Crítica: Nana | Pequenas Margaridas

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Nana faz fofurice com conteúdo em disco de estreia

O “pop confortável”, se existisse como um gênero já estabelecido caberia bem na baiana Nana, de apenas 22 anos, que lança seu disco de estreia Pequenas Margaridas. Construído a partir de sutilezas, o nome do álbum foi tirado de um filme homônimo da diretora checa Vera Chytilová, de 1966. O tom açucarado é escancarado, como se pode ver na capa do disco, nas fotos de divulgação, no primeiro clipe “Montanha Russa” e nas letras de “Aniversário” e na faixa-título.

O excesso de fofura é compensado com um trabalho conceitual muito bem realizado, que mostra um apuro estético que surpreende para um trabalho de estreia de alguém tão jovem. Nana começou a carreira na web à base do arrisque-pra-ver, participando de diversas coletâneas como a Jeito Felindie, do Fita Bruta e Re-Trato, onde tocou “Retrato Para Iaiá”, do Los Hermanos.

Para este álbum, ela compôs, arranjou e gravou todas as faixas em seu quarto. Depois acrescentou voz em estúdio e contou com finalização feita por Luís Calil, do Cambriana. O desafio dele foi deixar o lado mais bruto e amador, que tem o seu charme, com alguma sofisticação que realçasse o lado eletrônico mais orgânico. A ideia foi fazer uma produção mínima, onde o lo-fi ficasse enaltecido. Deu certo. Nana tem carisma e boas referências, o que cria identidade forte em seu som. É uma versão indie e mais bruta de militantes da fofura como Clarice Falcão. Além do mais, seu disco encontra parâmetro dentro de uma nova turma da MPB que soube fazer bom uso de programações eletrônicas e samplers, como Céu, Kassin. Um electro com muita cara de Brasil, enfim.

Há muitos bons momentos em Pequenas Margaridas, como as batidas de “Céu de Estocolmo”, o electrobatuque de “I Can’t Fall In Love”, mas ainda há muito a ser trilhado por Nana. A começar pelo tom monótono de sua voz. Apesar de doce e de casar bem com sua proposta sonora, falta adicionar nuances, timbres, o que daria mais personalidade a cada música isoladamente. Soa como uma limitação, mas vamos considerar como parte do conjunto. É da originalidade que Nana tira sua força nessa estreia, mas ainda a aguardamos em um trabalho mais consistente e com produção mais arrojada para ver como se sai.

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Pequenas Margaridas
[Independente, 2013]

Nota: 7,0

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=LhLbMD9u33c

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