Nathy Peluso
GRASA
Sony, 2024. Gênero: Pop
Em entrevista à Billboard, Nathy Peluso explicou que o nome “grasa” foi escolhido pelo seu teor polissêmico normalmente associado a contextos negativos, mas que sua intenção era, justamente, se apropriar da palavra para usa-la como algo que simbolize algo forte, ou alguém que fosse “durão”.
Depois de ouvir o disco, a escolha do título parece certeira. GRASA – que é o terceiro álbum de Peluso – demonstra força e intensidade tanto nos sentimentos bons quanto nos momentos ruins. Como o sucessor de Calambre (2020), trabalho que fez de Peluso um nome globalmente conhecimento, GRASA fala sobre a fama, carreira, talento e a dimensão que esses aspectos tomaram na vida da cantora, positiva e negativamente.
![grasa nathy peluso](https://controle.revistaogrito.com/wp-content/uploads/2024/05/grasa_nathy-peluso-1024x683.jpg)
Ao mesmo tempo que ela canta sobre o sucesso professional, o alcance de seu nome e a certeza de seu talento, a ansiedade em relação ao sucesso e a nostalgia em relação à vida antes do estrelato também surgem. Essa confiança quase rude de Peluso fica explícita em faixas como “LEGENDARIO”, “MENINA”, a excepcional “TODO ROTO” e até na balada de “ENVIDIA”.
Para fazer um contrapeso à toda a exuberância das faixas “duronas”, Peluso também se sensibiliza para o ouvinte em algumas canções, com o destaque definitivo sendo “EL DÍA QUE PERDÍ MI JUVENTUDE”, parceria com Blood Orange. O fato de ser uma faixa acústica no meio de um disco construindo entre ritmos como pop, trap, eletrônica e música latina reforçam ainda mais a singularidade da canção, que tem os versos mais íntimos do álbum. As colaborações ocupam uma parte significativa do álbum e soam refrescante, ainda mais depois de um álbum inteiramente solo como o Calambre.
Aliás, essa versatilidade de ritmos dentro do GRASA é algo marcante. O disco expande as experimentações com o rap, que já a marca de Peluso, e agora entra em caminhos mais contemporâneos, com mergulho intenso dos elementos eletrônicos e contatos com ritmos mais diversos, do funk em “MENINA”, que tem a colaboração com Lua de Santana, a salsa clássica em “LA PRESA” e o R&B de “REMEDIO”.
Dentro de todo o espaço criado dentro do disco, a única coisa que incomoda é uma distribuição questionável dos momentos de grandeza e de sensibilidade. As canções mais íntimas estão todas reservadas em um espaço do disco, e em uma primeira escuta soam intimidadas pela confiança quase inebriante que dominam o disco. Soaria interessante ter essas músicas distruidas pelo álbum como uma forma de “respirar” entre tantos momentos de força.
![grasa nathy peluso 2](https://controle.revistaogrito.com/wp-content/uploads/2024/05/grasa_nathy-peluso_2-1024x683.jpg)
GRASA é um disco ambicioso, com mais experimentações que seus antecessores, ainda seu ritmo acelerado domine a maior parte do álbum e o torne um pouco cansativo. Depois dele, é empolgante pensar que Nathy Peluso continue se introduzindo em produções cada vez mais contemporâneas e urbanas.
Escute GRASA, de Nathy Peluso
- Leia mais:
- Paris 2024: Abertura dos Jogos Olímpicos tem Lady Gaga, Celine Dion, Gojira e Vogue
- Homenagens de líderes e personalidades destacam e celebram o legado de J. Borges
- “Teca e Tuti: Uma Noite na Biblioteca” e a magia dos livros em animação
- J. Borges, mestre da xilogravura e do cordel, morre aos 88 anos
- Médicos Sem Fronteiras desembarca em Recife com série de atividades culturais gratuitas