Miró e Lucila Nogueira recebem estátuas em reconhecimento ao seu legado e passam a integrar o Circuito da Poesia do Recife

Copia de Post Noticias Padrao 6
Miró ganhou reconhecimento pela poesia urbana e contemporânea enquanto Lucila deixa o legado pelo domínio em diversos campos literários. (Imagens: Reprodução/ X)

Na semana em que se comemora o Dia Nacional da Poesia, a Prefeitura do Recife anuncia a inclusão de mais duas esculturas no Circuito da Poesia, em homenagem aos poetas Miró e Lucila Nogueira, convergentes na geografia, mas múltiplos na estética, no léxico e no imaginário.

As estátuas são assinadas pelo artista Demetrio Albuquerque e ganham as ruas da cidade até o fim do ano, com planejamento e execução de serviços pela Emlurb. Miró irá se confirmar paisagem na Avenida Rio Branco, no centro histórico do Recife, cenário constante de suas andanças e tema recorrente de sua obra, feita da inspiração e da transpiração das ruas.

Já Lucila ficará no bairro da Jaqueira, nos arredores da Academia Pernambucana de Letras, evocando seus mistérios nas úmidas paisagens recifenses, feitas de água e imaginação. Para o escultor Demetrio Albuquerque, a ampliação do Circuito reforça o convite à contemplação, usufruto e celebração de nossas belezas materiais e imateriais.

As novas esculturas fazem o Circuito alcançar 22 obras, rendendo homenagens a variados grandes nomes da literatura e da música recifense, em paisagens da cidade que refletem suas obras: Manuel Bandeira (Rua da Aurora); João Cabral de Melo Neto (Rua da Aurora); Capiba (Rua do Sol); Carlos Pena Filho (Praça do Diário); Clarice Lispector (Praça Maciel Pinheiro); Antônio Maria (Rua do Bom Jesus); Ascenso Ferreira (Cais da Alfândega); Chico Science (Rua da Moeda) e outros

Sobre os poetas 

Miró da Muribeca – O poeta contundente, de obra pavimentada no cotidiano urbano, nasceu João Flávio Cordeiro da Silva, em agosto de 1960. No ano passado, encantou-se Miró da Muribeca, nome eternamente escrito e inscrito nas ruas do Recife, até hoje povoadas de seus versos. A alcunha artística, ele ganhou fazendo poesia com os pés, nos campinhos de futebol do bairro onde cresceu. Entre o lirismo e a periferia, escolheu os dois. Subverteu a rima e cunhou uma poética popular, urbana, negra e social. Foi um cronista da cidade (como ele próprio se intitulava), tendo escrito e publicado mais de 15 livros, alguns traduzidos para o espanhol e para o francês.

Lucila Nogueira – Poetisa de muitas vozes, Lucila Nogueira, nasceu no Rio, mas naturalizou-se no Recife. Foi aqui que forjou sua estética literária, passeando por diversos estilos, identidades e fases. Da escrita mitológica, introspectiva e mística, que inaugurou sua obra, até a globalizada, com temáticas ibéricas e latino-americanas, confirmou uma personalidade literária cada vez mais aguda. Além de poetisa e contista, foi tradutora e professora, tendo lecionado literatura na Universidade Federal de Pernambuco. Ao todo, escreveu mais de 20 obras, premiadas e lançadas mundo afora, em países como Portugal, França, Estados Unidos e Cuba. Em 2006, foi a primeira mulher a representar o Brasil no XVI Festival Internacional de Poesia de Medellín. Nos anos 2007 e 2008, assumiu a curadoria da Festa Literária Internacional de Porto de Galinhas (Fliporto). Em 2009, recebeu a Medalha Euclides da Cunha, da Academia Brasileira de Letras. Tantas conquistas literárias acabaram por conduzi-la à cadeira de número 33 da Academia Pernambucana de Letras. Morreu em 2016, confirmando-se eterna em sua vasta e intensa obra.