O Instituto Ricardo Brennand, no Recife, sedia a mais extensa retrospectiva já realizada sobre a obra do artista plástico Vik Muniz. Com curadoria de Daniel Rangel, a exposição A Olho Nu reúne mais de 200 trabalhos criados desde os anos 1980 até os dias atuais, percorrendo 37 séries emblemáticas do artista. A mostra fica em cartaz até o dia 31 de agosto de 2025.
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Além de revisitar imagens já conhecidas, como os retratos feitos com feijão, chocolate ou diamantes, a exposição também apresenta peças tridimensionais, como Concretismo Clássico (2025), escultura produzida especialmente para a mostra. “Essa sala aqui é a primeira vez que eu mostro as esculturas junto com as fotografias. E as esculturas são a origem dessas fotografias”, afirmou o artista durante a abertura para a imprensa.


Reconhecido internacionalmente por criar imagens complexas a partir de materiais inusitados e fotografá-las, Muniz define sua prática artística como uma forma de questionamento. “O artista não tem respostas, ele tem perguntas boas, sempre. E que essa exposição aqui seja um monte de pergunta boa. Espero que seja boa. É boa para mim, pelo menos”, comentou.
Com obras expostas em instituições como o Centre Pompidou (Paris), Tate Gallery (Londres) e o Guggenheim (Nova York), Vik Muniz acredita que seu trabalho é, antes de tudo, uma reflexão sobre a imagem, a percepção e a memória. “Eu uso muito pouco Photoshop, mas uso muita resolução. Minha técnica diz respeito ao aspecto da fotografia. Tem muita coisa que é reprodução. As pessoas perguntam: por que você não mostra o objeto? Porque o objeto está lindo. O objeto é parte do seu presente. Quando você fotografa algo que você fez, você o desloca no tempo também. Isso faz com que ele fique mais interessante, mais misterioso.”
Entre as séries presentes na exposição, estão Crianças de açúcar, Imagens de chocolate, Imagens de lixo, Imagens de diamantes, Dinheiro Vivo e outras que exploram a materialidade e a efemeridade. Para Muniz, os objetos e imagens com os quais trabalha dialogam com diferentes épocas e culturas. “Esses objetos todos têm crise de identidade. Têm uma coisa moderna, uma coisa antiga. E eles são engraçados. O humor, para mim, é uma técnica. Eu uso o humor não para ser engraçado, mas porque acho que o humor é uma maneira de deslocar, de desarmar a pessoa. E a pessoa que está rindo está pensando em alguma coisa.”


A exposição também aborda o impacto da fotografia na arte contemporânea. “A fotografia, na verdade, libertou a pintura do compromisso com a realidade. E o pintor passou a ter a responsabilidade de não fazer mais pinturas tentando retratar a realidade ou o mundo físico, mas de tentar entender a relação dele com aquele meio. O que é a pintura?”, reflete Muniz. “Eu acho que agora se tem uma oportunidade única, muito parecida com a dos pintores na época do impressionismo, quando a fotografia foi introduzida. A gente está num momento meio difuso com a realidade, tentando preencher isso com ideias.”
Além das obras, a mostra conta com uma linha do tempo e exibição de vídeo com depoimentos do artista, instalada no Octógono da Galeria Lourdes Brennand, espaço que abriga a exposição com quase mil metros quadrados e sete metros de pé-direito.
Serviço:
Exposição de Vik Muniz – A Olho Nu
Data: 13 de junho a 31 de agosto de 2025
Local: Instituto Ricardo Brennand
Endereço: Alameda Antônio Brennand, s/n, Várzea, Recife
Horário de visitação: Terça a domingo, das 10h às 17h (última entrada às 16h30)
Ingressos: Disponíveis no site e na bilheteria local
Informações: (81) 2121-0365 / 0334