Entrevista oLUDO, de Portugal

oLudo

DETERMINAÇÃO ÉPICA
Quinteto mergulhado numa matriz pessoal, sentimental e culturalmente próxima do imaginário português

Por Pedro Salgado
Colaboração para a revista O Grito!, em Lisboa

oLUDO é o produto da vontade de Davide Anjos (voz e guitarra) e Nuno Campos (piano e teclas), ambos ex-integrantes do Jamaniacs, em fazer um conjunto livre de fórmulas pré-estabelecidas, com uma diversidade de estilos assinalável e cantando em português, objetivando uma ideia de pop/rock interessante para os ouvidos.

Com a inclusão de Paulo Ferreirim (baixo, ex-Garfields), João Baptista (guitarra) e Manuel Ramires (bateria), a banda participou, em abril de 2006, no MAIS Música 2006, concurso de bandas organizado pela Câmara Municipal de Loulé, onde obteve o 2º lugar, e saiu vencedor na categoria de melhor versão com a cover de “O Outro”, de Adriana Calcanhoto.

Três anos mais tarde, editaram o EP Nascituro e Filipe Cabeçadas substituiu Manuel Ramires na bateria. Em 2010, gravaram “Mil Tentações”, para a plataforma Optimus Discos e, recentemente, editaram as sessões 3 Pistas na rádio Antena3. Em conversa com a Revista O Grito! oLUDO falou do primeiro disco e das características do grupo.

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Porque escolheram oLUDO para batizar o projeto?
Deve-se a uma das intenções de quando nos reunimos primeiramente. Fazer música que tivesse uma matriz mais pessoal. Que culturalmente fosse mais próxima das nossas raízes, Portugal. oLUDO é um lugar perto de onde vivemos. Tem portanto essa proximidade.

Até que ponto as vivências de “Almirante” são um retrato do sentir da banda?
O Almirante fala de sentimentos. Ele é a personificação de cinco pessoas, neste caso, os elementos da banda. Logo, é o mais fiel retrato das nossas emoções. Podemos encarar que num determinado momento esse torna-se num sentir conjunto, porque a composição é feita dessa forma. No entanto, a temática é encarada de uma forma artística, logo não é autobiográfica.

O single de apresentação “Fica Não Te Vás daqui” articula um jogo de palavras inteligente e uma sonoridade que recorda a pop dos anos 80. Consideram ter sido uma boa decisão apostar nesta música ? Porquê ?
Realmente é uma análise interessante, a pop dos anos 80. Deve-se ao arranjo da guitarra e principalmente do teclado. No entanto, julgo que as principais influências da música acabam por ser bandas dos 00, nomeadamente Killers ou Editors. A escolha do single, entre nós, acabou por ser uma decisão democrática, mas foi ingrata. Quando nos concentramos num disco torna-se difícil escolher o cartão-de-visita.

Na música “Um Universo Maior” introduziram uma batida insistente que lembra a imagem de marca de A Caruma. Qual é o posicionamento de vocês na moderna cena musical portuguesa ?
A relação com a música de A Caruma deve-se provavelmente ao espírito vaudeville e à utilização dos metais. Acaba por ser um ambiente que interessa também a oLUDO. Disso é também reflexo o tema “Ao Virar Da Página”. Aquilo que se vive neste momento é uma maior sinceridade dos projectos e menos preconceito em gravar. Isso faz aumentar a qualidade dos nossos planos.

Fizeram uma cover de “O Outro”, de Adriana Calcanhoto, que vos valeu um prêmio. Quais são as maiores influências internacionais de oLUDO?
oLUDO, como conjunto, tem ascendentes de cinco pessoas muito diferentes musicalmente. As referências são vastíssimas. No Brasil, por exemplo, vão desde o Los Hermanos a Vinícius… Em Inglaterra, o nosso espectro percorre os Beatles e o Radiohead. É bom ser influenciado por tudo.

Sentem que a odisseia do Almirante ficou mais perceptível com este trabalho?
Agora é que se vai começar a desvendar este Almirante. Mesmo para nós. Estamos a descobri-lo. Cada vez que tocamos os temas, sentimo-los de maneiras distintas. Essa é grande odisseia para nós.

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Pedro Salgado é jornalista português e colabora com a Revista O Grito! revelando a cena pop independente de Lisboa. Leia mais dos textos dele.