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Os 30 Melhores Quadrinhos de 2023

Hugo Canuto, Maia Kobabe, Léa Murawiec, Kate Beaton, Daniel Clowes e Lino Arruda entre os destaques da HQ este ano

Ilustração: Rogi Silva
Edição: Paulo Floro e Alexandre Figueirôa

Fazer a lista de quadrinhos aqui na Revista O Grito! é um trabalho que envolve muitas cabeças e muita, muita leitura. A cada ano, a quantidade de material interessante que chega até nós daria para montar uma lista de 50, 60 ou até mesmo 100 títulos.

Mas uma lista é, essencialmente, uma conversa. E o que queremos comentar é: o quadrinho, enquanto expressão artística, não fica devendo em nada a nenhuma outra arte, do cinema à literatura. As obras presentes aqui estão tratando de temas atuais a partir das inúmeras possibilidades de sua linguagem, seja falando de política, consumo, desigualdade de gênero, transfobia, racismo, autoestima, etc.

Também exploram e subvertem gêneros tradicionais, do horror à aventura, passando pelo drama histórico, jornalismo e humor. Que vejamos mais e mais listas de melhores HQs lançadas no Brasil, pois boas obras culturais precisam circular, ganhar mais e mais conversas para mostrar o quanto o quadrinho pode contribuir – a partir de sua arte – nos mais diferentes assuntos. Aproveitem a lista e compartilhem nas redes sociais. O que mais legal você leu este ano?

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Os quadrinhos que lançamos em 2023
Depois de várias experiências editoriais impressas, como nossa revista Plaf, este ano inauguramos nosso selo de quadrinhos O Grito! HQ. O primeiro título foi Fora do Padrão: 40 Anos de Quadrinhos LGBTQIA+, organizado por Justin Hall e que reúne mais de 90 histórias e 42 artistas com o melhor da produção queer nas HQs. O livro foi lançado na CCXP, em São Paulo e está disponível nas livrarias e comic-shops e também em nossa loja online.

Este ano ainda lançamos dois volumes de Fim de Tarde, HQ autobiográfica de Chico Lacerda sobre as dores e delícias de uma criança gay nos anos 1980 e 90. A estreia aconteceu durante a POC Con, em junho. E tivemos mais reportagens em quadrinhos dentro da seção HQ de Fato. E estreamos uma nova série, “Quer Que Eu Desenhe”, focada no combate à desinformação na cultura. A primeira HQ foi Kit Drogas, sobre os ataques da Redução de Danos pela extrema direita, assinada por Carol Ito.


Acompanhe nosso especial de Melhores de 2023

As 15 Melhores Séries

As 50 Melhores Músicas

Os 30 Melhores Discos

Os 30 Melhores Filmes


Os 30 Melhores Quadrinhos de 2023

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Contos dos Orixás – O Rei do Fogo, de Hugo Canuto

Trem Fantasma

A série Contos dos Orixás é um caso de sucesso dentro do cenário de quadrinhos do Brasil por conseguir trazer toda a gramática das histórias de aventura, com sua narrativa eletrizante e expressividade nos desenhos para contar lendas da mitologia yorubá. O Rei do Fogo é o primeiro volume de uma trilogia que trará os orixás como protagonistas, com destaque para Exú, Ogum, Oxóssi, Yemanjá, entre outros. A arte de Canuto traz um domínio impressionante do movimento e busca inspiração em nomes como Jack Kirby, Sergio Toppi e John Buscema, em uma HQ que te impacta à primeira passada de página – Paulo Floro. | Compre: Amazon, Site do autor.


Melhores Quadrinhos de 2023.

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Uma Moeda ou Um Beijo, de Leonardo Melo e André Caliman

Independente

Gilda foi uma personagem que marcou época em Curitiba. Pessoa em situação de rua, Gilda era uma travesti que circulava pelo centro curitibano sempre perguntando “uma moeda ou um beijo?”. Os quadrinistas Leonardo Melo (texto) e André Caliman (arte) recontam a história dessa famosa figura, que tornou-se símbolo carnavalesco na cidade. A obra, construída a partir da busca por essa personagem traz mais nitidez à sua história e ajuda a contar um pouco mais da vida de pessoas LGBTQIA+ que viveram à margem. A HQ tem um bom ritmo, uma boa mescla de humor e drama e traz um traço expressivo de Caliman calibrado pelo uso do preto e rosa. – Paulo Floro. | Compre: Amazon.


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Estamos Quase Em Casa, de Diogo Hayashi

Ugra Press

A melancolia urbana de São Paulo dá o tom dessa HQ que busca inspiração nas lendas de terror japonesas para falar de temas como solidão, ganância e família. Conhecido também pelo seu trabalho no audiovisual, Diogo Hayashi se desvia das obviedades do gênero horror para compor sua coletânea de histórias a partir das inquietações trazidas pelas situações. Da nossa resenha: “Claro, as histórias podem ser assustadoras, mas a inquietação se dá menos pelas formas perturbadoras dos seres monstruosos e mais por um tom de pessimismo e crueza presente em todas os contos, repletos quase sempre de muita violência. Hayashi conta as histórias de um ponto de vista de um descendente nipônico e com a sensibilidade de trazer à tona personagens comuns, urbanos, cheios de nuance. Em todos os contos, esses tipos incrivelmente humanos, vão desafiar o desconhecido em busca de vantagens, prazer, ou mesmo pela simples fuga de uma realidade quase sempre muito opressora e difícil.” – Paulo Floro. | Compre: Amazon, Ugra Press.


o josue

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Ô Josué: Crônicas da Fome, de Adriano dos Anjos, Bruno Alves, Eron Villar, Lua, Fábio Paiva, Luciano Félix, Marcos Santana e Thaís Kisüki

Feirante de Quadrinhos

No ano que se completam 50 anos da morte de Josué de Castro, médico, nutrólogo e ativista do combate à fome, a HQ Ô Josué! Crônicas da Fome apresenta quatro histórias curtas inspiradas nos escritos e na vida do pernambucano. O propósito é homenagear e manter vivo seu legado, enquanto conscientiza também sobre o problema que, tragicamente, voltou a assombrar a população brasileira nos últimos anos. Para isso, as histórias fornecem um olhar crítico e arguto sobre as origens da fome e os profundos problemas sociais que ela causa. É um quadrinho que preza pela pluralidade estética e pela diversidade de artistas na sua produção, além de acenar para uma notória influência do movimento Manguebeat, que recentemente completou 30 anos. – Gabriela Agra. | Compre:


malestar

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Mal-Estar, de Antoine Maillard

Darkside Books | Tradução de Maria Clara Carneiro

Cidades pequenas, bucólicas e aparentemente acolhedoras podem esconder coisas tenebrosas. Essa é a sensação que fica ao lermos a HQ Mal-Estar, do francês Antoine Maillard, uma publicação da Darkside. Ela ganhou o prêmio de melhor história de crime no Festival de Quadrinhos de Angoulême no ano passado ao colocar nas mesmas páginas uma galeria de personagens perturbadores com os quais você não desejaria cruzar no caminho. – Alexandre Figueirôa. | Compre: Amazon, Darkside Books


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Boy Dodói, de Bebel Abreu, Carol Ito e Helô D’Angelo (org) com Bruna Maia, Ale Kalko, Carol Ito, Tai, Lila Cruz, Marília Marz, Bennê Oliveira, Cecília Marins, Vitorelo e Luiza Lemos

Bebel Books

Cansadas dos padrões de comportamento machistas e absurdos por parte dos caras com quem já se relacionaram, as quadrinistas Carol Ito, Helô D’Angelo e Bebel Abreu tiveram a brilhante ideia de criar uma HQ sobre o assunto. O resultado é Boy Dodói, coletânea que reúne onze histórias (todas reais!) sobre masculinidade tóxica, cada uma ilustrada por um artista diferente, entre mulheres e pessoas não-binárias, trazendo um recorte bastante representativo e extremamente profícuo da produção de quadrinhos nacional. Manipulação, ghosting, falta de honestidade, egocentrismo e irresponsabilidade afetiva: tudo isso se transforma em matéria prima para muita irreverência nas mãos de todo esse pessoal, que converte episódios tragicômicos em reflexões afiadas e muitíssimo bem-humoradas sobre o patriarcado. – Gabriela Agra. | Compre: Amazon, Bebel Books.


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Na Sala dos Espelhos: Autoimagem em Transe ou Beleza e Autenticidade Como Mercadoria na Era dos Likes & Outras Encenações do Eu, de Liv Strömquist

Quadrinhos na Cia | Tradução de Kristin Lie Garrubo

Em seu novo livro lançado no Brasil, a quadrinista sueca Liv Strömquist discute a beleza na era dos likes e suas implicações sociais e psicológicas. A obra é um verdadeiro tratado sobre a beleza a partir de um debate contemporâneo sobre o papel das redes na nossa relação com nossos corpos e nossa imagem. Com humor sarcástico e muita ironia, Strömquist traz uma extensa pesquisa histórica dentro de seu estilo inconfundível de unir o gênero ensaio dentro da narrativa em quadrinhos. – Paulo Floro | Compre: Amazon, Companhia das Lestras.

  • Anteriormente em Melhores do Ano: #22 em 2018 com A Origem do Mundo e #20 em 2021 com A Rosa Mais Vermelha Desabrocha.

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Pedra D’Água, de Clarice Hoffmann e Greg

Cepe HQ

Pedra D’Água, roteiro de Clarice Hoffmann ilustrado pelo desenhista Greg Vieira e editada pelo selo HQ da Companhia Editora de Pernambuco (CEPE), é uma homenagem à escritora Clarice Lispector, cuja infância e começo da adolescência foram vividos no Recife. Fruto de uma pesquisa minuciosa,a narrativa visual, de extrema delicadeza, nos atrai não só pela beleza dos desenhos, mas também pelos elementos pelos quais vai emoldurando a história. A obra confirma o talento e a criatividade dos quadrinistas pernambucanos contemporâneos. – Alexandre Figueirôa. | Compre: Cepe.


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Anarcoma, de Nazario

Veneta | Tradução de Marcello Quintanilha

As histórias de Anarcoma, personagem criada pelo quadrinista espanhol Nazario Luque Vera, apareceram no início dos anos 1980, primeiro na revista Rambla e, depois, na mais famosa publicação alternativa espanhola, a El Víbora. A travesti detetive de Nazario se tornou símbolo da libertação sexual na Espanha após o fim da ditadura franquista. A coletânea lançada este ano pela editora Veneta é uma deliciosa mistura de deboche e irreverência que não pode ser ignorada. – Alexandre Figueirôa. | Compre: Amazon, Veneta.


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Aloha, de Maco

Ed. Hipotética | Tradução de Iriz Medeiros

Ainda há muito a descobrir sobre a rica produção autoral e independente do quadrinho latino-americano. A artista uruguaia Maco é uma dessas gratas surpresas que finalmente ganham edição no Brasil. A obra é um exercício divertido que brinca com as diferentes possibilidades do quadrinho enquanto linguagem, com a personagem explorando as diferentes espacialidades da narrativa sequencial. No meio disso há ainda um tom do realismo mágico que dá uma personalidade toda especial ao quadrinho. Uma joia. – Paulo Floro. | Compre: Editora Hipotética


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Gênero Queer: Memórias, de Maia Kobabe

Tinta da China | Tradução de Clara Rellstab

A HQ de Maia Kobabe tornou-se o livro mais banido nos EUA e chegou ao Brasil em um momento muito rico de debate sobre as questões ligadas à identidade de gênero. Tudo que Maia fez foi falar de maneira aberta e honesta sobre sua não-binariedade (elu também se declara assexual). Todo o furor em torno do livro apenas evidencia as forças presentes na sociedade empenhadas em perseguir qualquer pessoa que ouse afrontar à norma cis-hetero apenas por existir. A HQ é uma autobiografia rica em detalhes, que explora elementos narrativos como dramas familiares, mas também apresenta dados e informações úteis de forma quase ensaística, sempre com um tom solar. – Paulo Floro. | Compre: Amazon, Tinta da China.


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Diamba: Histórias do Proibicionismo no Brasil, de Daniel Paiva

Brasa

A HQ de Daniel Paiva mostra as relações do proibicionismo da maconha com o racismo no Brasil. O autor realizou uma pesquisa detalhada e desconstrói as narrativas que criminalizaram a cannabis e justificam a violência contra seus usuários, sobretudo a população negra. De forma didática e criativa, com argumentos bem fundamentados e inquestionáveis, ele confronta a lógica repressiva que só favorece traficantes e as forças policiais. A leitura de Diamba é um ótimo reforço para quem deseja abraçar a lucidez, mostrando que defender a maconha não é fazer proselitismo do uso de drogas ,mas uma escolha pelo bom senso e a não-violência. – Alexandre Figueirôa. | Compre: Amazon, Brasa Editora.


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Estamos Todas Bem, de Ana Penyas

Palavras Educação | Tradução de Ivan Rodrigues Martin

Quem cuida das cuidadoras? O que sonham e pensam quem se dedicou a vida inteira a se preocupar com os outros? São essas questões que a quadrinista espanhola Ana Penyas faz no belo Estamos Todas Bem. A autora fala das suas avós, que viveram o período franquista entre 1936 e 1975, mas com sua sensibilidade e narrativa fluida, a HQ vai certamente servir para recontar a história de inúmeras outras avós. – PF | Compre: Amazon.


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17
O Combate Cotidiano, de Manu Lacernet

Pipoca e Nanquim | Tradução de Fernando Paz

Uma das maiores referências dos quadrinhos franceses hoje, Manu Larcenet estreia mais uma graphic novel no mercado brasileiro. Desta vez, O Combate Cotidiano, obra vencedora do prêmio de Melhor Álbum no Festival de Angoulême em 2004. A HQ conta a história de Marco, um jovem fotógrafo de guerra que decide abandonar o trabalho e troca a agitação da cidade grande pela tranquilidade do campo. Mas isso não quer dizer que a realidade deixe de acontecer e se impor ao seu redor. E este é o gancho perfeito para o autor fazer emergir um olhar sensível, delicado e às vezes até bem-humorado sobre a vida como ela é – com suas belezas, crises e trivialidades. Enquanto isso, o quadrinho reflete com lucidez os dilemas de uma França que hesita em confrontar seu passado e se encontra diante de um futuro incerto. Uma obra que continua ressoando para além das fronteiras do espaço-tempo. – Gabriela Agra. | Compre: Amazon, Pipoca e Nanquim.


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Más Companhias, de Ancco

Veneta

O manhwa de Ancco nos revela uma Coreia do Sul altamente repressora, violenta e, sobretudo, misógina. A HQ tem uma narrativa dilacerante e mostra todos os abusos e agressões vivenciados pela protagonista Jinju Wang. Mas é também uma obra sensível sobre amizade e resiliência, a partir da relação de Jinju com sua amiga Jeong-ae, com quem decide fugir. Os desenhos conseguem se equilibrar entre o minimalismo dos quadros, o que torna as cenas de violências duras de ler e o detalhismo dos cenários, bem realistas. Uma narrativa pesada, mas emocionante sobre adolescência. – PF | Compre: Amazon, Veneta.


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Bruxas, Minhas Irmãs, de Chantall Montellier

Veneta | Tradução de Maria Clara Carneiro

Conectando passado e futuro, Chantall Montellier recupera histórias de bruxas ao longo da história para mostrar como a repulsa ao feminino sempre pautou as violências do patriarcado em relação às mulheres. Da nossa resenha: “Chantal Montellier é uma contadora de histórias habilidosa e tem como uma de suas mais importantes características a centralidade de sua narrativa. Ela vai direto e sem rodeios naquilo que quer discutir, analisar, como se não tivesse muita paciência com tentativas vãs de relativizar sua indignação. Em Bruxas, Minhas Irmãs transparece ainda a necessidade de tornar explícito o quanto essas violências seguem vivas, com novas tintas, mas com os mesmos alvos.” – Paulo Floro | Compre: Amazon, Veneta.


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Black Orion, de Bruno Seelig

Mino

Bruno Seelig inebria nesse quadrinho altamente imaginativo que recupera diferentes referências das narrativas de aventura na cultura pop. Black Orion trabalha na estética maximalista em que tudo é hiper, sem deixar de lado a diversão e o bom domínio da narrativa. A HQ acompanha dois adolescentes em uma saga cósmica cheia de percalços que envolve alienígenas, viagens dimensionais, superpoderes (sem falar em uma segunda história contada em paralelo, que acaba se integrando à narrativa). Construído ao longo de vários anos, Black Orion também chama atenção pela arte espetacular de Seelig. – Paulo Floro | Compre: Amazon, Mino.


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Zona Fantasma, de Junji Ito

Pipoca e Nanquim | Tradução de Drik Sada

O mangaká japonês Junji Ito é certamente um dos autores estrangeiros mais populares no Brasil. Isso ficou ainda mais nítido durante sua passagem pela CCXP, onde encontrou fãs eufóricos e apaixonados por sua obra. Zona Fantasma reúne histórias recentes desse mestre do horror, que usa o espanto e a repulsa como motor criativo de suas obras. Publicado por diferentes editoras no país, praticamente todos os clássicos de Ito lançados ao longo de mais de 30 anos já ganharam edição brasileira. O que chama atenção neste livro é como o autor ainda segue inventivo e instigante dentro da sua estética, sem se repetir ou se acomodar. – Paulo Floro. | Compre: Amazon, Pipoca e Nanquim.


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12
Pente Quente, de Ebony Flowers

Veneta | Tradução de Dandara Palankof

Vencedor dos prêmios Eisner e Ignatz, Pente Quente reúne várias histórias que mostram como o cabelo é um alicerce da identidade negra. A narrativa traz desenhos expressivos e naturalistas que evidenciam o crespo como elemento definidor da autoestima das pessoas pretas. Da nossa resenha: “Ebony Flowers se apoia aqui num preto e branco que foge do clássico. Seus traços passam uma dedicação inteiramente manual à sua realização. Como se os desenhos estivessem sendo feitos em movimento, como se pudéssemos ver o lápis da artista percorrendo as linhas assim que passamos os olhos. A sensação é que cada quadrinho foi criado a partir de uma observação imediata dela, com muitos detalhes e preocupação com os cenários, o clima, as sombras ou até mesmo as divagações lúdicas que uma ou outra personagem tem.” – Matheus Nascimento. | Compre: Amazon, Veneta.


como pedra

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Como Pedra, de Lukas Iohanathan

Comix Zone

É impossível montar uma lista de melhores quadrinhos deste ano sem incluir o talentoso quadrinista potiguar radicado na Argentina Luckas Iohanathan. Neste segundo semestre, ele conseguiu um feito raro no mercado editorial ao ter duas de suas obras publicadas em um curto intervalo de tempo por editoras diferentes. Por aqui, destacamos Como Pedra, lançamento que veio pela Comix Zone. A obra apresenta uma narrativa intensa e profunda sobre miséria, maternidade e religião. A força criativa da HQ converge nos traços e no jogo de poucas cores, tão característico do quadrinista e que, neste caso, assume tonalidades de preto, branco e laranja. Um espetáculo visual comovente, que comunica uma crueza de emoções impressionantes, como poucos artistas conseguem fazer. – Gabriela Agra | Compre: Amazon, Comix Zone.


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Cisforia, de Lino Arruda e Lui Castanho

Independente

Autor do íntimo e autobiográfico Monstrans, Lino Arruda já havia colaborado anteriormente com o roteirista Lui Castanho, mas agora, em Cisforia, foi a primeira vez que eles se uniram para assinar uma obra juntos. E o resultado é uma narrativa surpreendente. É o começo de uma trilogia, ou talvez uma quadrilogia, como adiantou a dupla em entrevista à Revista O Grito!, que certamente chega para ocupar um espaço de destaque na produção autoral de quadrinhos LGBTQIA+. Neste primeiro volume, fica evidente a inventividade da dupla em contar histórias e criar um universo coeso e ricamente detalhado. Com pitadas ácidas de humor, a HQ é um ponto fora da curva na ficção científica, explorando uma abordagem distópica que desafia as estruturas de gênero e se intersecciona com outras discussões igualmente complexas, como o racismo. – Gabriela Agra. | Compre: Site do autor.


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Em Ti Me Vejo, de Regi Braz e Marília Marz

Conrad

Estreando em volume único e impresso, a HQ Em Ti Me Vejo discute temas como racismo, padrões de beleza e pertencimento a partir da relação com o cabelo. A inspiração para o quadrinho veio da própria trajetória pessoal da autora Regiane Braz, que, através da personagem fictícia Jaha, recria os caminhos e encruzilhadas que a levaram à transição capilar, desde a infância até a fase adulta. A colaboração da roteirista com a ilustradora e quadrinista Marília Marz resulta em uma obra poderosa sobre uma jornada comovente de autodescoberta, ou mais precisamente, de redescoberta. Sempre lançando um olhar cuidadoso aos detalhes, os desenhos proporcionam uma perspectiva atenta e sensível às novas experiências e sentimentos, bem como a diversidade de cabelos, do cacheado ao crespo. Em entrevista à Revista O Grito!, as autoras contaram que a expectativa é que mais mulheres possam se identificar com a história e refletir sobre os fatores por trás do alisamento. – Gabriela Agra. | Compre: Amazon, Conrad.


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Damasco, de Lielson Zeni e Alexandre S. Lourenço

Brasa

E se você deixasse tudo para trás e desaparecesse? Essa indagação tão assustadora quanto sedutora é o mote da HQ Damasco, de Lielson Zeni (texto) e Alexandre S. Lourenço (desenhos). Com um roteiro bem amarrado e diálogos que correm fluidos, a obra conta ainda com uma arte sóbria e elegante, que explora as diferentes possibilidades narrativas da linguagem dos quadrinhos, com destaque para o uso dos requadros, os espaços em branco e o uso de repetições. A HQ carrega um argumento anticapitalista, mas traz uma jornada pessoal tão difícil e tão bem contada que nos conecta de uma maneira impressionante. – Paulo Floro. | Compre: Amazon, Brasa.


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Patos, de Kate Beaton

WMF Martins Fontes | Tradução de Caroline Chang

Uma HQ para se revoltar e se emocionar, Patos, de Kate Beacon fala das condições brutais de trabalho nos campos de petróleo canadenses (extração do petróleo cru de areias betuminosas, um dos tipos mais danosos e perigosos que existem). Com uma narrativa leve, mas precisa, que também faz uso do humor, Beaton traz ainda um alarmante recorte de gênero para falar da desigualdade entre homens e mulheres e a violência sexual nesses locais. A obra fez enorme sucesso quando saiu nos EUA e este ano ganhou dois prêmios Eisner. – Paulo Floro | Compre: Amazon, WMF Martins Fontes.


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Efeito He-Man, de Box Brown

Mino | Tradução de Dandara Palankof

Box Brown desmonta os chamativos e sedutores valores americanos a partir de suas contradições neste livro em que reconta como a indústria dos brinquedos manipulou corações e mentes ao redor do mundo a partir de um uso pouco ético da publicidade. A narrativa fala da estratégia de marcas famosas como a Mattel, mas seu escopo maior é discutir sobre como o sistema capitalista outorga para as corporações o papel de mediar nossos desejos e emoções, sem se preocupar com os danos causados. Brown é hoje um dos maiores nomes do jornalismo em quadrinhos e o fato de sua obra ser regularmente publicada no Brasil é algo a se comemorar. – Paulo Floro | Compre: Amazon, Mino.

  • Anteriormente em Melhores do Ano: #17 em 2019 com Cannabis – A Ilegalização da Maconha nos Estados Unidos e #23 em 2020 com Tetris.

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Saga Vol. 10, de Brian K. Vaughan e Fiona Staples

Devir | Tradução de Marquito Maia

Aguardada por anos, o retorno de Saga, a epopeia espacial de Brian K. Vaughan e Fiona Staples, fez valer a espera. Após os acontecimentos do capítulo 9, que deixaram os fãs em estado de tensão, a obra parece dar um novo respiro para uma espécie de retomada. A space opera segue sendo uma das séries mais instigantes de se acompanhar no mercado norte-americano hoje por sua capacidade de prender a atenção, personagens ricos e complexos, inventividade nos conceitos retrofuturistas, os cenários incrivelmente detalhados de Staples e diálogos bem construídos de Vaughan. Quem ainda não acompanha a série, é um excelente momento para maratonar. – Paulo Floro | Compre: Amazon, Devir.


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O Segredo da Força Sobre-Humana, de Alison Bechdel

Todavia | Tradução de Carol Bensimon

Alison Bechdel é uma das autoras de quadrinhos mais conhecidas do mundo e uma das poucas que conseguem atingir o status de artista popular fora do seu meio, sendo um best-seller de livros nos EUA. Em O Segredo da Força Sobre-Humana, a autora abre novamente sua intimidade para contar um pouco dos bastidores de sua vida desde que tornou-se um nome conhecido na cultura. Mas, desta vez, a autora de Fun Home fala de sua vida pessoal a partir de sua relação com os exercícios físicos. Da nossa resenha: “Como em suas outras obras, a investigação pessoal de Bechdel é um veículo para discussões mais amplas e coletivas. Ao fazer uma HQ sobre sua relação com os esportes e exercícios, ela também traça um panorama histórico de como a sociedade ocidental evoluiu na busca de um corpo saudável. O que Bechdel também deixa claro é que falar de nossa relação com o corpo é também falar de relações humanas e de como nos relacionamos com o nosso entorno. O que, em certa maneira, desconstrói a noção clichê do exercício como uma prática prioritariamente individualista.” – Paulo Floro | Compre: Amazon, Todavia.


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As Muitas Mortes de Laila Starr, de Ram V e Filipe Andrade

Devir | Tradução de Marquito Maia

Esta divertida HQ traz uma premissa criativa: a humanidade irá conhecer a imortalidade até que o criador da imortalidade renasça. E isso faz com que a avatar da Morte seja exilada na Terra para experimentar a vida como uma mortal. Ela acaba encarnando no corpo de uma jovem que acaba de morrer, Laila Starr. Toda ambientada em Mumbai (e lindamente ilustrada por Filipe Andrade), essa HQ discute questões transcendentais interessantes, sem deixar de lado todo o dinamismo da narrativa de ação. O final, sensível e complexo, leva a reflexões interessantes. – Paulo Floro. | Compre: Amazon, Devir.


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Monica, de Daniel Clowes

Nemo | Tradução de Érico Assis

Sete anos depois de seu último quadrinho, Paciência, Daniel Clowes retorna com uma obra que é pessoal e universal, com elementos que entrelaçam diferentes temáticas de sua obra. Não é de se estranhar, portanto, que esse livro tenha sido alardeado como a obra-prima de Clowes pela imprensa norte-americana. Monica acompanha a protagonista homônima desde antes de seu nascimento, passando por sua infância conturbada ao lado de sua mãe até sua vida adulta quando tenta encontrar sua genitora, que acabou integrada a uma seita maluca. Clowes faz uma homenagem aos diferentes estilos que fizeram sucesso nos quadrinhos ao longo das décadas, como as narrativas de guerra, os gibis de horror, aventuras cósmicas, etc, sempre buscando trazer referências reconhecíveis desses universos ao mesmo tempo que os subverte para dar mais verniz à sua história principal. É uma HQ complexa, cheia de camadas, mas contada de uma maneira tão bem amarrada que é impossível se desvencilhar da história desde os primeiros momentos. Isso se dá também pelo talento de Clowes em criar personagens falhos, porém cheios de magnetismo. Um dos melhores contadores de história que temos. – Paulo Floro | Compre: Amazon.

  • Anteriormente em Melhores do Ano: #2 com Wilson em 2012 e #3 com Paciência em 2017.

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O Grande Vazio, de Léa Murawiec

Comix Zone | Tradução de Fernando Paz

Escrever sobre o agora é sempre difícil. E esse é um dos principais feitos do trabalho da francesa Lea Murawiec em O Grande Vazio. Ela consegue captar as inquietações trazidas pela nossa relação com as redes sociais a partir de um trabalho altamente inventivo na forma e no conteúdo. Uma epopeia febril que abusa de planos e angulações absurdas, distorções espaciais e quebra de convenções narrativas para falar de um mundo em que todos precisam ser lembrados a todo momento. Nesta cidade colossal e opressora, o horizonte é bloqueado por milhares de nomes, todos carentes de atenção. Sobreviver aqui significa ser lembrado. Ser esquecido te leva para o Grande Vazio do título, um espaço assustador de onde ninguém jamais voltou. Da nossa resenha: “Tentar relacionar a narrativa de Léa Murawiec com a dinâmica das redes sociais atuais pode soar apressado em um primeiro momento, pois a trama é repleta de nuances. Vale mais a pena desfrutar todas as possibilidades de seu discurso do que tentar ancorá-la em uma problemática muito localizada. O Grande Vazio tem uma premissa que é também atemporal, pois discute a própria noção de sociedade, de pertencimento e da dinâmica das relações humanas.” – Paulo Floro. | Compre: Amazon.

Leia mais: Melhores de 2023