Em sete dias Jadsa se reuniu com o produtor Antonio Neves, apresentou as canções para um time de músicos nas vésperas, e realizou, quase de improviso, a sequência para um dos álbuns mais aclamados dos últimos anos. “Esse modo de fazer foi uma escolha”, explica Jadsa. O resultado é big buraco, terceiro disco solo de Jadsa, que sai nesta quinta-feira (29).
Em direção particular a um cancioneiro mais popular, a artista amplia os caminhos de sua composição para apresentar sua própria brasilidade moderna: “Eu queria essa cor. O teclado, bateria e baixo na cara, o sonho de ter sopros nas minhas faixas. Elis Regina de 71, as canções populares brasileiras dos anos 2000 e algo dos 90. Scratches”, pontua.
Mesmo assim foi cair num buraco sem saber o que tinha lá dentro. As faixas eram ouvidas uma vez, as ideias de arranjo passadas com sons de boca e gestos táteis para serem resolvidas em poucas horas de gravação de cada músico. É o que apresentam os primeiros versos do trabalho, com a introdutória “big bang”. Eles dão o tom de crença da artista, e mais ainda, ilustram uma realidade material do fazer música no país.

big buraco apresenta “um universo que é glorioso e fantasioso, o mar, as frutas todas e o amor de mãe”, em um amontoado de canções que celebram as próprias ideias composicionais de Jadsa com a liberdade e segurança de uma artista com mais de dez anos de carreira.
Neste novo capítulo, Jadsa remonta grandes cantoras e intérpretes da música brasileira ao se relacionar muito mais diretamente com a MPB, o neo-soul brasileiro, os sambas Rio-Bahia, o reggae e até blues. Mas também tem o scratch dos beats de Hip-Hop que, junto ao seu silabismo ritmado e as imagens construídas pelas suas letras afetuosas constroem uma obra muito própria e calorosa, que mesmo pop, retém em sua estrutura, o jeito, o corpo, a boca de Jadsa.