O ÉPICO COMPUTADORIZADO
Luta dos cavalheiros Jedis para evitar que a República Galática caia nas mãos do lao negro da força em versão animada, mantém intacta a grife dos filmes produzidos por George Lucas
Por Lidianne Andrade
STAR WARS: THE CLONE WARS
Dir. Dave Filoni
[Warner Bros, 2008]
A lenda Star Wars, formadora de uma legião de fãs com a série entre as décadas de 70 e 80, nunca deixou de dar lucros e vender produtos. Quadrinhos, revistas, fantasias, além, claro, da trilogia lançada nos cinemas em 2002. Na última sexta-feira os fã ganharam um aperitivo para matar a saudades, com a estréia do longa animado Star Wars: The Clone Wars, união de três capítulos da nova série de TV, a ser exibida nos Estados Unidos a partir de setembro pelo canal Cartoon Network, mas ainda sem data fixada para o Brasil.
O filme funciona como uma espécie de “episódio 2 e meio”, situada entre O Ataque Dos Clones (2002) e Vingança Dos Sith (2005). A animação por computação gráfica não deve levar as famosas ovações dos fãs, pois muito da obra original se perdeu, mas vai divertir bastante. Na trama, os jedis são convocados para salvar o filho de Jabba, Hutt, seqüestrado por forças separatistas lideradas pela guerreira Sith Ventris. Anakin Skywalker é o comandante do resgate, e responsável também pela trama paralela que vai dar uma gracinha ao filme para os não iniciados na série: fará o resgate ao lado de sua padawan Ashoka, uma futura Jedi que receberá suas instruções e ensinamentos, além, claro, de conquistar o gato. Em jogo, está a passagem livre de tropas pelo território controlado por Hutt.
Diferente dos antigos longas, os não-iniciados na trama podem se divertir um pouco nos 90 minutos de exibição. A direção acrescentou mais camadas à complexa, às vezes ininteligível, trama política que sempre permeou os rumos de Star Wars. Além da paquerinha entre Jedis, o humor alienígena permeia o ambiente, com tiradinhas divertidas sobre andróides burros e superação da raça masculina diante da suposta fraqueza feminina para a guerra.
Como curiosidade, a maioria dos personagens presentes no filme já tinha sido interpretada por atores de carne e osso, no entanto, a maioria deles (como Ewan McGregor, Natalie Portman e Hayden Christensen) não quis emprestar a voz para a animação. Somente Samuel L. Jackson, Christopher Lee e Anthony Daniels dublam nesta versão animada os personagens interpretados por eles nos filmes originais (Mace Windu, Conde Dookan e C-3PO, respectivamente). Pela primeira vez em um filme da série, Frank Oz não empresta sua voz para o mestre jedi Yoda, que desta vez é dublado por Tom Kane.
Em qualidade de estúdio, Star Wars-The Clone Wars deixa a desejar, com detalhes inacabados como a rigidez das cabeleiras dos personagens, mesmo em cenas de batalha, elevando o valor do longa pelo seu teor histórico, ser a primeira animação de Star Wars para o cinema, sem comparações com casos bem sucedidos da Pixar (deixa uma leve sensação de “poderia ter sido melhor”…).
Se não pela história, ainda há uma excelente trilha sonora e efeitos especiais para vidrar os olhos nas cenas de ação, com solos de guitarra e armas potentes e explosões, tudo energicamente sincronizado, colocando muitos desenhos com temática de batalhas no chinelo. Duelos de sabres de luz, conspirações, personagens clássicos, batalhas espaciais, humor: a supervisão de George Lucas, produtor-executivo, garante tudo em seu devido lugar. Não há perigo do filme não agradar: a edição televisiva já ganhou três Emmys (o Oscar da televisão americana) e foi aclamada pelos fãs. E, se estes não gostarem da trama, pelo menos vai render bonecos ótimos para kits de lanchonete: Ahsoka tem traços semelhantes há uma tigresa e R2 é uma graça.
NOTA: 8,0