![Foto: Divulgação.](https://revistaogrito.ne10.uol.com.br/page/wp-content/uploads/2015/01/invencivel1.jpg)
Invencível, novo longa de Angelina Jolie, mostra limites do sofrimento em meio à guerra
Por Paulo Floro
O que é mais visível no trabalho de Angelina Jolie como diretora é seu comprometimento. No seu segundo longa-metragem, Invencível, ela retrata a história de Louis Zamperini (Jack O’Connell), um corredor olímpico que sobreviveu a 47 dias à deriva no mar do Pacífico após um acidente de avião e foi prisioneiro de guerra dos japoneses. E o pano de fundo é a Segunda Guerra Mundial, ajudando a reforçar a força-motriz da ainda incipiente carreira de Jolie como autora, que é trazer um olhar sobre conflitos. Mas, aqui, ela decidiu seguir os passos de mestres do cinemão hollywoodiano como Clint Eastwood, que buscam exacerbar o lado humano dos heróis em situações de conflito.
Depois de um filme independente pouco visto passado na Guerra da Bósnia, Na Terra do Amor e Ódio, Jolie apostou suas fichas em uma história com apelo popular. E fez isso com dois ganchos com eficácia comprovada à exaustão: dramas sobre a 2ª Guerra Mundial e histórias verídicas de superação. Invencível ainda possui o apelo universal da trama “inspiracional”, carregada de elementos que surgem na tela como aprendizado. Praticamente não há conflitos que mostrem um lado humano um tantinho mais complexo dos personagens.
![Angelina ao lado de Zamperini, que morreu logo após o filme ficar pronto. (Divulgação).](https://revistaogrito.ne10.uol.com.br/page/wp-content/uploads/2015/01/unbroken_-_angelina_jolie_e_louis_zamperini.jpg)
Jolie coloca seu filme no mesmo time de sucessos como Menina de Ouro, Carruagens de Fogo e As Aventuras de Pi. No caso dela, o desafio posto é a sobrevivência, e os percalços encontrados incluem um perigoso mar do Pacífico, a fome e os sofrimentos em um campo de trabalhos forçados em uma prisão de guerra no Japão. No meio desses conflitos, Louie encontra seu nêmesis, o comandante Watanabe (Takamasa Ishihara). Sádico e violento ele submete o protagonista a toda sorte de humilhações e testes, mas ao final se mostra como um incentivador para que continue a resistir. A resiliência foi a real vingança de Louie e seus colegas prisioneiros em uma guerra às vésperas do fim.
Invencível é bem montado e filmado com uma sobriedade que mostra uma evolução de Jolie como diretora. Sem arroubos melodramáticos ou manipulação, ela se esforçou em contar uma boa história. Mas ainda é um drama cheio de concessões, recursos seguros de direção e diversas convenções já bastante utilizadas por filmes em busca de redenção como esse.
Além disso, sua narrativa é esquemática, sem problematizações, pintando seu protagonista praticamente como um super-herói. Baseado no livro Invencível: Uma História de Sobrevivência, Resistência e Redenção“, de Laura Hillenbrand, o filme contou com os irmãos Joel e Ethan Coen no roteiro. Há momentos que despertam uma veracidade contudente no que diz respeito aos sentimentos, mas ao final temos a sensação de oportunidade desperdiçada. É um longa que salta aos olhos por sua eficácia, mas que não desperta a paixão necessária em um tema tão humano e grandioso como a vida de Zamperini e a 2ª Guerra.
INVENCÍVEL
De Angelina Jolie
Com Domhnall Gleeson, Finn Wittrock, Garrett Hedlund
[Unbroken, EUA, 2014]
Paramount Pictures