesma tecnologia, mas que prometia mudar os rumos do cinema: o 3D, com óculos dito especiais (com uma lente azul e outra vermelha), prometendo para o espectador ver objetos tridimensionais, com textura e gerando a sensação de contato com o que passaria na tela grande.

Com títulos como Sexta-Feira 13 – Parte 3D (1982), Tubarão 3D (1983), Terror em Amityville 3D (1983) e A Hora do Pesadelo 6 – O Pesadelo Final – A Morte de Freddy 3D (1991), o público não alcançou resultados tão animadores e uma nova versão desse 3D que agradasse realmente ainda estava por vir. E veio. E é incrivelmente espetacular.

Em se tratando de tecnologia nunca pode se falar que é definitivo, mas o novíssimo 3D é tão bom que sucessos recentes já foram relançados, incluindo O Estranho Mundo de Jack (1993), O Expresso Polar (2004), A Casa Monstro (2006) e A Lenda de Beowulf (2007), e outros velhos conhecidos estão à caminho, como Toy Story (1995), Toy Story 2 (1999), Trilogia Shrek (2001; 2004; 2007), Trilogia Senhor dos Anéis (2001; 2002; 2003) e até Titanic (1997).

Depois de fitas como Viagem ao Centro da Terra (2008), Bolt – Supercão (2008), Coraline e o Mundo Secreto (2009) e mesmo o show musical U2 3D (2007), a relação de filmes em 3D a serem lançados, e que finalmente poderemos curtir todos os seus nuances e efeitos especialíssimos, é que espanta.

Não perca as contas: as animações A Era do Gelo 3-D, Up – Altas Aventuras (novo desenho da Pixar!), a nova versão de A Volta ao Mundo em 80 Dias, os híbridos Avatar (projeto secretíssimo de James Cameron) e Um Conto de Natal, e o quarto Premonição (em carne, osso e sangue, provavelmente).

Outros projetos em cartaz num futuro próximo: Shrek 4, o terceiro Toy Story, um novo Godzilla, a dobradinha Spilberg/Peter Jackson com a Trilogia Tintim, um novo projeto de John  Woo (ainda sem título), e filmes de terror como Sexta-Feira Macabra e Child´s Eye, todos previstos a partir de 2010.

Mas vamos falar do presente. Ao entrar na sala, recebemos a chave para a diversão: óculos Dolby 3D Digital de altíssimo rendimento. Detalhe, sem conexões ou mesmo bateria. Leve e capaz até de se sobrepor aos óculos tradicionais (para os míopes e afins), com ele somos transportados para dentro do filme, numa sala especial (primeira do Ceará e a segunda do Nordeste), com qualidade de projeção seis vezes maior que o tradicional. Sem esquecer o som Dolby Digital (sensacional!) e formato da sala em stadium, tornando a visão mais realista possível.

Os filmes em cartaz

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Dia dos Namorados Macabros 3D (Patrick Lussier)

Refilmagem do filme homônimo de 1981, Dia dos Namorados Macabros 3D (My Blood Valentine, 2009) de Patrick Lussier, é um terror assumidamente trash de humor involuntário e tem sua maior atração a possibilidade de vê-lo com a tecnologia de terceira dimensão, mas em cópia dublada.

A trama segue Tom (Jansen Ackles), que dez anos após sobreviver a um massacre no dia dos namorados, retorna à sua cidade natal. E quando novas mortes começam a ocorrer, ele torna-se o principal suspeito dos crimes.

Sem perder tempo e com uma violência sem concessões, a fita é um prato cheio para perseguições noturnas e sustinhos com ajuda de efeitos sonoros e truques de câmera. Enquanto meros desconhecidos tentam sobreviver a um novo massacre do serial killer apaixonado, fogo, picaretas, e outros objetos são arremessados ao público, saltando em direção aos nossos olhos. E sempre que algum personagem invariavelmente pergunta: “Tem alguém aí?”, se prepare, porque espirra sangue e até pedaços de gente no espectador. E nesse (exagerado) festival de cadáveres, é melhor não tentar ver lógica num roteiro ilógico e curtir a grande (e única) estrela do filme: os efeitos 3D!

Originalmente editor, o diretor Lussier (fazendo hora extra também como editor do próprio longa) sempre foi afeito a produções B de suspense e terror, já cravando títulos como Anjos Rebeldes 3 (2000), a Trilogia Drácula 2000 (2000; 2003; 2005) e Luzes do Além – Vozes do Além 2 (2007), mas tem em  Dia dos Namorados Macabros 3D sua melhor performance de bilheteria, uma diversão rasteira justificada pelo 3D.

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Monstro Vs. Alienígenas (Dreamworks)

Monstros Vs. Alienígenas (Monsters Vs. Aliens, 2009) da Dreamwoks, é um deleite para os olhos. O que já era bom em 2D, fica insuperável em 3D. Repetindo: insuperável! Ou seja, além de tudo que a tecnologia pode oferecer, ganhamos o bônus de um roteiro divertidíssimo que flerta com a Pixar e homenageia os filmes B, e ao mesmo tempo faz referências à cultura pop e filmes de gênero.

Acompanhar a trupe dos Monstros (Ginórmica/Susan, Blob – dono das melhores piadas, O Elo Perdido, Doutor Barata e o Inssectossauro) é mais do que um simples divertimento, é obrigatório. E para todas as idades. Ah, e seu eu já tinha, digamos, me surpreendido pela doce e curvilínea Susan, agora em 3D acho que até me apaixonei…

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Como é possível o 3D? Porquê e como as imagens saltam da tela?

Para isso acontecer é preciso se filmar diferente durante a produção do filme. As imagens são captadas por duas câmeras, colocadas lado a lado, na perspectiva, como se fossem as retinas direita e esquerda do olho humano. Ao serem editadas e reunidas no filme, o projetor exibe as imagens de modo alternado, sincronizando na frequência de 144 quadros por segundo (o normal é de 24 quadros). A alternância supersônica transmite a sensação de profundidade e textura, com uma precisão difícil de alcançar em película comum. As imagens são, então, projetadas em uma tela especial, com a ajuda essencial dos óculos 3D, fazendo com que as imagens saltem da tela.

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