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Woody Harrelson interpreta o técnico de basquete Marcus Marakovich. (Foto: Divulgação/Universal Pictures).

Em Campeões, comédia de Bobby Farrelly, quem brilha é o elenco coadjuvante

Longa sofre para encontrar seu próprio ritmo, mas é no núcleo secundário que encontra espaço para apresentar uma trama espirituosa e inclusiva

Em Campeões, comédia de Bobby Farrelly, quem brilha é o elenco coadjuvante
2.5

Campeões
Bobby Farrelly

EUA, 2023, 2h04, 12 anos. Distribuição: Universal Pictures
Com Woody Harrelson e Kaitlin Olson
Em cartaz nos cinemas

Estrelada por Woody Harrelson, a comédia Campeões assinala a estreia solo de Bobby Farrelly na direção de longa-metragem. Até então, o cineasta apenas havia lançado trabalhos em parceria com seu irmão Peter Farrelly. E, embora o diretor carregue uma relação de longa data com filmes do gênero, neste lançamento o aspecto cômico se diferencia com uma camada de sensibilidade e inclusão ao trazer para o centro da narrativa um time de basquete composto inteiramente por pessoas com deficiência intelectual.

É uma produção que consegue ser incrível em termos de representação e representatividade nas telas, já que todo o grupo é interpretado por atores também com deficiência – o que não costuma ser algo rotineiro no cenário hollywoodiano. E, apesar de não ser exatamente hilário, o enredo, típico de comédia, consegue divertir e despertar para um senso de empatia e coletividade comovente, cujo verdadeiro coração reside nesse núcleo coadjuvante.

Adaptado de um filme espanhol de 2018, o roteiro acompanha Marcus Marakovich (Harrelson), um técnico de basquete em busca de uma oportunidade na NBA, a principal liga de basquetebol profissional da América do Norte. Mas, por ser terrivelmente irresponsável e temperamental, ele perde seu emprego e se envolve em um incidente por embriaguez ao volante em uma única noite. Forçado a prestar serviços comunitários, ele é encarregado de treinar os Amigos, um time de jogadores com deficiência que está competindo para chegar às Olimpíadas Especiais.

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Em cena, Alex Hintz, Casey Metcalfe, Matthew Von Der Ahe, Ashton Gunning, Tom Sinclair, Joshua Felder, James Day Keith, Madison Tevlin, Kevin Iannucci e Bradley Edens. (Foto: Divulgação/Universal Pictures).

A partir desse ponto, a história progride de uma forma um tanto previsível: mesmo duvidando inicialmente do potencial dos jogadores, o protagonista gradualmente percebe que, juntos, eles podem superar as expectativas. A previsibilidade, claro, não chega a ser um problema. Afinal, a proposta não é romper com a fórmula do gênero; mas sim entreter e simultaneamente apresentar um elenco diferenciado. Ainda, no decorrer da história, há uma pitada de romance, já que Marcus se envolve amorosamente com Alex (Kaitlin Olson), irmã de Johnny (Kevin Iannucci), um dos jovens que integra o time.

O problema é que, a depender do núcleo principal, a história simplesmente não engrena. Harrelson, em particular, parece não se encontrar no papel. É justamente no elenco secundário que Campeões encontra sua oportunidade de brilhar e provocar risadas, com destaque para a atuação de Madison Tevlin, que interpreta Cosentino, a única garota do time. Com uma atitude atrevida e astuta, ela se torna a fonte de motivação de todo o grupo e proporciona grande parte das gargalhadas, sobretudo quando tira sarro do treinador.

Com mais de duas horas de duração, o longa demora algum tempo para encontrar seu próprio ritmo e, embora nem sempre alcance ao tom ideal, traz uma trama muito calorosa e alegre. Para aqueles que buscam simplesmente uma comédia espirituosa, Campeões certamente irá agradar.