Crítica-Disco: M83 abraça o pop oitentista com ironia e saudosismo

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Neste seu primeiro trabalho de estúdio em cinco anos, o francês Anthony Gonzalez, nome por trás do M83, retoma as rédeas de seu pop eletrônico de vanguarda. Sempre disposto a apontar novas direções ele sempre foi tido como um visionário dos caminhos que o dance e o synth pop ainda poderiam trilhar. Eis que, neste novo trabalho, Gonzalez traz olhar mais nostálgico – e até irônico – sobre suas inspirações.

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Junk surge como uma quebra das expectativas de uma música eletrônica mais inovadora e até experimental. Gonzalez traz, para surpresa de todos, bonecos de pano tipo Muppets, cachorrinhos no espaço e fontes coloridas no estilo Comic Sans. A inspiração vem dos anos 1980, das baladas açucaradas do período e dos sintetizadores safados que embalam festas de proposta “vintage”. Não deixa de ser divertido o olhar cheio de afeto que ele lança sobre o pop oitentista. Faixas como “For The Kids” são dignas de qualquer Top Românticas, enquanto “Solitude” pega aspectos de baladas antigas aliada a uma produção eletrônica contemporânea.

A ideia do artista foi se apropriar das suas memórias de infância e adolescência com um olhar irônico, mas também bastante pessoal. Há muito da personalidade do músico nessas faixas cheias de batidas oitentistas: uma mistura de produção refinada com elementos que hoje nos soam cafonas, como solos de piano e trompete. Na sua viagem brega-emocional, Gonzalez contou com nomes como Beck, Mai Lan e Susanne Sundfør. Está bem distante de jóias como Hurry Up, We’re Dreaming e Saturdays=Youth, mas não deixa de ser um álbum com uma assinatura bem pessoal.

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