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Conde Só Brega se apresenta como uma verdadeira realeza do brega. (Foto: Hannah Carvalho/Rec-Beat)

Cobertura Carnaval 2023: Conde Só Brega arrebata primeiro dia de retorno do Rec-Beat

Veterano do brega encerrou noite que contou com música popular pernambucana, folk paraguaio, revelações locais e rock psicodélico

Após longos dois anos, o Cais da Alfândega voltou a ser um espaço do carnaval recifense para se curtir grandes e consolidados artistas e realizar interessantes descobertas musicais de nomes que surgem nas cenas de todo o país. O Rec-Beat voltou a mostrar uma curadoria que o tornou um dos mais cativantes do circuito pernambucano, por sua capacidade de colocar no palco tantos nomes que movimentam multidões, mas também de torná-lo um espaço completamente aberto ao novo. 

Em sua primeira noite, o festival lançou mão de uma viagem que passou pela cena eletrônica local, chegou a novos sopros da cultura popular do Agreste, cruzou as fronteiras da América do Sul, retornou a uma bem consolidada psicodelia do centro-oeste do país e se encerrou com a apoteose da realeza do brega pernambucano. 

As boas-vindas foram dadas pela DJ roupaspretas, trabalho da multiartista Anti Ribeiro que vem realizando pesquisas e experimentações sonoras que percorrem o mundo nos últimos anos. Seu set com um amplo leque de música eletrônica embalou também os intervalos entre os shows, não deixando a música parar.

Em seguida, o palco foi de Vitória do Pife, representando toda uma juventude que vem se empenhando em trazer novos ares para a música popular pernambucana. Aprendiz do emblemático João do Pife, a artista caruaruense trouxe uma apresentação empenhada em estabelecer conexões entre as mais diversas riquezas culturais do estado e do país. Seu pífano passou pelo coco, pelo frevo, conversando com bastante harmonia com violões, guitarras, berimbaus e batidas eletrônicas.

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Vitória do Pife. Foto: Hannah Carvalho

A atração internacional da noite foi a duo paraguaia Purahéi Soul. Apenas duas vozes e um violão que não precisaram tomar grandes espaços do palco para cativar com seu folk permeado por sonoridades latinas e uma atmosfera de calmaria bucólica, com canções cantadas em espanhol e guarani. A barreira do idioma passou longe de ser um obstáculo de fruição da apresentação e a dupla se mostrou bastante comunicativa com o público.

Voltando aos novos e interessantes nomes de uma cena local, Bela Maria trouxe um envolvente repertório que passa pelo R&B e sonoridades pops nacionais para o Cais. A pernambucana mesclou seu repertório autoral com hits de nomes como Gloria Groove, Pabllo Vittar, Ludmilla e Rihanna, mas sempre com uma assinatura muito própria de arranjos e da identidade de sua voz. A partir dali, a noite foi ganhando contornos mais agitados para um público que passaria a ocupar mais o Cais da Alfândega. 

Dentro dessa salada de sonoridades, o tempero do rock e da psicodelia foi dado pela Joe Silhueta, de Brasília. Com violões, guitarras e sintetizadores carregados, o grupo abraça no palco uma teatralidade eufórica, com uma postura no palco de muita liberdade dos corpos, dos discursos e da música. O grupo também não deixou de prestar reverência aos pernambucanos que são referência na psicodelia brasileira, como toda a cena udigrudi e o manguebeat. 

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Joe Silhueta. Foto: Hannah Carvalho

A alta realeza do brega arrebata o primeiro dia

A noite foi encerrada com o ritmo que se consolidou como uma grande figura da paisagem sonora do carnaval pernambucano. O brega, presente nas ruas e nos palcos da grande festa, esteve nesse primeiro dia de Rec-Beat por meio de uma de suas majestades. 

O Conde Só Brega subiu ao palco para finalizar o primeiro dia cantando suas narrativas que são bastante representativas de todo esse momento carnavalesco. O abraço aos erros, a abertura aos novos amores e ao encerramento deles, enfim, a liberdade que, como bem canta o Conde, sempre esteve aí.
O veterano sobe ao palco e logo coloca as mãos na cintura, adotando uma postura imponente, encarando o público como quem sabe exatamente  o que vai fazer para tocá-lo.

A apresentação de um dos pioneiros do brega pernambucano arrebatou o lotado Cais, entoando de cara seus clássicos como Azáfama,Espelho do Poder, Não Devo Nada a Ninguém e A Vida é Assim. Fez também questão de exaltar o frevo e tudo o que representa o carnaval para o estado. As músicas do Conde foram todas, sem exceção, por um coro que reverberava todo o poder e o reconhecimento digno de uma realeza da música pernambucana.