Faleceu, no início da madrugada de hoje (24), o multiartista baiano Edy Star, aos 87 anos. O seu estado de saúde era considerado gravíssimo, com complicações respiratórias e renais agravadas por um acidente doméstico sofrido na semana passada. Na terça-feira (22), o artista deu entrada no Complexo Hospitalar de Heliópolis, na zona Sul da cidade de São Paulo, onde Edy morava. O falecimento foi comunicado através das redes sociais do artista.
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“É com imensa tristeza que comunicamos o falecimento de Edy Star, no início da madrugada de hoje, 24 de abril. Ele chegou ao hospital em estado gravíssimo, foi submetido à diálise, mas enfrentava complicações mais severas. Edy viveu como quis — com arte, coragem e liberdade — e sempre merecerá nosso aplauso. Agradecemos profundamente todas as manifestações de carinho, solidariedade e mobilização nos últimos dias.”, diz a legenda da postagem.
A trajetória de Edy Star
Edivaldo Araújo de Souza nasceu em 10 de janeiro de 1938 em Juazeiro, na Bahia, onde viveu por pouco tempo até se mudar para Salvador junto de sua família. Desde cedo teve contato com arte, expressando uma relação especial com o desenho – e posteriormente se tornou um artista plástico reconhecido -, mas não pensou em seguir carreira artística até a década de 1960, período em que começou a circular entre os grupos artísticos da época, onde conheceu Raul Seixas, Maria Bethânia, Caetano Veloso e Gilberto Gil. Em 1966 veio ao Recife, onde participou do espetáculo “Memória de Dois Cantadores”, com Naná Vasconcelos e Teca Calazans, além de trabalhar em programas de TV.
Já em 1970, após uma demissão, Edy se reaproximou de Raul Seixas e foi convidado pelo cantor para participar da concepção e produção do álbum Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10, na gravadora CBS, junto do próprio Seixas, Sérgio Sampaio e Miriam Batucada. O disco foi lançado em 1971 e passou pouco tempo nas lojas até ser retirado pela censura do Regime Militar, mas se tornou um marco na contracultura brasileira.
Após a repercussão do projeto Kavernista a CBS adotou uma postura conservadora e parou de apostar em projetos ousados, o que resultou na saída de Edy da empresa. No ano seguinte, 1972, o artista baiano se aproximou da noite carioca na Praça Mauá, onde se instalou como uma figura disruptiva, com apresentações que afrontavam tabus sexuais e de gênero. Foi neste período que passou a se apresentar como Edy Star.

Após o sucesso nas boates cariocas, recebeu um convite da gravadora Som Livre e gravou o disco Sweet Edy, seu único trabalho solo de estúdio em 40 anos de carreira, mas com impacto suficiente para tornar Edy Star reconhecido como artista que desafiava rótulos de imagem e de gênero musical, apesar do enquadramento de sua música no Glam Rock, o qual recusou posteriormente. Depois do disco, mais frustrações com a indústria musical resultaram na imigração de Edy para a Espanha, de onde retornou em 2009.
No final dos anos 2010 viveu um revival de sua arte e lançou mais dois discos: Cabaré Star (2017) e Meu Amigo Sérgio Sampaio (2023), um disco de reinterpretações de clássicos compostos por Sampaio.