A amazonense Olivia de Amores traduz sua jornada de amadurecimento no álbum visual Não É Doce, trabalho que conta, além de um disco digital, videoclipes, um curta-metragem e até mesmo um videogame. Com uma pegada suja, com ecos do rock noventista, trata-se de uma estreia interessante de um dos nomes mais promissores da cena independente do Norte.
Segundo Olívia, a base para as canções foram as experiências dolorosas vivenciadas em sequência: a morte da bisavó e uma das principais bases familiares, de uma amiga e o término de um longo namoro foram os impulsos para questionar seus rumos, se trancar em estúdio com o produtor Bruno Prestes, aprender novos instrumentos e começar a trabalhar em suas canções.
O disco tem uma abordagem interessante das canções românticas pop, com letras amargas embaladas por uma estética amena e fofa, o que quebra expectativas (caso das ótimas “Segunda-Feira” e “Sankyu”). Em outros momentos temos uma proposta mais convencional e dançante do pop como em “Só Vamo”, cheia de reminiscências sobre um relacionamento. É legal ver como a parte final do disco traz uma busca mais experimental, caso de “Janela Remota” e “Mana”, o que mostra que Olívia de Amores ainda tem muito potencial quando eventualmente maturar sua voz própria dentro do pop brasileiro.
OLÍVIA DE AMORES
Não é Doce
[Independente, 2020]
- Duda Beat volta mais refinada e dançante em “Tara & Tal”
- Pabllo Vittar aumenta o tom da homenagem, mas mantém sua marca em “Batidão Tropical Vol. 2”
- Ana Luísa Ramos dá protagonismo aos vocais em “Solaris”
- Cynthia Luz busca maturidade em “Ciclo Vicioso”
- Sofia Freire ilustra as inquietações da mente no experimental “Ponta da Língua”