Crítica: Sombras da Noite, de Tim Burton

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Parceria entre Tim Burton e Johnny Depp apresenta desgaste em Sombras da Noite

Uma obra com a parceria Johnny Depp e Tim Burton sempre gerou buzz e expectativas no showbiz, mas isso pode mudar depois de Sombras da Noite, que estreia no Brasil. É que o longa, uma típica produção burtoniana, mostra que a junção Depp-Burton pode ter alcançado o limite da criatividade, tornando-se repetitivo. Claro, ainda é uma mistura de humor e horror bem superior aos blockbusters do gênero, mas representa uma mudança de paradigma para a marca Burton em Hollywood. O longa é baseado em um seriado de TV que foi sucesso entre os anos 1960 e 70.

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Esta é a oitava parceria entre Tim Burton e Johnny Depp, ator que é praticamente uma contraparte sua em tela. Na história, passada em 1752, Depp é Barnabas, um antigo empresário que fundou a cidade de Collinsport, dedicada ao comércio de frutos do mar. Ele teve um romance com a bruxa Angelique (Eva Green), mas a trocou por outra mulher, a delicada Josette (Bella Heathcote). Magoada, a feiticeira lança um maldição, mata os pais de Barnabas, faz com que sua rival se mate e transforma o empreendedor em um vampiro.

Encaixotado por quase dois séculos, ele acorda em 1972, na ebulição do rock e o fim da era hippie. Agora, ele tentará recuperar o brilho perdido de sua família, hoje decadente, mas precisa lidar com Angelique, hoje uma empresária de sucesso. É desse choque cultural que Burton se apoia para fazer graça. Os momentos entre a modernete e rebelde de butique interpretada por Chloë Grace-Moretz estão entre os mais engraçados. O longa também faz brilhar outra descendente do vampiro, Elizabeth, Michelle Pfeiffer, em um papel que ela pediu especialmente para o diretor.

dark shadows eva green

O filme ainda traz participações especiais como o ator Christopher Lee e o roqueiro Alice Cooper (que atua como ele mesmo). Outra persona recorrente, Helena Bohan-Carter também está aqui, no papel da psiquiatra bêbada da família. A reconstrução da época é muito bem feita e ganhou aqueles contornos e cores já conhecidos de Burton. No mais, Sombras da Noite cumpre todos os elementos para ser reconhecido rapidamente com a assinatura do diretor: é um horror-fofo e colorido, com pitadas de escatologia e humor negro. Falta a inventividade que ficamos acostumados após clássicos como Edward Mãos de Tesoura, Ed Wood, e até os recentes Sweeney Todd – O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet, A Noiva Cadáver e Peixe Grande.

No entanto, Sombras da Noite ainda possui carisma para entreter fãs e não-fãs do diretor. A história traz uma bem-humorada visão do vampirismo, em tempos de enaltecimento desses sanguessugas (vide True Blood), ao mostrar Barnabas como um inseguro e anacrônico lorde vampiro. A interpretação de Depp pode dar àquela velha sensação de “já vi isso antes”, mas ele tem talento suficiente para ficarmos com dó durante todo o tempo. [Paulo Floro]

darkSOMBRAS DA NOITE
Tim Burton
[Dark Shadows, EUA, 2012]
Com Johnny Depp, Michelle Pfeiffer e Eva Green
Warner Bros.

Nota: 7,3

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