O escritor peruano Mario Vargas Llosa morreu neste domingo (13), aos 89 anos, em Lima. A informação foi confirmada pelos filhos do autor, Álvaro, Gonzalo e Morgana Vargas Llosa, por meio de uma publicação na rede social X (antigo Twitter). Segundo a nota divulgada, o escritor faleceu de forma pacífica, cercado pela família, e será cremado, conforme sua vontade.
“É com profundo pesar que anunciamos que nosso pai, Mario Vargas Llosa, faleceu pacificamente em Lima hoje, cercado por sua família”, escreveram os filhos na postagem. “Sua partida entristecerá seus parentes, seus amigos e seus leitores, ao redor do mundo, mas esperamos que encontrem consolo, assim como nós, no fato de que ele teve uma vida longa, múltipla e frutífera, e deixa para trás uma obra que sobreviverá.”
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A família informou ainda que não haverá cerimônia pública e pediu privacidade no momento da despedida. “Nossa mãe, nossos filhos e nós mesmos confiamos em ter o espaço e a privacidade para nos despedir em família e em companhia dos amigos mais próximos. Seus restos, como era sua vontade, serão incinerados”, finaliza o comunicado.
Considerado um dos nomes mais importantes da literatura latino-americana, Vargas Llosa foi laureado com o Prêmio Nobel de Literatura em 2010. Sua obra abrange romances, contos, ensaios, peças teatrais e crítica literária, explorando as complexidades da sociedade da América Latina e questões como poder, fanatismo, opressão e liberdade individual.
Entre suas obras mais conhecidas estão Tia Julia e o Escrevinhador, A Festa do Bode, Travessuras da Menina Má, Pantaleão e as Visitadoras e A Guerra do Fim do Mundo, romance de 1981 baseado no episódio histórico de Canudos, no sertão baiano. Também se destacam os ensaios A Civilização do Espetáculo e O Chamado da Tribo.
Em sua trajetória, foi contemplado com prêmios como Cervantes, Príncipe de Astúrias, PEN/Nabokov e Grinzane Cavour. Sua narrativa, marcada por estruturas complexas, troca de narradores e manipulação do tempo, consolidou seu papel no “Boom Latino-americano”, movimento que renovou a literatura da região nos anos 1960.
No campo político, Vargas Llosa candidatou-se à presidência do Peru em 1990, por uma coligação de centro-direita. Ele foi derrotado no segundo turno por Alberto Fujimori. Após a eleição, mudou-se para a Espanha, mas seguiu ativo no debate público da América Latina. Ex-defensor do socialismo até a década de 1970, tornou-se crítico de regimes de esquerda a partir dos anos 1980, posicionando-se contra lideranças como a do ex-presidente venezuelano Hugo Chávez.
Nos últimos anos, seu trabalho seguiu sendo publicado e debatido em diversas partes do mundo.