Maracatus e ciranda se tornam Patrimônios Culturais Imateriais do Recife

Além disso, o Dia Municipal do Maracatu de Baque Solto passa a ser comemorado, anualmente, em 12 de novembro

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Lia preserva a tradição da ciranda desde os anos 1970. (Foto: Ytallo Barreto/Divulgação).

Três tradições culturais celebradas por pernambucanos e brasileiros foram reconhecidas como Patrimônio Imaterial Artístico e Cultural do Recife. O prefeito do Recife, João Campos (PSB), sancionou as leis que foram publicadas no Diário Oficial do Município na última semana. O Maracatu de Baque Solto (Maracatu Rural), o Maracatu de Baque Virado (Maracatu Nação) e a Ciranda agora contam com reconhecimento oficial da capital pernambucana. Além disso, agora o Dia Municipal do Maracatu de Baque Solto passa a ser comemorado, anualmente, em 12 de novembro.

“A força e a diversidade das nossas manifestações culturais, tão presentes no cotidiano da cidade, nos trazem mais do que memória, trajetória, elas traduzem a ancestralidade. Iniciativas de reconhecimento, entre as quais a patrimonialização é uma das mais significativas, ampliam visibilidade e incentivam os movimentos de salvaguarda”, comentou o secretário de Cultura do Recife, Ricardo Mello. “Assim a cultura popular se fortalece, mas ela também se renova, na ocupação de mais espaços, no engajamento de novas gerações, na valorização de mestres e mestras, neste encontro crescente com uma infindável fonte de inspiração. Também por isso intangível, imaterial. O Recife se torna ainda mais universal nesta marca única e plural, de uma verdadeira matriz da cultura popular”, acrescentou.

Essas tradições já eram consideradas Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, a partir de candidatura apresentada pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe). O Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) concedeu a chancela ao Maracatu Nação e o Maracatu Rural em 2014. Em 2021 foi a vez da ciranda nordestina receber o reconhecimento do órgão, que é vinculado ao Ministério do Turismo.

Outras expressões culturais pernambucanas receberam reconhecimentos: o Frevo, em 2012, foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) como patrimônio cultural da humanidade. E, desde 2007, já era considerado Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, pelo Iphan. A Capoeira é Patrimônio Imaterial da Humanidade desde 2014. E os Caboclinhos são Patrimônio do Brasil desde 2016.

O Recife também conta com uma extensa lista de patrimônios imateriais. A Orquestra Sinfônica do Recife, a mais antiga em atividade ininterrupta do Brasil, e o Balé Popular do Recife, um dos primeiros grupos de dança profissional de Pernambuco, já têm o reconhecimento desde 2018. O movimento Brega também é patrimônio municipal desde 2021. Festas religiosas e tradicionais da cidade, a de Nossa Senhora da Conceição e a da Vitória Régia, são consideradas patrimônio desde o ano passado.

Maracatu
Foto: Brenda Alcântara/Divulgação/PCR.

Maracatu Rural

O Maracatu de Baque Solto é uma rica expressão da cultura afro-indígena no Carnaval de Pernambuco e também em outras épocas do ano. Também pode ser chamado de Maracatu de Trombone, de Orquestra ou Rural. Esta manifestação cultural evidencia a fusão de diversos folguedos populares originários das áreas canavieiras do interior do Estado, tais como reisado, pastoril, cavalo-marinho, bumba-meu-boi, caboclinhos, entre outros.

Maracatu
Foto: Brenda Alcântara/Divulgação/PCR.

Maracatu Nação

Os grupos de Maracatu Nação, também conhecidos como Maracatu de Baque Virado, têm sua origem nas cerimônias de coroação dos Reis do Congo. Estes grupos, configurados como verdadeiras nações, apresentam-se ao público como cortes ricamente adornadas, com tecidos de seda, veludo, bordados e pedrarias. À frente do cortejo encontra-se o Porta-Estandarte, seguido pela Dama-do-Paço, responsável por conduzir a calunga, o ícone consagrado detentor do axé do maracatu. Assim como nas outras agremiações, cada maracatu tem uma batida ou baque próprio.

Ciranda

A Ciranda tem origem portuguesa e era uma dança de roda infantil. No Brasil, é dançada por pessoas de todas as idades, e é encontrada no litoral e na Zona da Mata Norte. Suas cantigas são influenciadas por diversas culturas. Tradicionalmente realizada em locais populares, como praias, era frequentada por trabalhadores rurais, pescadores e operários. É uma dança simples e comunitária, sem restrições de idade, cenário ou vestimenta. O mestre, contramestre e músicos ficam no centro da roda; e o instrumental típico inclui ganzá, bombo e caixa, podendo ter outros instrumentos como triângulo, pandeiro e metais.