Daniel Santiago e o convite ao sonho em nova mostra

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Fotos: Divulgação/Mamam,
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Fotos: Divulgação/Mamam.

O artista Daniel Santiago ocupa o Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam), no Recide, com a exposição Daniel Santiago em dois tempos. A mostra é composta por cerca de 30 obras, muitas inéditas, selecionadas pela curadora Joana D´Arc Lima. A mostra é espécie de celebração e reconhecimento da trajetória do artista de 78 anos que começou sua carreira na década de 1960 e, hoje, 50 anos depois, segue em ótima forma. A última individual do artista por aqui foi em 2011.

O pavimento térreo do Museu será tomado por UM SONHO DE EZRA POUND, composta por 20 camas de solteiro que convidam o visitante a tirar uma soneca. O artista conta que a ideia dessa obra nasceu quando ele ficou sabendo que o poeta Ezra Pound dizia que a realidade não é essa que vivemos, na verdade, a realidade é quando sonhamos. “Aqui, nós estamos lutando pela sobrevivência para poder sonhar. Nós estamos lutando para sobreviver e quando temos tempo vamos para a realidade que é exatamente o sonho. Queria levar as pessoas para essa realidade, e, para sonhar, é preciso dormir, por isso imaginei logo as camas”, disse.

Na vernissage, que acontece nessa terça (20), o artista convidou visitantes e artistas para pernoitarem no museu. Por isso todo o público também deve comparecer ao vernissage com o dress code proposto: pijama. Toda essa movimentação na inauguração será documentada em vídeo e passará a compor a mostra. A produção das fronhas e lençóis – feitos em tecido de algodão – ficou a cargo do também artista visual Carlito Person, que está compondo os 20 jogos de cama, utilizando técnica de estamparia artesanal com carimbos, cujas imagens remetem a personagens flutuantes que parecem caminhar para dentro de um sonho.

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Santiago deitado na cama-exposição. (Divulgação/Mariana Oliveira).

Já no primeiro andar, será apresentada uma seleção de obras do artista desenvolvidas ao longo de sua carreira. Diante da diversidade de suportes, projetos, ideias e conceitos que perpassam o trabalho de Daniel, a produção optou por unificar o modo de apresentação. Por isso, em vez de expor desenhos, pinturas, instalações, registros de performances, o público teve acesso às obras por meio de lambe-lambe, impressos no formato 90x120m, além de seis vídeos.

Para compor as mostras, a curadora Joana D’Arc Lima iniciou uma vasta pesquisa no ateliê do artista e em seus arquivos. Nesse processo de seleção, não foram escolhidas apenas obras finalizadas, mas também projetos nunca realizados, rejeitados numa Bienal, por exemplo. “Pretendemos fazer certo deslocamento, trazer outros ‘Danieis’. São ideias que muitas vezes não chegaram a ser materializadas, mas que tem força e fazem de seu arquivo algo pulsante”, diz. Para ela, entrar no universo de Daniel Santiago é perceber a sua sofisticação poética singular, que busca quase sempre referências na literatura, passando por Fernando Pessoa, Augustos dos Anjos, Becket, Hemingway, e o próprio Ezra Pound. “O seu gesto poético é muito forte”, resume a curadora.

A exposição vai até o dia 13 de agosto. O Mamam – Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães fica na Rua da Aurora, 265 – Boa Vista. A visitação acontece de terça a sexta, das 12h às 18h. Sábados e domingos das 13h às 17h.

Veja algumas das obras que estarão no Mamam.

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