Animação brasileira, “A Menina e O Pote”, de Valentina Homem, será exibida em Cannes

Dirigida por Valentina Homem, a animação será exibida na mostra competitiva da Semana da Crítica

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A protagonista do filme fala Nheegatu, idioma dos indígenas brasileiros (Reprodução)

Com direção e produção de Valentina Homem, A Menina e O Pote terá sua estreia mundial no Festival de Cannes. O curta em animação será exibido na mostra competitiva da Semana da Crítica, e terá sua primeira sessão no dia 21 de maio, às 14h15 e às 20h (horário local), no Cinéma Miramar

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“Alguns dos símbolos que organizam a narrativa são metáforas de episódios bastante íntimos: o pote, o seu rompimento, o vazio que o preenchia, a perda de contornos, a busca por uma tampa e a integração final com o vazio dentro do pote. Anos depois, eu estava investigando a cosmogonia ameríndia e fazendo experiências com Plantas Sagradas Amazônicas, e percebi como a trajetória da Menina espelhava, de alguma forma, a de uma iniciação xamânica. Quando começamos a fazer o filme, decidi imbuir a história com símbolos que enraizassem a menina na cultura ameríndia.”, afirma a diretora.

Para transformar isso em filme, Valentina contou com a consultoria da antropóloga indígena Francy Baniwa, e o roteiro, além delas duas, teve a colaboração, também, de Nara Normande, Tati Bond e Eva Randolph

AMEOP 1.6.7
(Sempre Viva/ Reprodução)

A história foi construída com referências à cosmologia Baniwa e também algumas influências da mitologia Yanomami, conforme descrito no livro seminal de Davi Kopenawa Yanonmi, “A Queda do Céu”. A realização do filme foi colaborativa durante todo o processo. Nara Normande foi a diretora de animação e Eva Randolph editou o filme. Tati Bond foi responsável pela direção artística e foi a única animadora do filme, assumindo a função de codiretora de Valentina.

“O filme é fruto do nosso sonho coletivo: sonhar com a floresta, ser floresta – resgatar memórias ancestrais, que conservam também o que está por vir. As mitologias ameríndias, ao contrário do pensamento ocidental, não concebem um mundo sem nós, por isso penso no nosso tempo como uma era pré-cosmogónica, mas é urgente reflorestar os nossos imaginários – E espero que o filme possa ser um portal para uma futuro possível”, conclui a diretora.