capa amor fati mahmundi
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Mahmundi explora sua potencialidade experimental em Amor Fati

Faixas renovam o pop inovador da artista em diálogo com a música eletrônica, o R&B e o reggaeton

Mahmundi explora sua potencialidade experimental em Amor Fati
3.5

Mahmundi
Amor Fati
Universal, 2023. Gênero: Pop, R&B.

Muitos artistas conseguiram extrair dos períodos mais críticos de isolamento social pandêmico, inspiração para lançar músicas, EPs e discos. De igual, ou até mais potente, medida, a página virada da pandemia também inspira a cantar a liberdade, a vida, e até mesmo experimentar outros cenários. É interessante comparar obras do período caótico com as lançadas no pós e enxergar a evolução, a permissividade, as aventuras e os caminhos dos artistas.

Em Mundo Novo (2020), Mahmundi cantou com um fundo de cordas e instrumental mais tradicional, material que pouco dialoga com a gama de modernidades de Amor Fati, seu mais novo disco. Vale destacar que o anterior, assim como esse, incrementa a qualidade da artista carioca, que desde o primeiro trabalho, carregado de synths oitentistas, se prova inovadora e consistente na cena nacional.

Música eletrônica, MPB, e uma roupagem muito particular do pop aparecem no repertório dos últimos dois discos da carreira. Neste, Mahmundi chega mais ousada, em sonoridade e conceitos. “Amor Fati” é uma expressão vinda do filósofo alemão Friedrich Nietzsche que significa “amor ao destino”. Nesta premissa, abraça e aceita o que a vida tem para oferecer. 

O disco evidencia nuances do sentimento mais avassalador do mundo, este que já é temática de suas canções anteriores, o amor. A órbita é percebida em faixas que dialogam sobre a sensualidade ou o simples aproveitamento da presença da pessoa amada. “Amanhã” canta Ela me levou pro céu, eu não quero mais descer, “Diamante” reivindica o amor por perto e “Noites Tropicais” usa do escapismo para viajar poeticamente no desfrute de uma relação carnal. 

Também há espaço para outras faces do sentimento, a ilusão como em “Versos Não” e a necessidade de fugir de uma relação que faz mal, como em “Pera Aí”. Estas são fragmentos da pluralidade sonora de Amor Fati, apresentando fundos hip hop/trap constantemente utilizados, grooves de baixo e guitarra e synths eletrônicos.

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Foto: Breno da Matta/Divulgação.

Os destaques que podem representar as potências do disco, trazendo o casamento mais fluído de letra e composição instrumental, vêm com a apaixonada “Brisa 22”, com uma guitarra reggaeton sedutora, também sentida em “Fugitivos”, gritando sobre estar alheia aos padrões. Tem “Sem Necessidade”, que traz o feat com Tagua Tagua, embebida de um R&B e soul em comum dos dois artistas. E “Meu Amor Reprise”, surpreendente com a pegada, mesmo que suave, do rock.

Ainda que declaradamente, pela própria Mahmundi, não voltado para uma roupagem pop, o disco tem potencial para gerar hits. O trabalho carrega consigo um flerte do que estoura no cenário atual da música junto à originalidade “despreocupada” da artista.

Ouça Mahmundi – Amor Fati

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