Em uma nova fase em sua trajetória artística, o cantor e compositor nordestino Gomes lança seu primeiro álbum solo, Puro Transe. O trabalho reúne dez faixas que misturam ritmos populares brasileiros, referências do pop indie e da música eletrônica, vozes múltiplas e um olhar sensível sobre afetos, presença e transformação. Lançado pelo Selo Zelo, o disco completo está disponível nas plataformas digitais nesta quarta-feira.
Gravado entre 2022 e 2024, o álbum é resultado de uma criação contínua, com diferentes camadas, colaborações e ciclos. “O disco sempre foi um organismo vivo, em constante mudança. Acho que isso foi uma das melhores coisas, descobrir novos sabores e ressignificar sons, melodias e letras antigas”, afirma o artista.
A produção de Puro Transe foi conduzida de forma colaborativa por Olivier, BJ3 e Guilherme Assis, cada um com linguagens e referências distintas que ajudaram a construir a identidade sonora do disco. Olivier e BJ3 estavam envolvidos desde o início do projeto, levantando demos e compondo faixas junto com Gomes, em um processo de criação que envolveu também a concepção estética do álbum e a escolha das colaborações.
Com uma sonoridade noturna e eletrônica, BJ3 — que também é DJ — trouxe elementos marcantes de miami bass, UK garage e funk para o disco. Já Olivier, também cantor e integrante da banda de rock indie Ânima, adicionou uma camada mais orgânica às composições, com instrumentos e texturas que remetem ao universo do indie. Guilherme Assis do selo Zelo e produtor musical de nomes nacionais, como a cantora Rachel Reis, se juntou à equipe em uma fase posterior, quando as demos já estavam bem definidas, e contribuiu com precisão ao editar vozes, adicionar ou retirar elementos e refinar os arranjos, elevando ainda mais a qualidade das faixas.

“Cada vez mais os artistas daqui estão mostrando pro Brasil e pro mundo que o Nordeste vai além do que esse imaginário preconceituoso insiste em nos colocar. Parece meio óbvio, mas ainda em 2025 tem gente que ainda acha que o nordeste morre no baião, no maracatu e, pra mim, são pontos de partida”, reflete Gomes sobre a sonoridade do disco.
As participações no disco também reforçam a proposta de um trabalho coletivo e fluido: vozes, arranjos e instrumentações foram incorporadas ao longo dos anos, em estúdios, casas e encontros. São elas: o rapper pernambucano 6astos, as Ceguinhas de Campina Grande, um trio de cantoras populares da Paraíba formado por Maroca, Indaiá e Poroca e uma citação de Sônia Romualda, uma das damas do teatro pernambucano.
Esse disco foi feito através de um financiamento coletivo, que arrecadou cerca de 40% do valor total.