Espaço O Poste celebra mês de junho com Vanderlan Fulni-ô, grupo Sak’nedwa e Circo Experimental Negro na programação 

Atrações autorais entram em cena com as atividades acontecendo a partir deste sábado (07/06)

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(Divulgação)

A Ocupação Espaço O Poste recebe a gira de diálogo com o professor Vanderlan Fulni-ô e a apresentação musical do grupo Sak’nedwa, ambos de Águas Belas (Agreste de Pernambuco), além do Circo Experimental Negro, da Região Metropolitana do Recife. Todas as atividades da programação com artistas autorais acontecem neste mês de junho no Espaço O Poste.

Neste sábado (07), a partir das 15h, a entrada é gratuita para o encontro com o indígena Vanderlan, da comunidade Fulni-ô. No mesmo dia, às 19h, ocorre o show do Sak’nedwa, com o show “Cafurnas”, também com entrada gratuita. Já a performance do Circo Experimental Negro, realizada pela dupla de artistas Hammai Assis e Rob Silva, conclui o circuito do mês de junho, no dia 28, às 19h, com ingressos entre R$15 e R$30.  

“A programação da Ocupação Espaço O Poste continua de forma bem ancestral e no clima de celebração. A gente dá sequência às atividades após a abertura da ocupação no mês de maio com a temporada do espetáculo teatral “Àwọn Irúgbin” (significa sementes, na língua africana iorubá), apresentado em oito sessões e sendo produzido, encenado e operado por jovens do núcleo de pesquisa ‘O Postinho’, além de contar com ‘O Poste Soluções Luminosas’ na produção geral”, destaca Samuel Santos, à frente do grupo e espaço juntamente com Agrinez Melo e Naná Sodré.

Esta “Ocupação Espaço O Poste” tem o incentivo público do programa Funarte de Apoio a Ações Continuadas 2023 – Espaços Artísticos. Com esse mecanismo, é possível realizar sua continuação em 2025, apresentando espetáculos próprios e possibilitando espaço para uma diversidade de grupos e artistas, tanto do estado, do país e internacionalmente. A programação geral envolve apresentação de teatro adulto e juvenil, leitura dramatizada, shows, contação de história, dança, giras de diálogo e movimento circense.

“Entendemos que assim manteremos sempre vivo e funcional um espaço cultural que objetiva a reunião de saberes. As sedes de grupos de teatro necessitam de transformações diárias na vida cotidiana da cidade, onde a população pode ter espetáculo de teatro, música, dança e ao mesmo tempo ser um local pedagógico e festivo. Trata-se de uma compreensão de cultura como um reaprendizado das relações profundas entre a pessoa e o seu meio, sendo um resultado obtido pelo próprio processo de viver, incluindo o produtivo e as práticas sociais. A cultura é o que nos dá consciência de pertencer a um grupo”, reforça Samuel.

“Nasci na fortaleza Fulni-ô e é daqui que vamos falar: a minha língua é yaathê” é o título da roda de conversa com Vanderlan. Ele é licenciado em História pela Autarquia de Ensino Superior de Arcoverde (AESA), pós graduado em Culturas Africanas e Povos Indígenas pela Universidade de Pernambuco (UPE) e professor de História e Língua Materna (Yaathê) nas redes particular e pública de ensino.

“O objetivo é levantar questionamentos a respeito da valorização dos povos indígenas. Entendendo a língua como fortaleza de vivência e sobrevivência, o professor Vanderlan Matos de Freitas, a partir de uma conversa circular,  tem a intenção de se reconectar com suas ancestralidades, por meio do resgate da oralidade. Ele traz o ponto de vista do fortalecimento da língua originária, que nasceu e vive conectada. Vanderlan Fulni-ô gera não só uma conversa sobre a construção do povo Fulni-ô e a preservação da língua Yaathê, mas da alegria de viver no território indígena e falar Yaathê. É uma gira de realização para além do diálogo, é uma gira de cura ancestral”, comenta Agrinez Melo.

Já o show do Sak’nedwa reúne no repertório canções autorais e também de compositoras e compositores do território Fulni-ô. Além dos cânticos, dos instrumentos percussivos (tambor e maracá) e das palmas, une acordes do violão, a “unakesa” (expressão musical Fulni-ô) e o samba de coco em sua sonoridade. São cinco músicos na formação atual do grupo: Miguel (Txhokhlaya) – voz e violão; Jaelisson (Etxhwa) – voz e tambor; Ivanio (Ytxhaywa) – voz e maracá; Nato (Saywran) – voz e maracá; William (Ewlidjwa) – voz e maracá.

William Santos foto grupo musical Saknedwa do territorio indigena Fulni o em Aguas Belas PE faz show gratuito no Espaco O Poste no dia 7 de junho sabado as 19h
Grupo musical Sak’nedwa (Foto: William Santos/ Divulgação)

O grupo musical não tem uma data estabelecida de fundação, sendo criado desde sempre, já que o canto está na cultura Fulni-ô e traz uma conexão com crenças, orgulho e amor por ser indígena. Sak’nedwa significa alinhamento, com sua identificação de significado reconhecida há pouco tempo. Os músicos acreditam que o nome é significativo dentro dos povos originários, pois nesse momento existe o alinhamento, que tem ligação direta com a apresentação de suas obras para o mundo.

“O povo indígena é consciente de que precisa divulgar sua cultura, mas que o retorno para casa é essencial para a continuação de seus costumes e existência. A própria comunidade indígena fez originar a cidade de Águas Belas e, mesmo com a inserção de relações com o urbano, o grupo resiste e celebra por meio dos cantos. A gente se fortalece com a música, o ritual e a ancestralidade com raízes dos povos originários. O Sak´nedwa faz um diálogo com os conhecimentos da natureza a partir dos cânticos no idioma nativo de seu povo, o yaathê”, complementa o próprio grupo musical.

A conclusão do mês de junho n’O Poste é com a apresentação do Circo Experimental Negro, encenando o espetáculo “O Encontro da Tempestade e a Guerra-Jornada pelos Arquétipos e Narrativas de Yansã e Ogun”. Essa performance circense surgiu justamente pela aproximação de Hammai Assis e Rob Silva com os orixás Yansã e Ogum, pesquisando assim suas histórias e lendas da cultura iorubá, arquétipos, ritmos, passos, folhas e símbolos. A partir também da pesquisa artística “Cultura Negra e Circo – Uma investigação em busca da Estética Negra contemporânea” é que a apresentação foi lapidada.

“É um espetáculo potente que circula por escolas da rede pública de ensino, espaços artístico-culturais e de formações, universidades e festivais de arte, dança, teatro e cultura ancestral. A atuação também é inclusiva porque a performance coreográfica é seguida de uma roda de conversa sobre os processos de criação, sobre estéticas negras e história da cultura afro-brasileira com o objetivo de atender a lei 10.639/03 por meio do Circo Negro. Além do mais, destaca a construção subjetiva das educandas e educandos, principalmente das crianças negras, contribuindo para o fortalecimento, empoderamento e valorização da cultura afro-brasileira. Compartilhando não só suas pesquisas estéticas artísticas, mas também suas pesquisas teóricas afrocêntricas”, acrescenta Naná Sodré.  

Ocupação Espaço O Poste – programação do mês de junho

Endereço: Rua do Riachuelo, nº 641, bairro da Boa Vista (centro do Recife)

07/06 (sábado), 15h – entrada gratuita (sujeito a lotação – retirada na internet – bit.ly/3ZJyHi6)

Gira de diálogo com o professor Vanderlan Fulni-ô:  “Nasci na fortaleza Fulni-ô e é daqui que vamos falar: a minha língua é yaathê.”

07/06 (sábado), às 19h – entrada gratuita (sujeito a lotação – retirada na internet – bit.ly/3Zd7DaO)

Grupo Sak’nedwa com o show “Cafurnas”  – música indígena ancestral com jovens da comunidade Fulni-ô

09/06 (segunda-feira) – entrada para pessoas selecionadas na formação

Escola O Poste de Antropologia Teatral – abertura das atividades

28/06 (sábado), às 19h – entrada custa R$ R$15 (meia) | R$30 (inteira) – ingressos na internet – bit.ly/3HnaO9S

Espetáculo: “O Encontro da Tempestade e a Guerra – Jornada pelos Arquétipos e Narrativas de Yansã e Ogum” (performance circense experimental afrocentrada por Hammai Assis e Rob Silva)