Naieme lança ‘Yagô’ em homenagem à Yemanjá

A cantora paraense é um dos destaques da nova safra da MPB

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Nanna-Reis se rebatiza como Naieme e lança single 'Yagô' (Foto: Duda Santana / Divulgação)

Uma nuvem se forma no norte do país e promete se alastrar por todas as outras regiões do Brasil em 2023. Dessa forma, a previsão no mundo da MPB para esse ano é de fortes sonoridades brasileiras. Naieme, nome de batismo da artista paraense, até então conhecida no norte do Brasil como Nanna Reis, lança mais um trabalho autoral. Com estreia para esta quinta-feira (2), o single chamado Yagô, conta com a produção de Paulo Dáfilin, conhecido por comandar as produções de Maria Bethânia e outros nomes prestigiados da música popular brasileira. 

O trabalho de Naieme que está por vir esbanja as mais puras características do gênero MPB, a medida em que reflete fortes influências de sua origem paraense. A nova fase da artista ultrapassa os territórios da região de água doce do norte, vai além e se coloca como um novo sopro na música brasileira, desaguando nas correntezas do país inteiro. 

O entendimento e o definitivo encontro artístico motivam a valorização cultural da ascendência afro-indígena amazônica. Naieme nasceu em Belém, no Pará, no bairro da Cidade Velha, tendo sido criada entre a capital e o município de Salvaterra, na Ilha do Marajó. Mora no Tapanã, bairro da periferia onde também se criou.

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Naieme nasceu em Belém, no estado do Pará (Foto: Duda Santana / Divulgação).

“Eu sou uma cantora criada com a cultura popular, de rua, do Boi (bumbá), do folclore. A cultura da periferia faz parte da minha vivência, ao mesmo tempo que abraço outros gêneros por conta da minha formação musical acadêmica” diferencia Naieme, que durante sete anos foi solista da Orquestra Sinfônica do Teatro da Paz.

Naieme agarra o desafio de que sua cultura e história cruze as barreiras regionais e alcance novas regiões do Brasil. “Tenho a sorte de viver tantas referências musicais, culturais, mas infelizmente muita gente olha para uma mulher do norte com traços indígenas e já a colocam numa caixa. Não vejo problema nenhum em cantar a nossa rica cultura amazônica, ela por si só já é grandiosa, mas vejo um sério problema quando tentam nos limitar. No Pará, temos muitas cantoras maravilhosas que não se enquadram em um rótulo, eu não me vejo apenas em um quadrado, eu sou uma cantora da música popular brasileira”, reflete Naieme.

Até então conhecida como Nanna Reis, a adoção do nome real – Naieme – como nome artístico, evidencia a opção da artista por entronizar a ancestralidade afro-indígena amazônica em sua arte, sobretudo, na área musical. “Enquanto eu renegava meu nome, de certa forma renegava a mim mesma. Quando entendi isso, eu me encontrei como artista”, conta Naieme. Não é à toa que o primeiro single da nova fase exalta Janaína, cultua elementos da natureza e abraça a diversidade das religiões brasileiras, traço forte do nosso país. Já a melodia chama para dança, para a celebração, com seus tambores e arranjos que abraçam as diversas culturas do nosso país. “De certa forma, Yagô reflete esse meu momento, de largar as amarras e não ter medo disso. É uma música alegre, de liberdade”, resume.

Aos 31 anos, a artista abraça nova fase e começa 2023 com dois singles no forno, com produção assinada pelo violonista e produtor Paulo Dáfilin, que encabeça trabalhos de nomes importantes da música popular brasileira, como o de Maria Bethânia, Jair Rodrigues e Zeca Pagodinho. “Yagô”, o primeiro single da lista, nasce com clipe neste dia 02 de fevereiro, dia de Janaína Iemanjá, abrindo as celebrações da festa de Momo.