Crítica: Nação Zumbi x Mundo Livre S.A.

capa mundo livre s.a. vs nação zumbi

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CARANGUEJOS GIGANTES
Disco que traz embate entre Mundo Livre S.A. e Nação Zumbi mostra que o manguebeat segue em boa forma

Da explosão do mangue beat nos anos 1990, as bandas Nação Zumbi e Mundo Livre S.A. foram as que mais reverberaram a efervescência daquele período. Cada uma seguiu caminhos bem distintos, mas ao mesmo tempo carregaram em comum o fato de servirem como farol de um dos períodos mais criativos da história da música brasileira nos últimos tempos. A partir deles, foi possível descobrir sons ainda mais diversos e grupos não tão conhecidos fora do Recife. Mas isso é outra história.

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As duas bandas participam do projeto de embates da gravadora Deck e lançam juntas esse disco em que uma toca sucessos da outra. Foi a importância de ambas dentro do mangue o ponto em comum para armar esse embate. O disco segue um clima de celebração e ajuda a entender como cada uma conseguiu firmar sua personalidade dentro da mesma estética. A Mundo Livre mais ligada ao samba e à herança soul da MPB e a Nação mais ligada ao metal e também às raízes da cultura popular.

Nesse disco estão presentes hits do início da Nação Zumbi, ainda com Chico Science à frente, como “A Praieira” e “A Cidade”, que ganharam um ritmo mais leve e até melancólico. Já “Meu Maracatu Pesa Uma Tonelada”, grande sucesso arrasa-quarteirão da fase pós-Chico virou um electro experimental com voz robótico estranhíssima. Fred 04 vai ainda mais melancólico em “No Olimpo”. O mais legal dessa primeira parte do disco é como o cavaquinho do Mundo Livre conseguiu se comunicar bem com o peso de faixas como “Rios, Pontes e Overdrives”.

Toca Ogan, Jorge Du Peixe, Dengue, Gilmar Bola 8, Lucio Maia e Pupilo (da esq. p/ dir.): além da nostalgia. (André Fofano/Divulgação)
Toca Ogan, Jorge Du Peixe, Dengue, Gilmar Bola 8, Lucio Maia e Pupilo (da esq. p/ dir.): além da nostalgia. (André Fofano/Divulgação)

Na segunda metade, a impressão é que a Nação enfrentou um desafio ainda maior de trabalhar em cima das faixas dos colegas. Por isso mesmo, o resultado é mais interessante. Não que ninguém esteja buscando um vencedor nesse “embate”, mas a parte final do disco é uma boa surpresa a cada faixa. Trabalhados por anos à base de guitarras pesadas e tambores, o grupo se deu bem em sua versão de “Musa da Ilha Grande” (um dos maiores sucessos do Mundo Livre S.A.) e “Bolo de Ameixa”, que virou um heavy metal bem básico e potente.

O ritmo vai ficando mais devagar em “Girando em Torno de Som”, com uma pegada psicodélica e “Pastilhas Coloridas”. Esse trabalho coloca novamente holofotes na época do mangue, um dos períodos mais criativos da música pop brasileira e que pelo que podemos ouvir nesse disco, segue em boa forma. [Paulo Floro]

capa-mundo-livre-s.a.-vs-nação-zumbi-300x300MUNDO LIVRE S.A.E NAÇÃO ZUMBI
Mundo Livre S.A./Nação Zumbi
[Deck, 2013]
[Recomendado]

Nota: 9,0

A Mundo Livre S/A (Divulgação)
A Mundo Livre S/A (Divulgação)