DFB 2015: Desfiles de Jadson Raniere, Vitorino Campos e Lizzi trouxeram look mais urbano

jadson
Looks de Jadson Raniere: personalidade forte, tendências urbanas. (Divulgação).
Looks de Jadson Raniere: personalidade forte, tendências urbanas. (Divulgação).
Looks de Jadson Raniere: personalidade forte, tendências urbanas. (Divulgação).

Por Alexandre Figueirôa
De Fortaleza

Coleções mais voltadas para um look urbano, seguindo as tendências dos grandes centros e menos conceituais marcaram o terceiro dia de desfiles do Dragão Fashion Brasil. Além dos estilistas renomados, o DFB apresentou ainda os primeiros concorrentes do Concurso dos Novos Talentos, espaço reservado para trabalhos realizados por estudantes de Moda de diversas instituições brasileiras.

Leia Mais
Lindebergue Fernandes e Melk Zda levam novos desafios
Arte Gótica e Concretismo ganham as passarelas

Siga a Revista O Grito! no Instagram

O desafio lançado aos estudantes acompanhou o espírito que move o DFB, equilibrar valores antagônicos como tradição versus inovação propondo uso inovador de tipologias artesanais em looks capazes de aliar conceito e apelo comercial. Na primeira etapa vista ontem, as escolas deram conta do desafio levando para a passarela peças cuidadosamente trabalhadas.

Um dos destaques entre os novos foi a coleção Realezas do Sertão do curso de Design de Moda da Faculdade Ateneu do Ceará. Os looks mostrados uniam imagens rústicas e artesanais, trabalhando texturas e composições simples, porém com a introdução de elementos capazes de traduzir um olhar contemporâneo sobre eles. Os estudantes do Centro Universitário Estácio mostraram a coleção Etnia, com roupas focadas na composição de fibras e fios e explorando cores naturais e vibrantes.

Weider: coleção inspirada na tribo Mapuche. (Divulgação).
Weider: coleção inspirada na tribo Mapuche. (Divulgação).

O artesanal sofisticado foi também o mote do desfile do piauiense Weider Silveiro, abrindo os desfiles dos nomes consagrados da noite de sábado. Weider trouxe uma coleção inspirada nos Mapuche, tribo indígena do Chile, apresentada com trilha sonora cantada ao vivo. As roupas apontaram para um visual urbano mesclando casualidade e ousadia. No conjunto, elas evoluem da transparência de peças tramadas em tear manual para blazers e vestidos com formatos de figuras geométricas e também o uso de brilho onde o estilista deu um toque glamouroso ao seu trabalho.

Jadson Ranieri: casualidade e ousadia. (DIvulgação).
Jadson Ranieri: casualidade e ousadia. (DIvulgação).

O pernambucano radicado em São Paulo Jadson Raniere, um dos destaques do último desfile da Casa de Criadores, fez também um belo desfile em que a sinergia entre elementos urbanos e toques florais resultaram numa coleção alegre, leve e envolvente. Foi o mesmo material apresentado no evento de São Paulo e Raniere permaneceu fiel ao estilo cosmopolita que vem marcando seu trabalho. As peças masculinas e femininas revelaram o gosto do estilista pela alfaiataria, apostando numa modelagem que reinventa e descontrói moldes tradicionais.

A renda voltou a ter destaque no DFB dessa vez pelas mãos de Ivanildo Nunes. Com todas as peças em cor preta e uma trilha solene e dramática, o desfile do estilista cearense foi um dos mais ovacionados da noite do sábado. Os vestidos extremamente elaborados buscam harmonizar rendas industriais e artesanais. Nunes é mais um a apostar nos processos tradicionais de produção de renda apresentando-os de forma inovadora. Sua coleção foi inspirada na arquitetura de Oscar Niemeyer de traços simples e estruturas ousadas. Nunes mais uma vez valorizou as comunidades artesãs, levando as rendeiras da comunidade de Penedo, em Maranguape, para os agradecimentos da passarela.

Lisyane Arize, da marca franco-brasileira Lizzi, trouxe ao DFB 2015 uma coleção exclusiva intitulada Trabalhadores do Mar, inspirada no livro homônimo de Victor Hugo e no romance Cais do Coração de Josué Montello. Para construi-la foi observar técnicas manuais desenvolvidas pela cultura litorânea maranhense. Suas peças apresentaram mistura de tecidos, couro e plumas de aves com predominância das cores vermelha, azul e preta em vestidos curtos de corte reto.

As mulheres de Vitorino no Dragão. (Divulgação).
As mulheres de Vitorino no Dragão. (Divulgação).

Já os desfiles de Rebeca Sampaio e Vitorino Campos deslocam-se mais para o campo da moda onde a autoria tem menos evidência, embora sejam trabalhos com forte personalidade onde o estilo individual mescla-se com as tendências do momento. Rebeca realizou um trabalho apontando para elementos telúricos na composição e explorou as profundezas do mar e as cores e formas de peixes dessas zonas. Uma de suas modelos foi a transgênero Valentina Sampaio.

Vitorino mergulhou na água, mas a água das piscinas. Ele fez um flash-back de seu desfile realizado no último São Paulo Fashion Week, apresentando sua colecão de inverno marcada por texturas variadas, a predominância dos tons azuis e o uso de peles. Hoje, temos a última noite do DFB com a segunda etapa do concurso de jovens estilistas e desfiles de Jefferson Ribeiro e Ronaldo Silvestre, entre outros.

* O jornalista viajou a convite da organização do evento.