Lucas dos Prazeres lança álbum musical “Traçado”

Primeiro disco solo do artista pernambucano traz 13 canções autorais, com produção musical própria e realização coletiva do Centro Cultural Quilombo dos Prazeres

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(Foto: Ravaneli Souza/ Divulgação)

Lucas dos Prazeres lança Traçado. O artista pernambucano, do Morro da Conceição, no Recife, tem cada música deste tão sonhado primeiro álbum autoral da carreira solo como um passo da sua jornada, da missão em vida, das dores, dissabores, quedas, traumas, conquistas, vitórias, denúncias, renúncias, livramentos e do nascimento à ressurreição, sendo “começo, meio e recomeço” (Nego Bispo: 1959 – 2023).

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Traçado reúne 13 canções, com produção musical do próprio artista e gravação no Estúdio Eloy, do pernambucano Thiago Eloy. O cantor, compositor, percussionista e mestre da cultura popular Lucas dos Prazeres agradece o lançamento do disco a sua mãe (produtora executiva), pela realização coletiva do Centro Cultural Quilombo dos Prazeres, onde ele nasceu e formou-se, permanecendo também no território.

“Conceição dos Prazeres, Dama do Passo do Maracatu, flutuava com a Calunga na mão e o filho Lucas na barriga. ‘Traçado’ também é preservação da memória das mulheres e sua liderança, das matriarcas que nos trouxeram até aqui, nos ensinaram e nos formaram pela prática cultural, como aprendizagem. Este álbum representa a realização de um sonho coletivo do Morro da Conceição, sendo uma reparação histórica em nome do Quilombo dos Prazeres”, declara.

Nas composições de Traçado, Lucas dos Prazeres traduz em poesia os ensinamentos das matriarcas. Para além da gravação da voz e percussões, ele assume a concepção artística. Já o projeto gráfico, a direção de criação/artística e o conceito têm a autoria de Deyse Leitão.

Lucas dos Prazeres3 Foto Ravaneli Souza
(Foto: Ravaneli Souza/ Divulgação)

“Nasci brincando e dançando, com ginga de mão e pernada pelo ar. Como semente, fui plantado no terreno fértil do Quilombo dos Prazeres, educado por matriarcas, tive uma aprendizagem a partir do repasse do saber, dei meus primeiros passos nas artes, entrei no abre roda e comecei a escrever o nome na história da nossa família. Nosso Traçado”, acrescenta.

Lucas toca mais de 40 instrumentos percussivos no álbum: djembe, tambor falante, gonguê, agogô, caçarolas, cowbell, caxixi, age, gongo, berimbau, guizos, caxambu, atabaque, cajon, alfaia, caixa, pandeiro grave, pandeiro agudo, tamborim, ilú, ganzá, agbê, tamanco, palma de mão, maracá, triângulo, cigarras, apitos, ilú melê, ilú melê anco, ilú yan, surdo, botijão de gás, zabumba, tarol, alfaia, moringa e preaca.  

Entre as participações pernambucanas do disco, estão Zé Manoel, cantor, compositor e músico (piano de cauda na canção “Coco Canoro”), Maria Lúcia dos Prazeres (compositora da música “Encruzilhada do saber” e depoimento na música “Axé de Fala”, também composição sua), que é a tia de Lucas, Eduardo Rios (composição “Coco Canoro”), mais conhecido como Duda Rios, Aderson Vieira (babalorixá: rezo para xangô na canção “Planeta Maracatu”), Pepe da Silva (voz, cavaco, banjo, violão, bandolim e violão sete cordas), Diego Drão (piano elétrico) e Alexandre Rodrigues (flauta baixo, flauta em Dó, clarinete e clarone).  

“Maria Lúcia dos Prazeres é iyalorixá do Quilombo dos Prazeres e idealizadora do método de ensino ‘Aprendizagem pela prática cultural’, aplicado no Centro de Educação Maria da Conceição e Ponto de Cultura Negras Raízes. Traçado é um banho de axé e alegria para retomar a esperança, iluminando um futuro ancestral que se aproxima. É tempo de reaprender a aprender a história, sendo contada e protagonizada por quem fez e faz nos dias de hoje, e viveu no movimento cultural do Recife, de Pernambuco, do Brasil para o mundo”, destaca.

No disco, Lucas também faz um elo com artistas que atuam pelo Brasil: Everton Coroné (acordeom, violão e contrabaixo), Renato Luciano, ambos de Minas Gerais, e o nordestino Beto Lemos (contrabaixo, guitarra, rabeca e violoncelo), do Ceará. Todos são parceiros da Barca dos Corações Partidos – Companhia Brasileira de Movimento e Som, assim como o recifense Duda Rios.

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Capa do disco (Divulgação)

O álbum tem o financiamento do Sistema de Incentivo à Cultura (SIC), Prefeitura do Recife, Secretaria de Cultura e Fundação de Cultura Cidade do Recife. Em 2024, o artista abriu os caminhos para o disco com o lançamento do clipe Planeta Maracatu, celebrando na ocasião seus 40 anos de idade.