Especial Hip Hop 2013: Um passo à frente no rap nacional

edi rock
Edi Rock, do Racionais MCs, fez sua estreia solo (Divulgação)
Rael chamou atenção este ano com seu segundo disco (Divulgação)
Rael chamou atenção este ano com seu segundo disco (Divulgação)

MUITAS VOZES MUITAS BATIDAS
Menos melancólico e mais diversificado, rap nacional tem boas novidades este ano

Depois de conseguir se livrar das amarras criadas por estereótipos do gênero, o hip hop brasileiro vive um dos seus melhores momentos em muitos anos. Talvez décadas. Tudo por causa de uma diversidade que nunca tivemos por aqui. Rimas de pesadas críticas sociais? Confere. Musa que vende um estilo de vida e atitude? Sim. Novos ídolos? Muitos. E moleques se encontrando no meio da rua nos centrões de cidades como São Paulo e Recife para fazer batalhas de MCs? Confirmadíssimo. Nesse cenário cada vez mais efervescente, uma série de bons discos foram lançadas: Karol Conká, Edi Rock, Rael, Slim Rimografia e vem mais por aí.

Leia Mais: Especial Hip Hop 2013
Kanye West: menos cor e mais quem, por Maurício Angelo
Killer Mike e El-p, a melhor parceria no hip hop hoje
Um apurado dos discos de rap deste ano

Para este ano, Emicida, talvez um dos maiores nomes do hip hop da nova geração, prepara seu primeiro disco para este ano. O trabalho chega depois de duas mixtapes bastante comentadas e que chamaram atenção para seu trabalho. Sem abandonar sua militância, o jovem conseguiu conquistar um público bem jovem que talvez nem tenha ligação com o passado do gênero (de Racionais MCs para trás) com a inclusão de um apelo pop em suas músicas. Duas faixas já foram liberadas, “Crisântemo”, que tem um clipe bem forte sobre o pai do rapper e “Hoje Cedo”, com Pitty.

Emicida também se uniu com outro nome de destaque do hip hop nacional hoje, Criolo. Os dois gravaram juntos o disco e DVD Criolo e Emicida – Ao Vivo, com faixas de ambos. O resultado é um disco que mostra a relevância que o rap tem hoje dentro da música pop brasileira. A próxima etapa é uma turnê que irá para várias cidades do Brasil. O projeto teve participação de Paula Lavigne e Andrucha Waddington, que assinam a direção. A distribuição será da Universal, o que chega a chamar atenção para dois artistas que começaram no underground e ainda dialogam diretamente com seu público original apesar da fama. É um disco importante em muitos sentidos.

Karol Conká toda trabalhada em batidas pesadas (Divulgação)
Karol Conká toda trabalhada em batidas pesadas (Divulgação)

Novos nomes
Entre as novidades deste ano, a que mais chama atenção é Karol Conká. De curitiba, ela faz um hip hop mais dançante e com vontade de experimentar – com inclusões de música eletrônica, por exemplo. Batuk Freak foi lançado este ano pela internet através da revista Vice e depois chegou às lojas no formato físico pela Deck. Com voz marcante, ela conseguiu imprimir personalidade forte neste primeiro disco. A produção foi do Nave, que já trabalhou com Marcelo D2 e Emicida.

Rael é outra revelação. Em seu segundo disco solo, Ainda Bem Que Eu Segui As Batidas do Meu Coração, ele contou com uma produção sofisticada dos norte-americanos Beatnick & K-Sallam, que já trabalharam com Nas, Lil Wayne e Lauryn Hill. Isso possibilitou ao rapper ousar em uma produção mais pop. O trabalho tem participação de Mariana Aydar, MSário, Emicida e Péricles, do Exaltasamba (em “Oya”). Esse povo todo mostra o quão eclético o ritmo conseguiu ser. O trabalho seguiu com as misturas de ritmos, que é característica do rapper, entre eles reggae e afrobeat.

Slim Rimografia fez um disco dançante (Divulgação)
Slim Rimografia fez um disco dançante (Divulgação)

Projota, o prolífico, também ganhou destaque esse ano. Sua mixtape Muita Luz foi seu sexto lançamento em um espaço de quatro anos. Segue interessado em temas bem típicos do cotidiano das periferias brasileiras e nas letras autobiográficas, como “Mataram Um Amigo Meu” (o título já explica tudo). Bem mais pop, o MC Slim Rimografia faz o disco mais pop do rap nacional, bebendo bastante da fonte do funk dos anos 1970 e do rap nacional dos anos 80-90. O mais legal no trabalho é encontrar elementos típicos daquela época, sem muita invenção, muito scratch, pura cultura do MC.

Edi Rock, do Racionais MCs, fez sua estreia solo (Divulgação)
Edi Rock, do Racionais MCs, fez sua estreia solo (Divulgação)

Discurso mais amplo
O primeiro disco solo de Edi Rock, integrante do Racionais MCs, mostra o quanto o hip hop nacional já consegue falar de qualquer assunto. Contra Nós Ninguém Será trabalha em cima de gêneros como reggae, música latina, entre outros. Falcão, d’O Rappa, Flora Matos, Emicida, Marina de la Riva, Alexandro Carlo do Natiruts e os colegas KL Jay e Mano Brown.

O disco de Edi Rock representa a saída do hip hop de uma melancolia que marcou o gênero por muito tempo. Agora, abarcando diversas realidades, o diálogo ficou bem mais amplo.

KAROL CONKÁ
Batuk Freak
[Vice Records]

Nota: 8,3

SLIM RIMOGRAFIA
Aumenta o Volume
[Independente]

Nota: 8,0

CRIOLO E EMICIDA
Criolo e Emicida – Ao Vivo
[Universal]

Nota: 8,4

PROJOTA
Muita Luz
[Independente]

Nota: 7,0

EDI ROCK
Contra Nós Ninguém Será
[Baguá Records]

Nota: 8,1

RAEL
Ainda Bem Que Eu Segui As Batidas do Meu Coração
[Independente]

Nota: 7,2