Com estreia prevista para o fim de abril, longa Para’Í aborda a resistência do povo guarani

Dirigido por Vinicius Toro, o filme foi gravado na Terra Indígena Jaraguá (SP), e traz uma história sobre a luta do povo Guarani Mbya

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O filme conta a história de Pará, uma menina guarani que começa a questionar seu lugar no mundo. (Foto: Divulgação/Descoloniza Filmes).

Para’Í surgiu do encontro entre o diretor Vinicius Toro e a comunidade guarani do Jaraguá, como parte do Programa Aldeias, um projeto de fortalecimento cultural e político das terras indígenas de São Paulo. Com produção da Travessia Filmes e distribuição da Descoloniza Filmes, o longa ficcional chega aos cinemas em 20 de abril, na semana do Dia dos Povos Indígenas.

A trama acompanha Pará (Monique Ramos Ara Poty Mattos), uma garotinha que encontra por acaso um milho guarani tradicional, que nunca havia visto. Encantada com a beleza das sementes coloridas da espiga, ela tenta cultivar a planta. A partir disso, a menina embarca numa busca sobre si mesma que a faz questionar seu lugar no mundo: por que não fala guarani, por que é diferente dos colegas da escola, por que seu pai vai à igreja Cristã, por que seu povo luta por terra.

O cineasta explica que, ao ver o milho colorido pela primeira vez, ficou tão encantado quanto a sua personagem, surgindo assim a ideia de criar uma história sobre uma garota que encontra essa espiga no Jaraguá. “Fomos integrando essa ideia com outros interesses da comunidade, como tratar do tema da espiritualidade Guarani frente à igreja cristã, e realizar um filme para o público infantil. O filme foi surgindo dessa relação com as pessoas do grupo, da integração entre meus interesses, os deles e o contexto maior da terra indígena e dos Guarani Mbya”, revela.

Com um elenco composto por pessoas que vivem na própria Terra Indígena Jaraguá, alguns personagens e eventos da história foram se modificando a partir do trabalho com os atores da comunidade. “A Monique em especial era muito conectada com a natureza, por isso sempre ensaiávamos na aldeia nova, o que transformava a preparação também num momento lúdico. Disso acabou surgindo um jogo que fizemos dentro das filmagens, em que transformamos as cenas em aventuras, que envolviam animais do universo dos Guarani.”

O longa foi exibido em festivais como Brasília, Tiradentes e Rio, além dos estrangeiros de Guadalajara, Cartagena e Mannheim-Heidelberg. Sua primeira sessão foi no Jaraguá e depois realizou exibições especiais no Acampamento Terra Livre, em escolas públicas e em cineclubes, com vários tipos de públicos.

Veja o trailer: