“Nós somos diversas”: Cida Gonçalves é empossada ministra das Mulheres

Segundo a ministra, nova pasta atuará em defesa "das diversas mulheres que compõem a nossa sociedade: negras, brancas, indígenas, LBTQIA+, as do campo, da cidade e das águas"

cida goncalves
Cida Gonçalves foi secretária nacional de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres nos governos Lula e Dilma. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil).

Em cerimônia ocorrida nessa terça-feira (3), no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), a especialista em violência de gênero e ativista dos direitos das mulheres, Aparecida Gonçalves, tomou posse como ministra das Mulheres. Ao lado do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, a nova pasta é resultado da extinção, pelo governo Lula, do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos (MMFDH), criado na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

“Agradeço às mulheres que vieram e lutaram antes de mim e que me formaram. Agradeço aos movimentos feministas e aos movimentos de mulheres que se levantaram por décadas e se levantam ainda hoje pelo direito das mulheres. Agradeço às mulheres que são 52% da população neste país e que foram as grandes responsáveis pela eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por nos ajudar a encerrar um governo machista, patriarcal, misógino, racista e homofóbico”, assim Cida Gonçalves iniciou seu discurso em uma solenidade que contou com a participação de diversos movimentos sociais.

A cerimônia também foi prestigiada por várias ministras do atual governo, como Marina Silva (Meio Ambiente), Sônia Guajajara (Povos Indígenas), Margareth Menezes (Cultura), Anielle Franco (Igualdade Racial), Nísia Trindade (Saúde) e Simone Tebet (Planejamento). A catadora Aline Souza, que colocou a faixa presidencial em Lula, no dia da posse, também participou.

Ativista do movimento feminista, Cida Gonçalves participou da fundação da Central dos Movimentos Populares no Brasil (CMPBrasil), em 1993. Foi assessora técnica e política da Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para a Mulher de Mato Grosso do Sul entre os anos de 1999 e 2000, durante a primeira gestão do ex-governador Zeca do PT. Nos governos Lula e Dilma, foi secretária nacional de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres.

Em seu discurso, Gonçalves destacou que o ministério atuará em defesa de todas as mulheres do país. “Das que votaram e das que não votaram conosco e das diversas mulheres que compõem a nossa sociedade: negras, brancas, indígenas, LBTQIA+, as do campo, da cidade e das águas”. Para ela, o fato de a nova pasta ser nomeada com o substantivo mulheres, no plural, indica um caminho de reconhecimento e valorização da diversidade da sociedade brasileira por parte do novo governo.

Ainda na ocasião, a recém-empossada ministra teceu críticas ao governo anterior, responsável, segundo ela, pela destruição dos direitos da mulher. “Nesse projeto de destruição, a mulher como sujeito de direitos só foi vista e pensada dentro de uma construção determinada de família patriarcal, como se houvesse apenas um tipo de mulher e apenas um tipo de família a ser atendida pelas políticas públicas”.

Também de acordo com a nova ministra, o projeto de lei orçamentária enviado ao Congresso, em agosto do ano passado, pela equipe do ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, previu recursos insuficientes para a pasta. “[São] Míseros R$ 23 milhões para [as ações agora sob a responsabilidade] este ministério, o que representa apenas 10% dos valores [destinados ao setor] no orçamento de 2015”, afirmou. Mas ressaltou que trabalhará pelo aumento do orçamento público para as mulheres.

O novo Ministério das Mulheres será composto por, no mínimo, três secretarias nacionais: a de Enfrentamento à Violência, que terá como prioridade reconstruir o programa Mulher, Viver Sem Violência e garantir o funcionamento das Casas da Mulher Brasileira e do Disque 180; a de Autonomia e Políticas de Cuidados, que ficará responsável pela promoção da inserção das mulheres no mercado de trabalho e por criar mecanismos de enfrentamento à desigualdade salarial e ao assédio; e a de Articulação Institucional e Participação Política, responsável por reconstruir as articulações internas e externas para garantir a efetividade das ações da pasta.

Com informações da Agência Brasil.