Faixa a Faixa: Banda paulista VRUUMM comenta o disco de estreia

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Foto: André Albuquerque / Divulgação.
Foto:  André Albuquerque / Divulgação.
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Criado em 2014 em São Paulo, o VRUUM é um grupo que explora a fusão de diversos estilos musicais dentro do instrumental. Entre as referências estão o jazz e os ritmos africanos.

Em sua formação o VRUUMM conta com músicos da banda do Criolo, Emicida e Otto, além dos membros do Garotas Suecas, Mel Azul e FingerFingerrr. Convidamos a banda para participar da nossa seção Faixa a Faixa e ainda batemos um papo sobre cena musical e inspirações.

Como surgiu a banda? O que podem nos contar da trajetória de vocês até aqui?
Anderson Quevedo: A banda surgiu de um convite que fiz, em meados de 2013, ao Lemos, Perds, Maumau e Cifas – na época éramos uma banda normal com apenas uma bateria- de montar uma banda, eu já tinha uma certa imagem do som que queria fazer e desde então estamos desenvolvendo o som do VRUUMM.

Marcelo Lemos: O VRUUMM, antes de existir como uma banda, já era um grupo de amigos músicos que partilhavam discos, gravações, festas, roles, shows, partidas de play, viagens, cervejas e bauretes. Todos os seis integrantes se conhecem a cerca de uma década e trabalham/trabalharam juntos em outras bandas, discos e produções do começo desse século XXI aqui em SP. No final de 2012, Anderson Quevedo, saxofonista, compos musicas baseadas nas características de cada integrante do que viria a ser o VRUUMM. Essas novas composições foram tomando vida em ensaios semanais que ocorrem desde 2013, até que a banda gravou a primeira demo no começo de 2014 e começou uma série de shows em diferentes lugares de SP.

O Palco é um importante lugar para se entender o que é a música do VRUUMM. A performance da banda é pensada para cada local que tocamos, com momentos de improvisação e interação dos integrantes que mostram o quão a vontade estamos pois todos nos conhecemos muito bem Ao longo dos shows de 2014, fomos tocando novas composições do Anderson para sentir as reações do público, a partir dessas respostas selecionamos as 8 faixas que fazem parte do nosso primeiro disco.

No Início de 2015, a banda hibernou no estudio El Rocha,para registrar o primeiro disco, com a produção do ingles Nick Graham Smith, que mixou e masterizou o disco. Com os gastos do disco se perpetuando ao longo de 2015, começamos a realizar o “VRUUMM Aid”, shows gratuitos no coração da Vila Madalena, um domingo por mes, onde vendemos camisetas, adesivos, cerveja, cachaça e água. Esse evento acabou virando nossa tradição e é a chama da banda viva, além de gerar um caixa que utilizamos para os já ditos gastos. Mas como, pra se fazer um trabalho, esses mesmos gastos são sempre muitos, logo fizemos também uma campanha de pré-venda com recompensas no Kickante. conseguir lançar o álbum em 2015.

E via Mono.Tune Records, lançamos o álbum VRUUMM virtualmente nas plataformas de streaming, com show de lançamento no Jack Daniels Saloon em outubro de 2015. No fim desse ano estaremos na tierra de los hermanitos de Argentina, no Festival de Mar del Plata ! Para ano que vem já temos um segundo disco praticamente pronto que gravaremos em algum momento!

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Vocês citam jazz e sons africanos como influências. Como fazem para introduzir essas sonoridades na banda? Existe alguma pesquisa ou é algo mais intuitivo?
AQ: Sim, há uma pesquisa mas ela não é forjada ou programada ou pensada metodicamente para existir. E você esqueceu de citar rock, um gênero primordial para a nossa sonoridade.

ML: Para responder essa pergunta é necessário entender quem são os integrantes do VRUUMM: O Perdido (Baixo) faz parte de diversas bandas da cena de SP como Pure e Garotas Suecas, juntamente com o Nico (Bateria), que também toca com o Mel Azul, sócios do estúdio Freak; o Anderson Quevedo (Sax/Composições) trabalha com João Donato, Thiago França, Criolo, Otto e Bixiga 70; Maurício Orsolini (Teclados/Synths) tem seu trio de jazz e já trabalhou com Lanny Gordin, Léo Versolato, além de ser dono da escola Música da Vila; Ricardo Cifas(Bateria) toca com FingerFingerr, André Whoong, Drugstore; Marcelo Lemos é guitarrista da Big Band Projeto Coisa Fina e do KLJay+Coisa Fina Sessions.

Ou Seja, todos temos diversas experiencias, gostos parecidos e opostos, coisas que adoramos em grupo e/ou individualmente. Nossas músicas realmente incluem elementos da cultura africana, latino-americana, jazz, improvisação, mas também rock, hip hop, funk, soul, rap, e adoramos música eletronica como um todo, videogame, trilhas de filmes desenhos, etc..etc..

Mas essa variedade de características musicais só existe porque realmente gostamos de muitos sons, trocamos muitas influencias, descobertas, discutimos idéias musicais, posturas, vamos a shows de bandas amigas ou desconhecidas, participamos de sessões diversas em estúdios para gravações de discos, programas de TV, radio, internet e publicidade com nossos outros projetos e com o próprio VRUUMM, isso faz com que a banda tenha essa cara cosmopolita de SP.

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A banda surge em um momento muito promissor da música instrumental no Brasil. Como vocês enxergam este cenário?

AQ: Acho que os músicos e bandas em geral estão encarando a realidade do “faça você mesmo” e não estão mais esperando o telefone tocar pra agitar alguma coisa.

Como foi o processo de produção do disco? Ele foi masterizado no analógico?
AQ: O mais simples e objetivo possível. Antes de entrarmos em estúdio já havíamos nos apresentado em algumas ocasiões aonde pudemos perceber as diferentes reações do público para com a nossa música. A gente tem umas 18 músicas no repertório, escolhemos as mais mais e gravamos. Assim como a mixagem a masterização foi feita analogicamente pelo produtor Nick Graham-Smith.

ML: Sim, nosso disco foi mixado e masterizado no Pendulum pelo Nick Graham Smith analogicamente. Fizemos essa escolha por gostarmos muito dessa estética. Podemos citar desde de discos de Jazz da Blue Note do fim dos anos 1950, passando por soul music dos 70`s, clássicos punk dos `80s e até o hip hop do começo dos 90, generos diferentes com a mesma estética. O Analógico dá mais dinamica e profundidade ao som que o VRUUMM busca.

Veja o faixa-a-faixa da banda:

Como Diziam os Primatas
Música que abre o disco, acho que essa música foi a primeira que escrevi pra o VRUUMM. Levada com duas baterias e um baixo hipnotizante, timbres psicodélicos de flauta, guitarra e teclados, bem setentista, um misto de blaxpoitation e Mike Myers.

VRUUMM
Depois de uma bela introdução precisávamos de uma música forte, cheia de energia, e “VRUUMM” tem tudo isso e mais um pouco. Rock progressivo brasileiro, tem até macumba no meio!

Uma Coisa Disco-Funk
Essa é uma composição influenciada pelo hip hop, funk, soul e Moacir Santos.

A Evolução de um Neanderthal
Essa é o grito do James Brown! Funk na veia! Mas como a gente é meio maluquinho colocamos uma salsa no meio, tipo Weather Report.

4 e 20
O título já diz tudo né?

Pega essa!
Quero ver quem descobre o nome do rap que citamos nessa música.

Baixo-Centro
São Paulo em dia de chuva.

Como era mesmo?
O título vem de uma música que não é minha, é de Rafa Barreto, porque eu gostei muito desse nome pra música. Mas elas não tem nada a ver uma com a outra, fora o nome.

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