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Baby do Brasil celebra chegada de nova geração de fãs: “meu tempo é agora e isso me alegra muito”

Aos 71, a artista que fez parte dos Novos Baianos diz que jovens e até crianças estão redescobrindo suas músicas. Atração do FIG, ela ainda promete disco novo para breve

Ela é uma das maiores cantoras do nosso país, e não é à toa que ela leva o Brasil no nome: Baby do Brasil. A cantora, compositora e multi-instrumentista foi escolhida para encerrar o Festival de Inverno de Garanhuns, 2023, no Agreste pernambucano, no próximo domingo (30), no palco principal da Praça Mestre Dominguinhos. “Apesar de ter uma carreira já de tantos anos, o meu tempo é agora, e isso me alegra muito”, revela a artista.

A cantora está na estrada em uma nova turnê, que roda diversas cidades do país: “Baby do Brasil In Concert”, sob o subtítulo “Você precisa saber de mim!”, da música “Baby”, de Caetano Veloso, presente no repertório do novo show. São 50 anos de música em um concerto.

Baby tem uma voz única e potente, com traço bem brasileiro, regado com influência jazzística. Conhecida como Baby Consuelo, que foi o seu primeiro nome artístico, a cantora nascida Bernadete Dinorah de Carvalho Cidade, entrou para a história da MPB quando integrou o grupo Novos Baianos. Eles sequer sabiam que fariam história e seriam história na Música Popular Brasileira. A banda terminou em 1978, mas desde então houve alguns encontros e comemorações dos artistas. “A minha escola de música e de vida aconteceu naqueles dez anos, todos crescermos muito”, conta a cantora.

Baby do Brasil 02 Credito Victor Affaro
Foto: Victor Affaro/Divulgação.

Em 2022, a banda comemorou os 50 anos de lançamento do segundo álbum – Acabou Chorare (1972) – que marcou de forma definitiva a história deles na música nacional. Segundo pesquisa realizada pela Revista Rolling Stone, em 2016, o disco foi eleito o álbum mais importante na história da MPB.

Oriunda de uma família de classe média alta de Niterói, no Rio de Janeiro, Baby começou a se interessar por música e aprendeu violão ainda criança. Os pais, porém, não aceitavam que ela fosse cantora. Por isso, ela fugiu de casa aos 17 anos para Salvador, na Bahia, onde estava se expandindo o movimento do rock’n roll no país. “Viver com os meus irmãos os Novos Baianos, foi uma experiência única onde poucas pessoas na face da terra tiveram essa oportunidade tão forte”, relembra.

Junto com o cantor e guitarrista Pepeu Gomes (também Novos Baianos), tiveram seis filhos: Sarah Sheeva, Zabelê, Nãna Shara, Pedro Baby, Khrisna Baby (o Xaxá) e Kriptus Baby (o Pitito).

Com lado espiritual forte, ela reforçou que Jesus apareceu para ela. “Em maio de 1999, fui arrebatada e conheci o céu. Minha vida mudou completamente, e quem me recebeu foi o próprio Jesus Cristo”, revela.

Confira o bate-papo exclusivo que Baby concedeu à Revista O Grito!:

Como é chegar a 50 anos de carreira com tanto sucesso ao longo de toda a sua trajetória? Qual o segredo?

É uma satisfação é uma honra muito grande, uma sensação de que apesar de eu ter querido fazer muito mais, a minha arte está aí para todos e as pessoas me conhecem, fiz coisas lindas para elas, e agora podemos ir juntos para um novo tempo onde o resultado de toda a minha experiência e minha maturidade poderá ser compartilhado com todo esse público que me curte, me respeita e me traz tanto carinho. Meu segredo foi ser verdadeira todo tempo em todas as situações em todas as áreas da minha vida. Arte e vida pra mim se fundem em duas palavras: ser verdadeira. É assim que eu consigo produzir por toda parte de mim.

Considero a sua voz uma das melhores dentre as cantoras brasileiras, junto com Gal Costa, Maria Bethânia e Elis Regina. A Revista Rolling Stone Brasil também a coloca na lista das maiores do país. Como percebe a sua força na música brasileira?

Primeiramente, muito obrigada, fico muito honrada por isso. Tem sido uma surpresa muito gratificante e muito forte essas indicações, pois, no passado, quando eu estava cuidando dos meus filhos e caminhando com a música e a carreira, como, por exemplo, grávida do sexto filho no Rock in Rio, não havia ainda um reconhecimento pela crítica da época. Costumo dizer que, apesar de ter uma carreira já de tantos anos, o meu tempo é agora, e isso me alegra muito.

Com certeza com a garra que estou, com a energia e a felicidade no coração, eu estou muito mais plena para fazer as pessoas felizes e curtirem a melhor música do planeta.

Baby, queria que você comentasse sobre a experiência ao lado de seus parceiros dos Novos Baianos. Como analisa a importância dessa vivência para sua vida e carreira?

Viver com os meus irmãos os Novos Baianos, foi uma experiência única onde poucas pessoas na face da terra tiveram essa oportunidade tão forte. Foram dez anos, juntos, dividindo tudo para multiplicar. Uma experiência de vida riquíssima e, uma experiência musical extraordinária.  A minha escola de música e de vida aconteceu naqueles dez anos, todos crescermos muito!

Pois amar incondicionalmente, perdoar, pedir perdão como irmãos, tocar a qualquer hora do dia e da noite, sem nos preocupar com cachê, com remuneração, cozinharmos juntos, limpar a casa, e batalhar por um trabalho que ficasse pra história do Brasil como “uma seta no caminho de casa”, certamente foi e é um privilégio, algo único e irreproduzível!!!

Baby do Brasil 08 Credito Victor Affaro

E as novas gerações? Como percebe a repercussão do seu canto nessa garotada da nossa música?

Essa juventude me descobriu também através de Novos Baianos, pois os pais mostram muito para os filhos a nossa música, eles amam os improvisos na “Menina Dança”, “Tinindo Trincando”, depois descobriram o “Menino do Rio”, entre outras, e associaram com “Todo o dia era dia de Índio”, onde na escola no dia 19 de abril, todos comemoraram o Dia do Índio! Sem falar da minha participação com o Balão Mágico, e no especial Pirlimpimpim, onde que eu fiz a Emília e compus com Pepeu a música “Emília a boneca gente”, que é um sucesso até hoje!

Assim começaram ligar os fatos à pessoa e tudo fluiu! Hoje é um público muito grande. Aconteceu algo outro dia que me deixou super impressionada, uma senhora me parou na rua e pediu desculpas por estar me abordando. Eu falei que o maior prazer e, ela disse: “Falei pro meu filho de nove anos, que aquela mulher ali do cabelo colorido era a Baby Consuelo”. E ele disse para mim: “Não, mamãe, essa é a Baby do Brasil!”. Fiquei muito feliz de saber que essa mudança de nome também criou uma nova perspectiva para essa geração e, assim, tudo está acontecendo de maneira maravilhosa.

Seu lado espiritual sempre foi aflorado desde cedo? Quando se converteu? É verdade que Jesus apareceu para você?

Sim. Meu lado espiritual sempre foi muito ativo desde criança. Tive muitas visões na infância isso me intrigou bastante e persegui por toda a minha vida as respostas para tudo o que vi. Eu busquei muito entender a espiritualidade. Eu sempre quis saber como falar com Deus como perguntar pra ele o porquê de tantas coisas… Porque a morte? Porque a doença? Porque a vida? Porque tudo?

E, em maio de 1999, fui arrebatada e conheci o céu. Minha vida mudou completamente, e quem me recebeu foi o próprio Jesus Cristo.  Eu me apaixonei perdidamente por ele, por seu olhar puro e penetrante de criança, por sua absurda pureza, seu legado, sua história e por seus ensinamentos.  Ele me supre, me protege, me cobre com seu manto todos os dias e, por causa disso eu conheci o Espírito Santo, o meu intercessor, e a minha vida passou a ter a cobertura desses três, “A Diretoria”, os mais poderosos:  O Pai, O Filho, e o Espírito Santo! Aleluia! Whooohooo!

Quais os maiores desafios de ser artista no Brasil?

Ser artista de sucesso envolve um foco e uma meta. Não só de produzir algo que as pessoas curtam e prestigiem, como arte, mas um foco mental com gestão artística, emocional e espiritual importantes! É preciso ser positivo e não perder a visão daquilo que se quer conquistar. Como disse Albert Einstein: “Pensamento é matéria”. Ao mesmo tempo que um artista precisa sobreviver e precisa produzir arte para conseguir desbravar, é importante fazer essas coisas eficientemente sem perder a alegria, a fé e a persistência.

E um segredinho: ore pedindo a Deus o Criador, que capacite no talento, no dom e “abra as portas” para que as pessoas, os contratos e, tudo que for importante, apareça e o sucesso aconteça.

O cenário musical atual é mais favorável para as mulheres? Como foi para você quando começou e como é ser cantora nos dias atuais?

O cenário musical está super favorável para as mulheres, elas estão em alta com suas performances, pois a mulher resolveu acontecer e partiu pra cima. Mas sabemos que o destaque ficará para aquelas que trouxerem uma música e um trabalho com o conteúdo e consistência para que fique para sempre como uma música de qualidade.

Baby, como se cuida no dia-a-dia? Com seu visual marcante, é reconhecida nas ruas por várias gerações e virou até ídolo das crianças. Acredita que tanta vitalidade despertou o interesse de novas levas de fãs?

Eu me cuido como sempre me cuidei, vou usando as coisas que estão me fazendo bem naquele dia, que nem sempre são as mesmas do dia anterior [risos]. Gosto muito de criar os visuais no dia a dia como também para os shows. As crianças amam, tem muitas delas que fazem as festas de aniversário com um visual das roupas cabelos e chapéus e decoram a festinha com tudo isso e enviam os vídeos depois para mim. É uma honra. Amo!

Acredito que um conjunto de coisas que fazem as pessoas e crianças me entenderem como artista e como pessoa também: o cabelo colorido, as roupas diferentes, às vezes coloridas, às vezes extravagantes, até mesmo quando estou de preto, mas o melhor é quando eles buscam conhecer a minha história e já voltam falando palavras muito profundas como: “eu amo como você pensa”, “quero ser como você”, e por ai vai!

É uma delícia, eu sempre dou uma muita atenção, sei como às vezes é difícil uma pessoa se aproximar de um artista, pois ela passa por cima da sua timidez e muitos bloqueios, eu sei como é isso.

Quando eu era criança me agarrei na cintura da Brigitte Bardot no Copacabana Palace, e foi fundamental ela ter me abraçado, me tratado bem. Amei essa atitude dela e é dessa mesma forma com muito carinho, como fui recebida que eu sempre recebo os meus fãs. É muito gostoso receber o amor das pessoas.

No último dia 18 de julho, ao completar 71 anos, você anunciou de composições inéditas e produção musical de Dudu Marote. Podemos esperar álbum em breve? O que pode adiantar desse novo trabalho? Há algo que ainda não realizou na carreira e ainda pretende fazer?

Pois é, gás total! Ainda não posso falar sobre o álbum, mas, em breve, contarei todas as novidades! O que posso dizer é que as minhas experiências de vida vão estar nas letras e nas melodias! Whoohooooooo

Você celebra cinco décadas de sua carreira este ano e sua apresentação marcará o encerramento do Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), no próximo domingo (30). Qual a expectativa para esse show, num palco em que já brilhou em anos anteriores:

É muito bom celebrar essa data pois cinco décadas é um jubileu! Eu estou super feliz por estar em forma, bem do jeito que eu programei e tudo isso graças a Deus, nosso Papai, que tem sido meu maior parceiro.

Será uma honra encerrar o 31º. Festival de Inverno de Garanhuns, pois essa cidade tem se destacado pela qualidade dos eventos e por ser muito exigente em termos musicais. Estou super feliz em fazer e preparar esse show. Amei o convite!