Florence + The Machine | How Big, How Blue, How Beautiful

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Florence + The Machine traz drama e tom barroco ao rock de arena

Florence Welch, o nome à frente do Florence + The Machine chega a este seu quarto disco com status de superbanda, do tipo headline de festival de verão. Florence se distanciou das vicissitudes do pop internacional e focou sua música no desenvolvimento de uma estética bem resolvida. Florence é uma espécie de bruxa neo-chique, envolta em mistério e panos esvoaçantes, com forte apelo melancólico e barroco. Sua voz tem o lirismo gótico de cantoras de tragédias e evoca um exagero que casa bem com sua proposta estética.

Depois de Cerimonials, onde ela já trazia um apuro técnico invejável, neste How Big, How Blue, How Beautiful ela mostra ainda mais controle do seu projeto artístico, apostando em um som bastante orgânico. Nada no disco parece fora do lugar. Como um personagem bem escrito, a cantora e compositora consegue vender uma ideia como poucos hoje no pop. Sua música, catártica e fortemente emotiva, é como uma orquestra bem afinada à espera do aplauso ao fim do espetáculo.

Feito para ouvir numa tacada só, o novo disco de Florence também tem seus candidatos a hits, evidentemente. Ela é ciente do poder que tem em ser original no meio competitivo em que atua. Por isso deveremos ouvir bastante no futuro faixas como “Ship to Wreck”, “What Kind of Man” e “Third Eye”. Tratando sobretudo de dilemas pessoais, Welch deu um tom íntimo ao rock de arena. Sua música carece de vulnerabilidade, de arestas onde possamos nos identificar. Como outros grupos que atingiram esse mesmo patamar, corre risco de se tornar anódino, sem viço.

Até aqui, ainda temos uma artista e uma banda dedicados ao barroco pop como ninguém está fazendo hoje. Que consigam manter o espírito inovador dentro do esquemão em que agora se encontram. [Paulo Floro]

florenceFLORENCE + THE MACHINE
How Big, How Blue, How Beautiful
[Universal, 2015]

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