Crítica – Cinema: Invencível, de Angelina Jolie

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Foto: Divulgação.
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Invencível, novo longa de Angelina Jolie, mostra limites do sofrimento em meio à guerra

Por Paulo Floro

O que é mais visível no trabalho de Angelina Jolie como diretora é seu comprometimento. No seu segundo longa-metragem, Invencível, ela retrata a história de Louis Zamperini (Jack O’Connell), um corredor olímpico que sobreviveu a 47 dias à deriva no mar do Pacífico após um acidente de avião e foi prisioneiro de guerra dos japoneses. E o pano de fundo é a Segunda Guerra Mundial, ajudando a reforçar a força-motriz da ainda incipiente carreira de Jolie como autora, que é trazer um olhar sobre conflitos. Mas, aqui, ela decidiu seguir os passos de mestres do cinemão hollywoodiano como Clint Eastwood, que buscam exacerbar o lado humano dos heróis em situações de conflito.

Depois de um filme independente pouco visto passado na Guerra da Bósnia, Na Terra do Amor e Ódio, Jolie apostou suas fichas em uma história com apelo popular. E fez isso com dois ganchos com eficácia comprovada à exaustão: dramas sobre a 2ª Guerra Mundial e histórias verídicas de superação. Invencível ainda possui o apelo universal da trama “inspiracional”, carregada de elementos que surgem na tela como aprendizado. Praticamente não há conflitos que mostrem um lado humano um tantinho mais complexo dos personagens.

Angelina ao lado de Zamperini, que morreu logo após o filme ficar pronto. (Divulgação).
Angelina ao lado de Zamperini, que morreu logo após o filme ficar pronto. (Divulgação).

Jolie coloca seu filme no mesmo time de sucessos como Menina de Ouro, Carruagens de Fogo e As Aventuras de Pi. No caso dela, o desafio posto é a sobrevivência, e os percalços encontrados incluem um perigoso mar do Pacífico, a fome e os sofrimentos em um campo de trabalhos forçados em uma prisão de guerra no Japão. No meio desses conflitos, Louie encontra seu nêmesis, o comandante Watanabe (Takamasa Ishihara). Sádico e violento ele submete o protagonista a toda sorte de humilhações e testes, mas ao final se mostra como um incentivador para que continue a resistir. A resiliência foi a real vingança de Louie e seus colegas prisioneiros em uma guerra às vésperas do fim.

Invencível é bem montado e filmado com uma sobriedade que mostra uma evolução de Jolie como diretora. Sem arroubos melodramáticos ou manipulação, ela se esforçou em contar uma boa história. Mas ainda é um drama cheio de concessões, recursos seguros de direção e diversas convenções já bastante utilizadas por filmes em busca de redenção como esse.

Além disso, sua narrativa é esquemática, sem problematizações, pintando seu protagonista praticamente como um super-herói. Baseado no livro Invencível: Uma História de Sobrevivência, Resistência e Redenção“, de Laura Hillenbrand, o filme contou com os irmãos Joel e Ethan Coen no roteiro. Há momentos que despertam uma veracidade contudente no que diz respeito aos sentimentos, mas ao final temos a sensação de oportunidade desperdiçada. É um longa que salta aos olhos por sua eficácia, mas que não desperta a paixão necessária em um tema tão humano e grandioso como a vida de Zamperini e a 2ª Guerra.

invencivel11INVENCÍVEL
De Angelina Jolie
Com Domhnall Gleeson, Finn Wittrock, Garrett Hedlund
[Unbroken, EUA, 2014]
Paramount Pictures

6,5

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