Franz Ferdinand | Tonight: Franz Ferdinand

Franz Ferdinand (Foto: Divulgação)

UM CORPO QUE BALANÇA
Firmes na proposta de seu pop dancante, Franz Ferdinand acerta ao não tentar desesperadamente se reinventar, como fizeram seus compatriotas de década
Por Gabriel Gurman

FRANZ FERDINAND
Tonight: Franz Ferdinand
[Domino, 2009]

tonight ffHá não muito tempo atrás, o trauma de todas as bandas de rock era o famigerado segundo disco, que, na teoria, funcionava como comprovação, ou não, do grupo em questão. Hoje em dia – apesar de a maioria das bandas mal sair da internet – parece que o problema está mesmo no terceiro álbum. Casos recentes comprovam isso: Bloc Party e Kaiser Chiefs lançaram discos medianos e os glamourosos Killers deram luz a um grande lixo pop.

Depois de quatro anos de intervalo em relação ao disco anterior, You Could Have It So Much Better, e de shows eletrizantes no Brasil, outra daquelas bandas que já foi considerada a salvação do rock, o Franz Ferdinand, acaba de tirar do forno seu novo disco, Tonight:Franz Ferdinand. Logo na primeira vez em que se escuta o álbum do quarteto escocês, fica claro a aposta na “musica para dançar”, no seu mais primitivo sentido. Em Tonight não se vê uma tentativa forçada de se reiventar – como nos já citados casos do Bloc Party e do Killers -, apenas a intenção de ferver a pista.

Se o “Let’s Get High!” do single “Ulysses” já contagiava com a bateria levada pelo baixo funkeado, as viciantes “Turn It On”, “Can’t Stop Feeling”, cujo início remete a funk carioca, e “What She Came For” levam essa fórmula ao extremo. Original? Não, longe disso. Impossível não remeter tais músicas aos anos 80 e bandas como Gang of Four e até mesmo referências mais recentes como The Rapture e LCD Soundsystem, mas o poder de fazer os corpos balancearem é inegável e contagiante.

Se a cozinha dá as caras nas musicas citadas acima, quem aparece com mais intensidade ao longo do disco e pode causar estranheza aos indies xiitas é o sintetizador. Enquanto a rapsódica “Live Alone” parece querer trazer de volta os tempos da Disco Music, “Twillight Omens” nos faz lembrar dos tiozinhos do Duran Duran.

Mas, no final da contas, deixando as referências de lado e analisando o disco apenas por aquilo que se ouve, Tonight: Franz Ferdinand é um suspiro de boa música neste ano que começa. Se em 2008 muitas das grandes bandas lançaram discos de qualidade duvidosa e a eleição dos melhores acabou nas mãos de figuras desconhecidas como Fleet Floxes e Bon Iver, este 2009 já começa com uma bela promessa para as listas que sairão daqui a onze meses. É esperar para ver.

NOTA: 8,0