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Foto: Divulgação.

Vital Farias: o Poeta do Cariri paraibano e seu legado imortal

O músico, que morreu aos 82 anos no início do mês, era conhecido por trazer o imaginário do nordeste em seu cancioneiro

Na última semana, no dia 6 de fevereiro, a música brasileira perdeu um de seus mais brilhantes poetas: Vital Farias. Nascido em Taperoá, no Cariri paraibano, o compositor, cantor e poeta deixou uma marca profunda na cultura nordestina e na Música Popular Brasileira, consolidando-se como uma das vozes mais autênticas da nossa canção. Sua partida nos priva de sua presença física, mas sua obra permanece viva, ecoando nos corações de quem ama a poesia e a musicalidade do sertão nordestino.

Vital Farias foi um artista singular, dono de uma escrita sofisticada, repleta de imagens poéticas e críticas sociais. Sua trajetória é inseparável da geração que revitalizou a música nordestina nos anos 1970 e 1980, ao lado de nomes como Elomar, Xangai e Geraldo Azevedo. Seu álbum Vital Farias (1978) marcou o início de uma carreira brilhante, mas foi com Taperoá (1980) e Cantoria (1984), projeto ao lado de Elomar, Xangai e Geraldo Azevedo, que consolidou sua importância no cenário nacional.

Entre suas composições mais icônicas, está “Saga da Amazônia”, uma canção de tom épico que denuncia a destruição da floresta e a exploração dos povos indígenas. A música, interpretada por diversos artistas, tornou-se um hino da consciência ambiental. Outra obra marcante é “Veja (Margarida)”, uma canção de lirismo puro que ganhou projeção na voz de Elba Ramalho, tornando-se um clássico do cancioneiro popular brasileiro.

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Vital Farias (Foto: Reprodução Facebook)

Vital Farias era um poeta do povo, um trovador moderno que resgatava as raízes da cantoria nordestina e as projetava para além das fronteiras do sertão. Sua música transcende o tempo e continua a inspirar novas gerações de músicos e poetas que enxergam no Nordeste um manancial inesgotável de histórias, ritmos e sentimentos.

Ao lembrarmos de sua trajetória, celebramos um artista que nunca se curvou às convenções da indústria, mantendo-se fiel à sua essência e ao compromisso com a arte autêntica. Seu legado permanece vivo nas vozes de intérpretes como Elba Ramalho, Xangai, Geraldo Azevedo e tantos outros que ajudaram a levar sua obra ao grande público. Como um bom nordestino, Vital resistiu e resistirá através de seus versos em busca de um Brasil que não se prenda as fronteiras regionais e consuma a sua produção interna no que diz respeito à música, teatro, cinema e literatura.

O Cariri paraibano perde um filho ilustre, mas o Brasil ganha uma obra eterna. Vital Farias partiu, mas suas canções, suas palavras e seu espírito continuam entre nós, como um vento forte que sopra do sertão, espalhando poesia e resistência por toda essa república federativa.

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