Plataforma que mapeia casos de censura a artistas no Brasil é relançada em novo site e ganha mais conteúdo

O Observatório de Censura à Arte tem como marco inicial a mostra Queermuseu - Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, que aconteceu em Porto Alegre em 2017

Observatorio de Censura a Arte
Projeto já registrou mais de 90 casos em diversas áreas da cultura desde 2019. (Foto: Divulgação).

O Observatório de Censura à Arte, plataforma do Nonada Jornalismo que mapeia casos recentes de censura a artistas no Brasil, ganhou um novo site e, agora, chega ao público com mais conteúdo. Lançada em 2019, a plataforma já registrou mais de 90 ataques a diversas áreas da cultura, tendo como marco inicial a mostra Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, caso de censura emblemático que aconteceu em Porto Alegre no ano de 2017.

Entre os novos conteúdos do projeto está a newsletter Firmina, que faz semanalmente uma curadoria de notícias sobre liberdade artística, educacional e religiosa no Brasil; o podcast Cartografias da Censura à Arte, que propõe uma reflexão sobre a história do cerceamento à liberdade de expressão no país, em especial durante o período de ditadura militar; e o Dossiê Arte, Diversidade e Liberdade de Expressão, pesquisa que propõe uma reflexão sobre a história da censura a produções culturais brasileiras e seu entrelaçamento com temáticas afro religiosas, feministas e queer.

Além disso, foi adicionada uma aba “Impacto”, que contém um acervo de publicações acadêmicas que pesquisaram o cerceamento à liberdade artística recente no país utilizando a plataforma como referência. Um exemplo é o artigo A política cultural e o governo Bolsonaro, que buscou evidenciar e discutir as mudanças institucionais sofridas pela política cultural no Brasil durante o governo passado.

A repressão à liberdade artística continua

Em 2023, cinco novos ataques a artistas brasileiros foram adicionados ao levantamento, incluindo exposições LGBTQIA+ e esculturas em homenagem a culturas africanas, o que demonstra que a repressão a artistas e trabalhadores da cultura ainda continua por parcelas da população e também por governantes.

De acordo com o Nonada, todo os casos são coletados com base em denúncias e pesquisas em meios jornalísticos e de comunicação, cuja veracidade é checada antes de serem registrados na plataforma. A metodologia adotada segue os critérios do Observatório de Comunicação, Liberdade de Expressão e Censura da USP, que define a censura como “um ato que visa alterar, modificar, silenciar, interditar manifestações de produção simbólica – livros, revistas, charges, encenações teatrais, músicas, danças, pintura, desenho, notícias, conteúdos digitais, games.”

O Nonada Jornalismo é uma organização sem fins lucrativos que entende a cultura para além da produção artística. Desde 2010, busca ecoar com viés decolonial as múltiplas vozes que formam a cultura brasileira, com enfoque em pautas sobre processos artísticos, políticas culturais, comunidades tradicionais, culturas populares, censura e direitos humanos, memória e patrimônio.