Chama a Bebel traz crise climática para o público infantil de maneira certeira

Longa traz narrativa leve e didática para apresentar a necessidade da mobilização contra o capitalismo destrutivo

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Chama a Bebel traz crise climática para o público infantil de maneira certeira
3.5

Chama a Bebel
De Paulo Nascimento
Brasil, 2024, 1h30

A todo momento a crise climática exige da população humana uma nova postura a respeito dos seus comportamentos com o meio ambiente. As condições extremas demandam medidas urgentes e o princípio de toda e qualquer mudança acontece na conscientização informatização do corpo social, sem distinções. 

Chama a Bebel foca nessa questão e toma para si uma função importante: informar o público infantil. O filme, de um modo espirituoso, comunica sobre a importância da sustentabilidade e o combate a um capitalismo destrutivo. Essa mensagem, obviamente, vem coberta de cores vibrantes, protagonistas heroicos e vilões caricatos. O longa, que foi dirigido e escrito por Paulo Nascimento, é competente no tom didático ao apresentar com clareza todos os motivos que fazem a luta da sustentabilidade válida – uma explicação que pode parecer lenta para qualquer adulto, mas que, certamente, é carismática para as crianças.

Um ponto que se destaca no filme é mostrar que as ações individuais (canudos de papel, diminuição no consumo de plásticos) não são as únicas ações sustentáveis a serem tomadas. O filme dá um foco especial à luta contra as corporações na busca pelo lucro, que são representadas no filme por uma empresa de cosméticos que realiza testes em animais. 

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Embora o foco esteja nos assuntos ambientais, o longa se estende a outras questões sociais, como acessibilidade e direitos das pessoas com deficiência – presente na primeira fala do filme, literalmente. Os personagens infantis da escola Caravaggio são certeiros – ainda que arquetípicos – quando tentam causar uma identificação entre os personagens e os pequenos espectadores. Os diálogos entre Bebel e seus colegas quase sempre reforçam a importância da valorização da diferença, uma ferramenta que não é nova, mas é efetiva. 

Nas atuações, Giulia Benite (Turma da Mônica Laços) mostra que tem talento e está mais do que acostumada com o formato da atuação para produtos infantis e não deixa a desejar com a interpretação da protagonista heroica que resolve todos os desafios que se mostram a ela. Antônio Zeni e Gustavo Coelho, seus parceiros de cena mais frequentes, não ficam atrás e definem bem seus espaços como os ajudantes da pequena heroína. Nos adultos do elenco, Flávia Garrafa é destaque como Marieta, a tia maldosa e gananciosa da protagonista. 

Chama a Bebel emerge como um filme que une a  função de entreter com função educativa valiosa para o público infantil. Sob a direção e escrita de Paulo Nascimento, o filme se destaca por sua abordagem espirituosa ao comunicar mensagens cruciais sobre sustentabilidade e a necessidade de lutar  contra práticas destrutivas do capitalismo.