O dia 25 de janeiro de 2019 deixou marcas profundas na história de Brumadinho, município localizado na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais. Nessa data, às 12h28, a B1, barragem da Mina do Córrego do Feijão, explorada pela Vale, rompeu. Apesar de desativada, a B1 armazenava o equivalente a 400 mil caminhões-pipa carregados de rejeitos de mineração ― nome dado ao expurgo do processo em que se usa água para separar minério de ferro de material sem valor comercial.
Em aproximadamente dez segundos, o maciço de 86 metros de altura se desmanchou no ar, provocando um tsunami de lama tóxica que avançou por mais de 300 quilômetros, a 108 quilômetros por hora. A avalanche encobriu e carregou tudo que encontrou pela frente ― casas, pontes, árvores, bichos ― e provocou a morte de 270 pessoas (ou 272, se consideradas as duas vítimas grávidas). Embora as buscas nunca tenham sido interrompidas pelos bombeiros, seis vítimas não foram encontradas até hoje.
Naquele dia, a jornalista Daniela Arbex seguia de ônibus para Santa Maria, a 291 quilômetros de Porto Alegre, um ano após lançar Todo dia a mesma noite, livro sobre o incêndio que matou 242 pessoas na boate Kiss. Ela cumpria sua promessa de passar a data que marcaria os seis anos do desastre ao lado dos familiares das vítimas. Dentro do ônibus, impactada pelas notícias sobre o rompimento da B1, publicou um post em seu perfil no Instagram: “A impunidade condena o Brasil a repetir tragédias. Até quando?”.
E foi assim o início da jornada que a autora e jornalista premiada percorreu para narrar o aterrorizante episódio, que ficaria conhecido como a maior tragédia humanitária do Brasil. O resultado de sua minuciosa apuração está em Arrastados, que a Intrínseca lança no dia 25 de janeiro de 2022, data em que o rompimento em Brumadinho completa 3 anos.
Daniela viajou mais de dez vezes até a cidade e entrevistou mais de 200 pessoas, entre sobreviventes, familiares das vítimas, bombeiros, médicos-legistas, policiais e moradores das áreas atingidas, para reconstituir em detalhes as primeiras 96 horas da catástrofe. Ela também acompanhou o desenrolar das indenizações e das contrapartidas institucionais para reparação dos danos materiais. Além da escrita precisa da autora, que coloca o leitor dentro da Mina do Córrego do Feijão no instante do colapso da barragem, o livro conta ainda com fotografias — registradas por profissionais ou extraídas de álbuns de família — que ajudam a dimensionar e humanizar a tragédia. É, sobretudo, um trabalho de resgate das histórias pessoais por trás dos números, dos fatos estarrecedores e das perdas evitáveis.
Arbex é autora do best-seller Holocausto Brasileiro, que narra a história do maior e mais antigo manicômio do Brasil, que virou documentário da HBO e inspirou a série Colônia, da Globoplay.
Arrastados: Os Bastidores da Rompimento da Barragem de Brumadinho, o Maior Desastre Humanitário do Brasil (Intrínseca) tem 328 páginas e custa R$ 59,90 (e-book: R$ 29,90).
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