A produção artística de Humberto Magno (1954-2021) ganha destaque em uma exposição póstuma no Museu Regional de Olinda. Intitulada Artista-Reincidente Humberto Magno: Vestígios de Estranha Civilização, a mostra inaugura nesta quinta-feira (30), às 18h, e apresenta 25 obras inéditas em isopor, material que o artista utilizou em uma pesquisa plástica desenvolvida ao longo de três décadas.
A exposição integra o circuito Da Casa-Ateliê de Artistas-Etcétera ao Agora: Duas Gerações, Quatro Desdobramentos, que celebra os 40 anos do Ateliê Iza do Amparo e conta com incentivo do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura).
A curadoria da exposição é assinada por Ana Gabriella Aires, que, em conjunto com o artista Paulo do Amparo, filho de Humberto Magno, realizou um trabalho de pesquisa e resgate das obras do artista. Para ela, a experimentação de Magno com o isopor revela uma relação inusitada com o material, geralmente visto como descartável.
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“O artista investiu na relação com esse material tão efêmero, sem valor comercial, e que impressiona, mesmo enquanto peça de arte, ter resistido, ainda que, ironicamente, o isopor seja conhecido por sua longa decomposição na natureza”, explica a curadora.
Ana Gabriella também destaca que a proposta da exposição não se preocupa em classificar as peças como pinturas expandidas ou esculturas, mas sim em evidenciar o modo como Magno transformou objetos descartáveis em arte.
“Humberto Magno fez de diversas peças descartáveis, possível lixo, interessantes objetos estranhos que carregam vestígios de nossa civilização. Há, ainda, traços do urbanista, do pintor, do artista que quis guardar consigo um tanto da cidade, da paisagem em ruína”, acrescenta.
Natural de Garanhuns, Humberto Magno iniciou sua trajetória artística como pintor e urbanista formado em Salvador, onde começou a trabalhar com murais. Em 1981, mudou-se para Olinda com a artista Iza do Amparo, com quem fundou o Ateliê Iza do Amparo, um espaço de experimentação artística e convivência que se tornou referência na cena cultural do Sítio Histórico da cidade.
Magno participou ativamente do movimento artístico pernambucano, integrando um grupo que, segundo o curador Raul Córdula, “contestava o status quo da elite da arte no Recife”, ao lado de nomes como Rodolfo Mesquita, Jairo Arcoverde, Ney Quadros e Roberto Amorim.
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Em vida, o artista raramente expôs sua produção em isopor. Em 2015, algumas dessas obras foram apresentadas na mostra Permanência da Arte, realizada na casa do artista Luciano Pinheiro, em Olinda. Segundo Pinheiro, Magno tinha “mania de se esconder, de não mostrar muito do seu trabalho”, como registrado em texto do artista plástico José Cláudio na Revista Continente.
A última exposição dedicada ao trabalho do artista ocorreu em 2019, na Arte Plural Galeria, como parte da mostra Vidas Paralelas, Olhares Dissonantes, sob curadoria de Raul Córdula. Na ocasião, foram exibidas pinturas em guache sobre papel, que haviam sido guardadas por Magno por muitos anos.
A mostra dedicada a Humberto Magno é a terceira do circuito Da Casa-Ateliê de Artistas-Etcétera ao Agora: Duas Gerações, Quatro Desdobramentos, projeto que celebra a trajetória do Ateliê Iza do Amparo e seus integrantes. As duas primeiras exposições apresentaram trabalhos de Paulo do Amparo e Catarina DeeJah, filhos de Magno e Iza.
Serviço:
Onde: Museu Regional de Olinda (Rua do Amparo, 128, Sítio Histórico de Olinda)
Abertura: 30 de janeiro, das 18h às 21h
Visitação: até 22 de fevereiro
Horários: terça a domingo, das 10h às 16h (monitoria de quinta a domingo, das 14h às 16h)