A Lenda de Korra – Guerra Territorial
Bryan Konietzsko, Michael Dante DiMartino, Irene Koh e Killian Ng
Intrínseca, 242 páginas, 2023, R$ 69,90
O desenho animado A Lenda de Korra (que faz parte do universo de Avatar, da Nickelodeon) tornou-se uma das animações mais cultuadas por conta de sua representatividade LGBTQIA+. Mas, o potencial da série foi tolhido, talvez por pressões mercadológicas aliadas à homofobia, que impediram de desenvolver bem a relação da protagonista Korra com sua companheira, Asami. Guerra Terrotorial, livro que saiu pela Intrínseca no início do ano, é um alento aos fãs por continuar a jornada dos personagens após o fim do desenho.
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Korra é a nova reencarnação do Avatar, o único ser capaz de dominar os quatro elementos da natureza – água, fogo, ar e terra. Após a criação acidental de um portal para o mundo espiritual no final do desenho, a relação entre os dois mundos começa a ganhar atritos. Nesta HQ, que saiu nos EUA pela Dark Horse como uma série, Korra e Asami precisam atuar como uma ponte na relação dos espíritos com os seres humanos da Cidade República. Essa paz, claro, não vai durar muito e uma guerra acabará acontecendo.
É um gibi longo, então ainda há espaço para outras ameaças, como uma organização violenta conhecida como Ameaça Tripla, além de, claro, a própria relação das heroínas. O desenho, que chegou ao fim em 2014, fez história ao apresentar as duas heroínas como um casal. A cena final, com as duas de mãos dadas, foi um divisor de águas e abriu portas para boas representações LGBTQIA+ na animação infantil, como Steven Universo, She-Ra e Príncipe Dragão. O beijo entre as duas, porém, foi apenas implícito. Porém, os criadores da série confirmaram oficialmente em postagens no Tumblr que o romance entre as duas realmente era real.
A HQ consegue transpor o carisma de Korra para as páginas, com todas as suas nuances. Ela segue uma personagem impulsiva, falha, cativante, uma das melhores já escritas para o público infanto-juvenil. E, claro, há muito romance, até como uma compensação aos fãs que sofreram com esse apagamento no desenho original.
O texto, no entanto, não é muito o forte da HQ. É engessado, o que prejudica a narrativa em alguns momentos, perdendo a fluidez. Há também uma pressa em resolver os conflitos, tornando-os previsíveis. A arte e as cores são lindas e se relacionam bem com o desenho. Ideal para os fãs de Korra. Torcer que a Intrínseca não desista de finalizar a série por aqui.
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